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Sunday 3 December 2023

DO PARADOXO BRASILEIRO

 DO PARADOXO BRASILEIRO

 

O maior mistério de entender alguma coisa no Brasil é quando se diz uma coisa mas o sentido é exatamente o contrário, para ou não dizer nada ou para chegar à conclusão inicial. E no final esperar que os eventos confirmam o contraditório do esperado e entendido exatamente oposto à realidade virtual que vimos pelos olhos da história.

 

Pode se falar em confusãmental. Ou em paradoxo brasileiro que tantos excelentes escritores tentaram desvendar. Ou com livros extensos e intensos, ou com frases de efeito, ou com poesias maravilhosas que se transformaram em música cujas melodias são uma poesia e cujas letras são melodia que transborda pelas almas e corações.

 

É um país lindo. A mistura da beleza de pessoas com belezas naturais, uma mistura de encanto que supera todas as demais mazelas do dia a dia e dos anos e séculos.

 

O charme que se produz até nos governantes, suplanta uma realidade que a racionalidade política e até geopolítica confunde e produz uma nuvem de quase fata Morgana. Uma imagem irreal que passa a ser, de tão repetida, às vezes até aceita como verdade.

 

Estamos convencendo a nos próprios em primeiro lugar;  assim se pode convencer os outros, de que somos uma sociedade preocupada com o futuro do planeta e totalmente dedicada à luta pelas mudanças climáticas. A Amazônia está no nosso coração e é nossa. Se Jeff Bezos achar que pode usar esse nome maravilhoso sem nos pagar os royalties, que  se cuide. Em 1992 organizamos a mais importante conferênciamundial sobre o assunto, criamos o Ministério de meio ambiente, reduzimos o desmatamento e enviamos para Dubai na conferência de meio ambiente , COP, a próxima será no Brasil, mais de 1500 cidadãos liderados pelo próprio Presidente da República , a delegação mais numerosa da reunião. Tem brasileiro em todos os cantos dizendo que somos um país que cuida do meio ambiente mais do que qualquer outro. E  prometemos que seremos good boys nessa área por secula seculorum.

 

 no meio de festa aparece uma cidade chamada Maceió, que está afundando. Sessenta mil famílias foram removidas e, quando você olha as fotos das casas abandonadas, tem a tida impressão de que está olhando para Allepo na Síria. E a boa notícia é que o afundamento é 1 cm por hora e não mais 2.5 como há alguns dias atrás. Tem mais boa noticia: o Congressso nacional, mesmo no fim da semana, no mês de dezembro, vai organizar uma Comissão parlamentar de inquérito, CPI, e pedir dinheiro para o governo federal para ajudar a resolver o problema.

 

O Brasil é hoje e há muito tempo governado pelos políticos de Alagoas que há 18 anos não sabiam que a capital do seu estado estava afundando, mas sabem como organizar a vida brasileira.

 

Atrás do afundamento da cidade de Maceió, e nem o longe, há as tragédias de Mariana e Brumadinho. Serra do Curral em Minas. Mortes e devastação que estão como as feridas abertas até hoje sem saber quando será fechada essa dor. No meio dessas histórias ainda há garimpo ilegal, o maior madeireiro ilegal preso, mas sem se saber quando foi julgado e as manchas de óleo no mar que mancharam as praias do Nordeste e ninguém disse com clareza de onde vieram. Provavelmente foi a chuva.

 

petróleo é nosso futuro e então explora-lo na Margem equatorial é mais do que lógico e mais lógico ainda é informar ao mundo no meio daConferencia de Dubai que nos vamos nos  associar como observadores à OPEP, cartel do petróleo, para convencê-los de que estão errados, porque o petróleo já era e vamos usar mais fontes alternativas. Por sinal, o que Brasil, com o ethanol por exemplo, de fato tem.

 

E no vai e vem, é fantástica leitura de relatórios de empresas envolvidas em todos os desastres, há muitos mais do que os mencionados acima, sobre o cuidado que têm com o meio ambiente. Todas elas são privadas, com fundos de investimentos estatais como acionistas. Estão na bolsa de valores, sujeitas teoricamente a uma transparência sem par. E tem mais, nenhum cliente delas, em países que assinam acordos internacionais que os obrigam respeitar o meio ambiente, se incomoda com perdas de vidas no Brasil e toda a destruição que foi e está sendo provocada. 

 

No fundo, por que os gringos vão se incomodar, se a justiça, políticos, empresários  e governos, todos brasileiros não se incomodam e não resolvem?

 

Parece que o paradoxo entre dizer, pensar e fazer nessa área é um sonho de verão, que com as chuvas, por sinal mais um para somar na lista doque nos espera, desaparece. Mas, aí vem as queimadas.

 

Oh espelho meu, tem alguém mais bonito do que eu?

 

Stefan Bogdan BARENBOIM ŠALEJ

6.12.2023.

 

 

 

 

 

Tuesday 25 July 2023

 OF EUROPEAN NEOCOLONIALISM AND THE EU MERCOSUR AGREEMENT

 

An agreement between the European Union and Mercosur, of which Brazil is the main partner, only has value for Brazilian society if it produces results in our social and economic development. Europeans take good care of themselves, but we need to be convinced that there will indeed be tangible benefits for Brazil. And recent studies by IPEA and an independent think tank from Germany, show the opposite.

 

What is on the table and was negotiated by the liberals of Paulo Guedes in the Bolsonaro government creates an economic imbalance between the future of development, not theoretically of the two blocks, but of the increase in income and social improvement of the populations of the countries of the two blocks. Making a long story short, Europe will grow more at the expense of the increase in our technological, service and industrial dependence. Europeans, who are already the largest investors in Mercosur, and special in Brazil, are also the largest recipients of dividends and beneficiaries of protected access to the Brazilian market. And the biggest beneficiaries of a jaboticaba system of public concessions.

 

European companies are rare in Brazil, in fact what confirms the rule, which belong to the world class of production. Or that they introduce in Brazil the latest technologies in their services. Or that they equal their management standards to the level of requirements in the environmental area or in management transparency and apply ESG equal to what they do in Europe. Here are also second-tier products, see for example the automobile industry, where it is the Chinese who lead the race for more efficient cars in Brazil, and with the quality, the recall is a daily act, different from European standards.

 

In the area of concessions and telecommunications services, as well as in financial services, the champions of complaints at Procon are European companies. To this is also added the fact that many of them, as in the case of Cassino, owner of Pão de Açúcar, theoretically do well in Brazil, but sustaining management errors in the headquarters with high profits in Brazil.

 

Of course, the business scenario is not as pessimistic as the one described above, but the agreement between the two blocks also does not guarantee that we will have an investment growth and a technological re-adequacy of our economy. In fact, the studies that exist do not prove that, in addition to greater commercial flow, we will have a qualitative growth in our development. The forecast of IPEA is that GDP will practically not grow and that deindustrialization will be brutal. The opening of the market will not be the same, for the simple reason that, if we do not improve the technological stage of our industries and reduce Brazil cost, we have little to export to the EU other than agricultural products that have more limitations and restrictions than incentives. Try to export industrialized coffee to Europe to displace Germany as the largest exporter of industrialized coffee, to see what happens. Or how are you going to export machines from a technologically strangled industry? By the way, for how much of the industry do we have stock and technological control in Brazil?

 

An agreement of this nature, whose negotiation is based on the analog economy and is being designed for an AI and digital economy, should be based on our vision of the future and its respective development project. Brazil 2050. And we don't have that.

 

The EU missed the step in the negotiations and to say that our cultural ties should be the basis for the agreement is to tell us that we should be grateful to the Europeans who eliminated the Indians to plunder the continent and continue paying the tithe. Either we find a proposal for development as much as possible egalitarian, and of reciprocal future gains, or what has been negotiated so far will be a victory for Pyrrhus, leading the country to a worse situation than the one we have today.

 

The EU's announcement to help the 33 countries of Latin America and the Caribbean with 45 billion euros over a few years, i.e. approximately 1.5 billion per country, is to cover the sun with a sieve. Or more or less, one deceives me that I like it. And where Europeans want to invest, the results will be meager or insignificant for social development.

 

Europe really needs this agreement, it needs less demanding and growing markets, but it wants everything and gives little. The EU does not recognize our ingenuity in the area of energy, especially ethanol, nor in agriculture, forest management and in the area of cellulose. We also have certain skills where we are competitors. But, in macroeconomic terms, we do not have a clear idea of how we develop, how we will face the new technological challenges, social challenges and employment, and how we will move from the frame of an agricultural and mineral power, to one of integrated power. And Europeans, which is understandable, take advantage of this. Our luck is that the greed to always want more and continue to see on the continent (where we still have European colonies such as French Guaina, Holanesian Antilles) a dairy cow that helps to sustain their economies, leads to the postponement of the negotiations and reflections that brake the agreement.

 

That we have to understand each other better and increase our ties in all fields, there is no doubt. But doubt kills, if we don't know what we want and the two parties understand that winning wins also requires moments to give in. In fact we have more in common than less, we have an excellent trajectory of cooperation and business, but we need to turn this into a partnership of equals aiming at a different world in the future.

 

The agreement, as it is patched after twenty years, is simply a disaster for the Mercosur countries. Whoever signs it on this side of the Atlantic, will go down in history as a gravedigger of the country's development.

 

https://drive.google.com/file/d/1xCuMccT2rUISnqts5ZBXF7vxgapEWYZf/view? Usp=drivesdk

 

Friedrich Ebert Stiftung,2021

 

https://drive.google.com/file/d/1qqpFgbf-_Ig3wIiNHv2LxwH8A1riXn-J/view? Usp=drivesdk

 

IPEA conjuncture letter, July 2023.

Monday 24 July 2023

 DO NEOCOLONIALISMO EUROPEU E O ACORDO MERCOSUL UE

 

Um acordo entre União Europeia e Mercosul, do qual o Brasil é principal sócio, só tem valor para a sociedade brasileira se produzir resultados no nosso desenvolvimento social e econômico. Os europeus cuidam bem de si próprios, mas nós precisamos que estar convencidosde que haverá de fato benefícios tangíveis para Brasil. E recentes estudos de IPEA e um think tank independente da Alemanha, demonstram o contrário.

 

O que está na mesa e foi negociado pelos liberais do Paulo Guedes no governo Bolsonaro cria um desequilíbrio econômico entre o futuro dodesenvolvimento, não teoricamente dos dois blocos, mas do aumento darenda e melhoria social das populações dos países dos dois blocos. Making long story short, Europa vai crescer mais às custas doaumento da nossa dependência tecnológica, de serviços e industrial. Os europeus, que já são os maiores investidores no Mercosul, e espeficiamnte no Brasil, são também os maiores receptores de dividendos e beneficiários do acesso protegido ao mercado brasileiro. os maiores beneficiários de um sistema jaboticaba de concessões públicas.

 

São raras as empresas europeias no Brasil, aliás o que confirma a regra, que pertencem à classe mundial de produção. Ou que introduzem no Brasil as últimas tecnologias nos seus serviços.Ou que igualam seus padrões de gestão ao nível de exigências na área ambiental ou na transparência de gestão e aplicam ESG igual ao que fazem na Europa.Por aqui andam ainda produtos de segunda linha, veja por exemplo a indústria automobilística, onde são os chineses que lideram corrida para automóveis mais eficientes no Brasil, e com qualidade, recall é um ato diário, diferente dos padrões europeus.

 

Na área das concessões e serviços de telecomunicaçõescomo tambémnos serviços financeiros, as campeãs de queixas no Procon são as empresas europeias. A isso se junta também o fato de muitas delas, como foi caso de Cassino, dona de Pão de Açúcar, teoricamente vão bem no Brasil, mas sustentando erros de gestão nas matrizes com altos lucros no Brasil.

 

Claro que o cenário empresarial não é tão pessimista como descrito acima, mas o acordo entre os dois blocos também não garante que nós vamos ter um crescimento de investimentos e uma re-adequação tecnológica da nossa economia. Na verdade, os estudos que existem não comprovam que, além de maior fluxo comercial, nos vamos ter um crescimento qualitativo no nosso desenvolvimento. previsão do IPEA é que PIB praticamente não vai crescer e que a desindustrialização será brutal. A abertura do mercado não será igual, pela simples razão que, se não melhorarmos estágio tecnológico de nossas indústrias e reduziríamos custo Brasil, temos pouco a exportar para UE a não ser produtos agrícolas que têm mais limitações e restrições do que incentivos. Tente exportar café industrializado para Europa para desbancar Alemanha como maior exportador de café industrializado, para ver o acontece. Ou como vai exportar máquinas de uma indústria estrangulada tecnologicamente? Aliáspara quanto da indústria seuqer temos o controle acionário e tecnológico no Brasil?

 

Um acordo dessa natureza, cuja negociação tem sua base na economia analógica e está sendo projetado para uma economia de IA e digital, deve ter a base na nossa visão de futuro e do seu respectivo projeto de desenvolvimento. Brasil 2050. E isso nos não temos.

 

A UE perdeu o passo nas negociações e dizer que nossos laços culturais devem ser a base para o acordo é nos dizer que devemos ser gratos aos europeus que eliminaram os índios para saquear o continente e continuar pagando o dízimo. Ou achamos uma proposta de desenvolvimento tanto que possível igualitária, e de ganhos futuros recíprocos, ou então o que foi negociado até agora será uma vitória de Pirro, levando o país a uma situação pior do que a que temos hoje.

 

O anúncio da UE de ajudar aos 33 países da América Latina e Caribe com 45 bilhões de euros ao longo de alguns anos, ou seja aproximadamente 1 bilhão e meio por país, é tapar o sol com a peneira.Ou mais ou menos, um me engane que eu gosto. E onde os europeus querem investir, os resultados serão pífios ou insignificantes para o desenvolvimento social.

 

Europa precisa muito desse acordo, precisa de mercados menos exigentes e em crescimento, mas quer tudo e dá pouco. UE não reconhece nem nossa engenhosidade na área de energia, espeficiamnte etanol, nem na agricultura, no manejo florestal e na área de celulose.bNos também temos certas competências onde somos concorrentes. Mas, em termo macroeconômicos, não temos uma ideia clara de como nos desenvolvemos, como enfrentaremos os novos desafios tecnológicos, os desafios sócias e emprego, e como sairemos da moldura de uma potência agrícola e mineral, para uma de potência integrada. E os europeus, o que é compreensível, se aproveitam disso. A nossa sorte é que a ganância de querer sempre mais e continuar vendo no continente (onde ainda temos colônias europeias como Guaina Francesa, Antilhas Holanesas) uma vaca leiteira que ajuda sustentar suas economias, leva ao adiamento das negociações e reflexões que freiam o acordo.

 

Que temos nos entender melhor e incrementar nossos laços em todos os camposnão há dúvida. Mas a dúvida mata, se não soubermos o que queremos e as duas partes entenderem que ganha ganha também requer momentos de ceder. De fato temos mais em comum do que menos, temos uma trajetória de cooperação e negócios excelente, mas precisamos transformar isso numa parceira de iguais visando um mundo diferente no futuro. 

 

O acordo como está remendado depois de vinte anos, é simplesmente um desastre para os países de Mercosul. Quem o assinar deste lado do Atlântico, ficará na história como coveiro de desenvolvimento do país.

https://drive.google.com/file/d/1xCuMccT2rUISnqts5ZBXF7vxgapEWYZf/view?usp=drivesdk

Friedrich Ebert Stiftung,2021

 

https://drive.google.com/file/d/1qqpFgbf-_Ig3wIiNHv2LxwH8A1riXn-J/view?usp=drivesdk

Carta conjuntura IPEA, julho 2023.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sunday 9 July 2023

 DO FOGO LENTO NA FRANÇA E ONDE MAIS

 

Saímos de Paris sãos e salvos. Salvos de quê? Do caos que não nos atingiu numa semana em St. Germain des Près. Não vi um distúrbio a não ser na TV. O único aborrecimento ocorreu na saída da Ópera de Paris Bastille, às 11 horas dnoite, quando o transporte público havia sido suspenso táxi que nos atendeu se perdeu e o motorista  que insistia falar num inglês difícil de entender, nós pedindo para falar francês, se exaltou e nos chamou de racistas. Voilà.

 

Mas, ter escapado à desordem que atingiu a França não diminui o medo que envolveu o país. É mais por milagre que por competência que não houve mais mortes. E que a situação ficou sob controle. Mas ficaram feridas e situações longe de serem resolvidas. A justiça funcionou de uma forma rápida. Os jovens foram julgados com ato sumárioou seja,em 30 minutos o juíz declarava a sentença, na maioria das vezes serviço comunitário, mas também detenção quando comprovado o ato de vandalismo. As seguradoras estão examinando os prejuízos, os impostos estão sendo postergados e bancos terão que ter  paciência para receber.

 

Calma após a tempestade, com debate do que aconteceu aindafervilhando. O fato é que todos os problemas continuam e que os políticos franceses não indicaram como vão resolvê-los. A ênfase sobrereforma da polícia e sua atenção, o pivô de revolta foi a morte de um jovem por um policial, é parte de problema. A profunda divisão racial e religiosa, pode se dizer de duas Franças, dos brancos e dos outros, permaneceNão se trata mais só de imigrantes, agora são franceses de classes diferentes. Oriundos de ex-colônias, na África são 33 países francófonos, do Magreb, fazem parte de uma França à margem da França que nos vemos e imaginamos. 

 

Os verdadeiros guetos criados ao redor das grandes cidades, dominados por tráfico e gangues,  cujo papel aliás nestes últimos distúrbios foi pouco discutido, são incontroláveis. Os pais acusados pelo Presidente Macron de que não controlam seus filhos, respondem como: trabalho dia e noite, 50 % do meu ganho vai para aluguel, não há creches e as escolas não abrigam as crianças. E quando crescem não têm emprego.

 

Escrever sobre os problemas franceses é uma maravilha. Todo mundo é analista de outros. Mas, é impressionante a reação das pessoas que, na crise francesa, não conseguem enxergar as similaridades com a situação brasileira. Quando fui candidato a deputado federal, uma mãe me disse que único emprego que seu filho conseguia era no tráfico. Para ir aocolégio tinha que pagar dois ônibus, não tinha nenhuma possibilidade de trabalhar como aprendiz porque não existiam empresas no bairro, e não havia quadras de esporte. Outra mãe me pediu dinheiro para compraruma corrente para prender seu filho que se drogava. Isso mudou?

 

Estamos vendo o caso de militares do exército que entregaram no Rio 3 jovens para os traficantes que os mataram e depois de 12 anos nada aconteceu a não ser produzir  um processo de 5 mil páginas. As mortes por policiais em São Paulo neste semestre cresceram assustadoramente e em nossos presídios  uma população carcerária sem  julgamento maior do que a de julgados. 

 

Algum fato desconhecido das nossas diferenças sociais, raciais e econômicas? Nenhum. A frase de que temos vários Brasis tem hoje uma conotação diferente: cada um de nós pertence a um Brasil diferente,marcado por diferenças principalmente sociais e econômicas. As diferenças no Brasil são disfarçadas de forma diferente do que na França. Um multiculturalismo que esconde profundas diferenças que nos levam viver cada um no seu canto. A distância que nos separa é muito maior do que a percebida ou pior, percebida e ignorada propositalmente.

 

Faça um teste simples: com quantas pessoas racialmente, culturalmente, de credo diferente você interage? O que você sabe da vida na favela, de andar de ônibus ou metrô, de escola pública ou nãono final de contas, da vida do seu bairro?

 

Na França as tensões sociais abruptamente mostram suas fissuras. Aqui as fissuras ficam ignoradas, debaixo do tapete, mostram-se em diferenças de grupos radicais políticos, mas na defesa de seus privilégios, e nos deixam viver numa paz duradoura de ilusão de que tudo está uma maravilha. Até quando?

 

9.6.2023.