Powered By Blogger

Sunday 9 August 2015

DA CONFUSÃO POLITICA

DA CONFUSÃO POLÍTICA

As notícias sobre a crise político-institucional e o degringolar da economia estão batendo como mar no molusco nas nossas cabeças. Toda hora, todo dia e nem no fim da semana temos sossego. Não importa se todos os dados mostram que de fato estamos vivendo uma crise econômico-financeira-política, mas também a tijolada de informações que recebemos de que estamos em crise é desproporcional. Talvez seja o fatídico mês de agosto, que sempre é mais agitado em termos políticos no Brasil do que os demais meses do ano. O fato é que estamos acreditando que todos os dados, sejam eles de atividades políticas, sejam econômicos, comprovam que estamos numa crise. A maior crise desde não sei quando, comparada a não sei qual crise. Estamos em crise.

Essa situação, prefiro chamar assim, não é nova, e ela está se alastrando  há anos. E não há duvida alguma de que está se aproximando a um ponto intolerável, em especial para os empresários, sejam de qual tamanho forem. Intolerável porque o crédito está caro, a inflação está subindo, os custos estão subindo, os clientes estão sumindo, e você não sabe quanto haverá uma mudança que vai permitir os negócios voltarem ao normal e com perspectiva de crescimento.

A nítida impressão que todos temos é que os nossos políticos estão mais perdidos do que cego em tiroteio. De um lado, os processos anti-corrupção como o Lava Jato andam rápido, mas não o suficiente para lavar tudo e acabar ou pelo menos diminuir o ritmo de corrupção no país, por outro lado a resistência a essa limpeza ética está aumentando e dando a impressão de que está ganhando a batalha. É a batalha entre David e Golias, mas David ainda não ganhou.

Você está no meio dessa briga, sozinho como cidadão trabalhador, simples, pagador dos impostos.  Foi abandonado pelo seu deputado, seja estadual ou federal, que gastou pelos últimos dados em media 4 milhões de reais para se eleger. Ele hoje cuida de seus próprios interesses na Câmara. E você sequer lembra quem é o seu Senador? Nem você dele, nem ele de você!

Mas, a vida continua. Volto as insistir: esse imbróglio político vai demorar a ser resolvido e ainda não se sabe como será resolvido. Muita podridão para ser resolvido fácil.

E ai não só lhe sobra a defesa e o ataque ao mesmo tempo no seu próprio negócio: esqueça a política e dedique-se à empresa e à família. Essas crises na história  brasileira são comuns, mas os políticos passam e as empresas ficam.

DAS DISPUTAS TERRITORIAIS

DAS DISPUTAS TERRITORIAIS

Na fronteira sul do Brasil, com o nosso vizinho Paraguai, foi criada uma situação política um tanto quanto incomum: os paraguaios alegam que as forças armadas brasileiras, durante um exercício militar na região, invadiram o território guarani. Claro que, além da nota diplomática, dizendo que o incidente, se existiu, será investigado, o exército  brasileiro negou o fato.

Ao norte, as tensões entre dois dos nossos vizinhos, Venezuela e Guiana, estão cada vez mais tensas e, na última cúpula do MERCOSUL em Brasília, ficou isso mais do que patente. A Venezuela reivindica parte do território da Guiana, a que a Guiana se opõe. O problema é simples: com o enfraquecimento do governo venezuelano, um inimigo externo sempre é bem vindo, ou então se inventa um, par que os problemas domésticos desapareçam, o poder do governo aumente e o patriotismo ganhe, mesmo às custas de vidas de  cidadãos inocentes. Vamos relembrar o caso das Ilhas Malvinas e a batalha entre as forças argentinas e britânicas,  há mais de vinte anos. Ninguém ganhou e muitos perderam a vida, sem saber até hoje porquê. E nenhum político  argentino ou general no poder  na época foi condenado  por causa disso.

A América Central, onde teve até a chamada guerra  do futebol entre Honduras e a Guatemala, continua sendo o palco de escaramuças. Hoje existem problemas entre o Haiti e a República Dominicana, devido à invasão da República Dominicana por imigrantes haitianos. Mas, esta é a menor das guerras por lá. O grande problema são as gangues, em especial juvenis, que dominam a violência na região e estão invadindo os Estados Unidos. Essa situação, totalmente desconhecida dos brasileiros passou a ser um dos mais graves problemas da América Central. É uma disputa não clássica de territórios e de conflitos sociais internos, ultrapassando as  fronteiras clássicas. E se a isso somarmos o ainda não resolvido conflito entre a guerrilha pseudo marxista, mas certamente de narcotráfico colombiana, chamada FARC, temos um quase completo retrato de América Latina (sem falar nas gangues de narcotráfico mexicanas) claramente conflituoso e divergente quanto à paz na região.

Não se pode também esquecer o conflito marítimo entre o Peru e o Chile, em vias de ser resolvido, mas por outro lado a pretensão boliviana de ter uma saída para o mar por parte do atual território chileno está longe de ser resolvida.

No final, podemos só agradecer ao Barão do Rio Branco, pai da nossa diplomacia, que o Brasil esteja territorialmente consolidado. Mas, nossos vizinhos, não. E isso não é bom.

Sunday 2 August 2015

DAS PREFEITURAS QUEBRADAS

DAS PREFEITURAS QUEBRADAS

Centenas de prefeitos mineiros estão clamando que as prefeituras  estão quebradas. E muitos deles estão ameaçando fechar os serviços das prefeituras por falta de dinheiro. Esse clamor lembra a história de um cidadão que queria pagar uma conta com cheque de um banco com cinco estrelas, no que foi repelido pelo receptor dizendo que as cinco estrela do banco não valem nada porque o Brasil com 27 na sua bandeira está quebrado. Estamos quebrados: o Brasil, estados, prefeituras, empresas, os cidadãos. Portanto, o clamor das prefeituras não é único. Estamos todos mal.

O problema é que os prefeitos estão sofrendo um pouco mais do que os outros neste momento porque também, quando assumiram as prefeituras há dois anos e meio, ou continuaram com ré-eleição no cargo, não levaram em consideração as variáveis políticas que estavam se vislumbrando no horizonte. O fato é que os prefeitos, que são gerentes dos seus municípios, não se deram conta de que o  Governo Federal, cuja ré-eleição muitos apoiaram, vai deixá-los na mão devido à grave situação financeira da União e não vai cumprir suas obrigações. Erraram no prognóstico, confiando a sua gestão essencialmente à vinda de recursos da União ou do Governo do Estado.

Em outra vertente, também não olharam para o caixa  das prefeituras e perguntaram de onde vem o dinheiro. Se o dinheiro não vem dos dois governos, federal e estadual, como gerar desenvolvimento  econômico do município para que a crise seja a menor possível. São raros os casos de compreensão do desenvolvimento econômico pelos nossos alcaides, as exceções  que confirmam a regra são as prefeituras de Belo Horizonte, Camanducaia e Santa Luzia, entre algumas outras, que permitem que o impacto seja menor.

Os escândalos com altos salários dos alguns prefeitos e vereadores e míseros salários dos professores, levam a perguntar quantas prefeituras fizeram uma análise de custo, reestruturação de seus serviços  e de suas políticas econômicas. E alianças com todos na cidade para não resolver uma crise financeira que vai durar, mas fazer as prefeituras mais eficientes e eficazes para o cidadão.

Esta crise das prefeituras é a crise da cidadania e não vai ser resolvida pelo choro politico, aliás os prefeitos foram abandonados pelos seus deputados estaduais e federais, mas pela competência de gestão e liderança. Chorar e ameaçar menos, e trabalhar com  eficiência, serão as soluções. E elas passam por liderar um movimento de todos, porque o problema é de todos no município.

Saturday 1 August 2015

DO MANDA QUEM PODE....

DO MANDA QUEM PODE...



A viagem do Presidente dos Estados Unidos  a dois países africanos, Kenya e Etiópia, assemelha-se, segundo o colunista Andrés Oppenheimer, muito às  suas viagens à América Latina. Bem, tem algumas diferenças, como o Kenya é país natal do pai do Obama e tem parentes lá. E a Etiópia, que na fase de descolonização tinha o Imperador  Baile Sallasie, que inclusive na presidência do Jânio Quadros visitou Brasil, tentando convencê-lo -lo a fazer parte do bloco dos Não Alinhados, é a sede da União Africana.  A visita do presidente do país mais poderoso do planeta ao continente mais pobre do mesmo planeta era exatamente para reafirmar a liderança norte-americana no mundo. E em especial reafirmar que Estados Unidos, como Obama deixou claro, não são só parceiros comerciais, não constroem obras com mão de obra estrangeira e nem exploram só os recursos naturais e deixam buracos.

Os Estados Unidos são parceiros em democracia, valores de desenvolvimento e ganha-ganha. Diferentes são os chineses, que tomaram conta da África, enquanto os Estados Unidos esqueceram, junto com a Europa, o continente negro. Agora, com taxas boas de crescimento e oportunidades que aparecem para as empresas norte-americanas, Obama foi acompanhado por um  grupo expressivo de empresários, que não querem nem perder essas oportunidades e nem deixar para os outros. Em Adis Abeba, capital da Etiópia, que junto com o Kenya tem os melhores fundistas do mundo, a delegação norte-americana visitou também  as instalações  da companhia aérea etíope, que já possui um Dreamliner  787 da Boeing. É aquele avião que leva  até  335 passageiros, enorme, e que nenhuma companhia aérea brasileira tem.

Mas  foi o discurso na União Africana  que ficou mais visível para o mundo e pode ser bem usado para os políticos no nosso continente. Não a corrupção, não a permanência eterna no poder (o amigo fraterno do Brasil e da Odebrecht, o presidente de Angola, está  lá há mais de 33 anos), e não o desrespeito aos diretos humanos. Isso se aplica a quase todos na África.

E se aplica a dirigentes na América do Sul. Os Estados Unidos, mesmo considerando a recente visita da Presidente brasileira a Washington e as mudanças na equipe diplomática no Brasil, reforçada com gente de primeira linha, não deixarão de exercer o papel de liderança democrática do mundo. Não vão alimentar nenhuma ruptura democrática, seja no Brasil, seja em outros países. Mas, como vão conviver com as ditaduras que fazem bons negócios com eles, e na África está cheio delas, é  uma pergunta sem resposta. A experiência da Primavera árabe que diga quão difícil é essa transição.

Stefan Salej

Sunday 26 July 2015

DOS ESCANDALOS E MAIS ESCANDALOS

DOS ESCÂNDALOS E MAIS ESCÂNDALOS

Hoje em dia, não é mais preciso assistir às  novelas, onde sempre há um empresário mau, corrupto ou envolvido em escândalos de toda natureza. A fracassada Babilônia, com o prefeito roubando, empreiteira enrolada e assassinatos correndo soltos, além de outras tramas, não é nada, comparando com o que nos apresentam de minuto a minuto por todos os meios de comunicação, face à  realidade dos escândalos, dos quais o de maior audiência é a Lava Jato.

A quantidade de podridão que é despejada na nossa cabeça, e que, diga-se de passagem, corresponde à realidade crua e nua que o país  esta vivendo, é de tal tamanho que, se for medir  mesmo os nossos cérebros, vão descobrir que não cabe mais nada. Nada mais de escândalos. Limpem esta sujeira de vez por todas e nos deixem em paz para a gente poder trabalhar. Procurar emprego, que está difícil, procurar negócios, que está difícil, pagar os funcionários, e oferecer bons serviços e produtos. A cabeça está cheia, a atenção desviada dos objetivos dos empresários e da gente trabalhadora.

Escândalo atrás de escândalo, investigação sem resultado, como aquela do helicóptero transportando mais de meia tonelada de cocaína, e que ninguém sabe como terminou na justiça, e mais e mais. E este é um dos exemplos entre centenas, como aquele instituto de não sei de que em Minas, apoiado por entidades empresariais, que desviou 350 milhões de reais e o assunto também morreu.  Ou seja, se prestarmos atenção aos escândalos, não  fazemos  mais nada na  vida. Só assistimos à  novela em tempo real da corrupção.

A tudo isso se soma a capacidade dos nossos políticos, com raras exceções claro, de criar crise institucional, grave crise política, de inventar fatos e atos que põem qualquer ser normal absolutamente maluco quando acompanha os acontecimentos. É outra novela em tempo real que perturba a realidade dura de quem trabalha.

Mas, o fato é que elas existem e podem piorar.

Isole-se ao máximo, pense em como se proteger no emprego ou no seu negócio. Veja como procurar e achar soluções que afetem menos e em menor grau a sua vida pessoal, familiar e profissional ou empresarial.  Não se sabe quanto tempo esta situação vai durar, mas sabe-se que temos que sobreviver e sair dela não só vivos como fortalecidos. Outros tempos, outras soluções,  agora estamos em guerra para sobreviver.

DA CORRUPÇÃO NO EXTERIOR

DA CORRUPÇÃO NO EXTERIOR

A evolução da engenharia brasileira é fantástica e o país  em um  determinado momento era capaz de produzir  praticamente todos os bens industriais e construir todas as obras de infra-estrutura. E  quando não sabia, as empresas se associavam com congêneres estrangeiras e traziam a tecnologia. Em seguida, absorviam essa tecnologia e desenvolviam inovações. Um ciclo virtuoso que permitiu ao país avançar muito em todos os campos que tem por base o conhecimento técnico.

A imensa necessidade do país de construir obras de infra-estrutura também gerou, com o respectivo conhecimento técnico, empresas capazes de realizarem esses projetos. E assim nasceram e viveram felizes por muitos anos, atravessando muitos governos e sobrevivendo a regimes e políticos,  empresas que popularmente chamamos de empreiteiras. E elas adquiriram, além dos conhecimentos de engenharia, também os conhecimentos ou a tecnologia de fazer negócios com políticos, empresas e entidades públicas e outros contratantes. Tornaram-se grandes no exercício de suas atividades na área de tecnologia e  de influência política, como financiadores dos políticos. Essa trajetória esteve várias vezes em evidência e mais recentemente está  aqui à nossa frente, com  sob o sugestivo nome de Operação Lava Jato.

Durante muitos anos essas empresas estiveram limitadas aos negócios no Brasil. Dominavam o mercado nacional, raríssimas vezes penetrado por congêneres estrangeiras, como foi a construção da Usina de São Simão, quando entraram os italianos como parte do acordo para  a Fiat instalar-se em Minas, e devagar foram para o exterior. Com o mesmo pacote tecnológico que usavam no Brasil: excelente engenharia e ainda melhor tecnologia de fazer negócios. Envolveram nesse pacote os financiamentos do BNDES e até empresas estatais, como a ELETROBRÁS, em época mais recente. E lá foi pelo mundo afora o nosso orgulho nacional, vendendo de tudo e comprando a todos. O mesmo modelo, a mesma gente, só que os corrompidos eram outros.

E agora que a água  transbordou  nessa Lava Jato, os negócios no exterior também começam ser investigados. A questão é quanto tempo vai demorar e quanto alguns ditadores que faziam parte dos esquemas vão querer descobrir. Mas, o fato é que se não mudarem o modelo de negócios, não haverá mais mercado no exterior. Todos têm medo de trabalhar com quem está sendo julgado. E Minas, que tem empresas com muita engenharia, vai perder ainda mais mercados e mais empregos se a tecnologia de fazer negócios não mudar. E olha que fomos pioneiros em fazer obras no exterior. Lembra da  Mauritânia, do Iraque? Outros tempos, outras empresas. Outras pessoas.

Tuesday 21 July 2015

DAS FÉRIAS

DAS FÉRIAS  E FERIADOS

No meio do mês de julho, férias  escolares no meio do ano, a rotina das famílias e dos negócios muda. Em certos lugares, os negócios aumentam, em outros, diminuem. As escolas ou sistemas de educação geram negócios nas áreas de transportes, alimentação e material escolar, entre outros.  Durante as férias escolares, os negócios diretamente ligados à atividade escolar caem. Aumentam os negócios ligados às atividades conectadas a lazer, como colônias de férias, turismo de famílias, entretenimento, como shows, teatro e cinemas.

Nem todas as crianças e estudantes podem sair de férias  no meio do ano. As famílias não têm  dinheiro para isso. Nem para levar  dentro do próprio município, quiça para outro lugar. E nem todo mundo tem dinheiro para ir à Disneylândia, seja nos Estados Unidos, seja na Europa. E ai  entram em cena os empresários que falam muito em responsabilidade social. As empresas podem ajudar os seus funcionários a organizarem as férias de seus filhos, financiar em parte essa atividade aparente de lazer, mas que é uma atividade de educação. Em primeiro lugar, podem aproveitar melhor as excelentes infra-estruturas dos serviços sociais das entidades empresariais, como SESI e SESC.

Com criatividade, podem trazer os filhos de seus funcionários para conhecerem a empresa onde os pais trabalham. E o pessoal da indústria e das cidades pode se ligar ao pessoal da agricultura e levar as crianças para conhecerem a vaca que fornece leite, já que muita criança na cidade acha que leite vem do tablet. Um empresário  da construção civil e hotelaria de Belo Horizonte  levou os alunos de uma escola para conhecerem a sua fazenda, aprender sobra a terra que nos sustenta e ver práticas de cultivo e de sustentabilidade ao vivo e a cores. E quanto custou isso?  Nada, comparando com a alegria das crianças e com o conhecimento que adquiriram.

Voltando ao empresário de férias, deve-se salientar a necessidade de ele descansar, ver outras bandas, conviver com a família sem o stress do dia a dia do seu negócio. E tem mais: durante as férias, em vez de de ficar pendurado no celular gritando para todo mundo ouvir que seus funcionários são incompetentes porque sem ele não sabem fazer nada, é prestar muita atenção no mundo que ele está vendo e aplicar em seguida no seu negócio. E com os erros que acontecem quando está  ausente, corrigir para que a empresa e seus funcionários fiquem melhores. Para isso é que servem férias, para trabalhar melhor quando voltar.

STEFAN SALEJ
Consultor internacional
Ex Presidente da FIEMG e SEBRAE Minas
20.7.2015.