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Friday 23 January 2015

DO ASSASSINATO ARGENTINO



Os fatos são um filme de terror e horror, porém verdadeiros. Em  18 de julho de 1994, ou seja quase vinte anos atrás, foi atacada a AMIA, Associação Mútua Israelense Argentina em Buenos Aires.  Morreram 85 pessoas, argentinos. Em todo este tempo os governos argentinos não quiseram descobrir quem foi o autor de atentado. Houve indicações claras e comprovadas pelo Governo de Israel de que esse ataque, aliás seguido de ataque à Embaixada de Israel, que o ato terrorista foi dirigido pelo governo de Irã e executado pelo seu braço armado no exterior, Hezbollah.

Na semana passada o episódio teve a vítima número 86, Alberto Nisman, procurador que investigava o caso AMIA, que apareceu morto no seu apartamento. E que chegou no seu inquérito de 300 páginas a conclusão simples a estarrecedora: os mandantes eram mesmo os iranianos que estes anos todos tiveram a cobertura do governo argentino. E mais: para que não fossem caçados pela Interpol e sim  isentados dos crimes que cometeram, o governo argentino põe tudo embaixo de tapete, aproveita e vende bilhões de dólares de grãos ao Irã, que fornece petróleo à Argentina. Além do aspecto político do caso, faz-se um grande negócio entre os dois governos. Todo mundo ganha, e as vítimas, paciência, foram vítimas!

O Procurador Nisman apontou com provas a acusação na direção da Presidenta Cristina Kirchner e seu Chanceler Timerman. Ele esteve em Alepo, aquela cidade síria totalmente destruída na guerra insana naquele país, em encontro com o Ministro das Relações  Exteriores do Irã. E segundo o relatório do procurador Nisman, alí fizeram o acordo final. Tanto a Presidenta da Argentina como seu Ministro negaram, e Cristina Kirchner comunicou via Facebook inicialmente que Nisman se suicidou e depois numa reviravolta incrível, que não foi suicídio. Acusou muita gente, como sempre os outros são culpados, e abriu uma interessante forma de comunicação do governo: via Facebook.

A Argentina, que vive profunda crise econômica e instabilidade política dentro de uma democracia autocrática, está nos seus melhores momentos: não se acham os verdadeiros culpados, não se quer a verdade e se fazem negócios nos túmulos de vítimas. Nada de novo, se lembrarmos que Perón recebia ouro para dar guarita aos nazistas após a guerra e que na mesma semana em que assassinaram o procurador Nisman, dez turistas israelenses no interior do país foram atacados com expressões como Judeus de m.... etc.

 A Argentina não resolve a sua relação com os credores externos, faz negociatas com o Irã, não consegue, após vinte anos resolver a questão do atentado da AMIA, tem queda do PIB, das exportações em 12 % , empaca todas as ações do Mercosul, mas a Presidenta vai à China, que está se aproveitando da situação e metendo os pés e as mãos na economia vizinha. É o nosso vizinho e um grande parceiro comercial. E queira ou não um aliado do terrorismo internacional. Haja destempero e paciência para agüentar tudo isso. Até a Venezuela parece boazinha perto da elegância falsa do governo argentino.


Stefan  Salej
23.1.2015.

Friday 16 January 2015

DA GORJETA

Da gorjeta

Quem ainda não recebeu um pedido extra de ajuda financeira por um serviço obrigatoriamente prestado? Ou traduzindo: quem ainda não deu uma gorjeta extra  para ter um favor, um problema resolvido ou um negócio fechado? Um policial que entra no bar, no açougue ou na padaria e acha que não precisa pagar e depois chama a vigilância sanitária alegando má qualidade da comida porque cobraram a conta. Ou o fiscal, e haja fiscal neste nosso Brasil, que prefere que você lhe pague o prêmio de produtividade que ele vai receber de qualquer maneira e faz o favor de dividir com você em vez de esperar alguns anos para receber. E os guardas de trânsito e suas multas. Famoso quebra galho. E mais e mais histórias pelo Brasil afora que aumentam o custo de vida, que permite a alguns criarem dificuldades para gerar facilidades.

Esse escândalo da Petrobras é no fundo  o desenvolvimento sofisticado de uma cultura da gorjeta, do quebra-galho e de uma ampla aceitação, por todos nos, de que as coisas funcionam assim, e sem jeitinho nada anda. E não anda mesmo! Quem já tentou se contrapor a essa ordem sabe bem das consequências e do sofrimento que teve! Mas, não é só no serviço público, seja de qual natureza for, que, como mostram os escândalos mais recentes, as coisas acontecem. Em muitas empresas privadas, a cultura da corrupção se sobrepõe à cultura da transparência e da honestidade. E, por incrível que pareça, a coisa está pior nas empresas estrangeiras do que nas brasileiras. Os espanhóis, na área elétrica então, são um horror. Desde que a empresa dê lucro e satisfaça a matriz, o que fazem os diretores por aqui nos ganhos extras não tem problema. É sim injusto neste mundo de corruptos e corruptores dizer que só os políticos, só os funcionários públicos, só as empresas públicas e só os brasileiros são parte desse  mundo modestamente chamado da gorjeta e do quebra galho. Todos o são, sem exceção, e todos colaboram para isso.

Enquanto milhões se deliciam e aplaudem na TV as ações contra os grandes corruptos, sejam do mensalão ou da Operação Lava Jato, o resto continua. A corrupção diária, ou melhor, de minuto a minuto, que acontece e da qual participamos, continua. Só vai mudar com a aplicação da legislação e a crença de todos nós de que o Brasil, e você nele, pode crescer e se desenvolver, sem jeitinho e sem quebra galho e sem gorjeta. Quando os empresários e empreendedores enxotarem os fiscais e compradores das empresas grandes que pedem adicional (antigamente tinha até código de colocar a mão no peito e com os dedos mostrar quanto queria de comissão ) e acreditarem que podem crescer assim mesmo. E quando o cidadão exigir dos políticos e de todos uma forma diferente de agir. E também assumir o erro e pagar a multa quando errado em vez de resolver com jeitinho

E onde ensinam isso tudo mesmo? Na escola, na igreja, nas entidades de classe, na família? Onde você  aprende a ser diferente?



Stefan SALEJ
16.1.2014.
www.salejcomment.blogspot.com
sbsalej@iCloud.com

DA NOVA CUBA

Da nova Cuba Aproveite e passe suas próximas férias em Cuba. A piada que circula na Eslovénia, país de dois milhões de habitantes, membro da União européia que se separou há 24 anos da Iugoslávia, então socialista, é que visitando Cuba você pode ver o que seriam eles se não saíssem do socialismo. Vale a pena ver a relíquia socialista em todo o seu esplendor. Com fila para comprar sorvetes para estrangeiros, com preço em dólares, ou pesos dolarizados, e fila para os locais, com preços muito mais baixos, em pesos reais cubanos. Em resumo, uma confusão de moedas. Ver La Habana Vieja renovada, linda de morrer, como uma espécie de Couraçado Potetkim. E os carros velhos, que só tem a carcaça polida, mas motor Honda de ultima geração . Uma enganação atrás da outra, uma realidade não apreensível, vista de um jeito ou de outro, mas em que é difícil de saber o que é imaginário ou que é real. Os vendedores de charutos na rua, oferecendo pela metade de preço os charutos originais, segundo eles, que na loja da fábrica custam uma fortuna, é outra face dessas ilusões que vão cercando você na visita à cidade que mostra uma história, uma alegria musical ímpar ao mesmo que tempo uma incerteza sobre o seu futuro. Bem, isso até ontem. Até o dia em que os governos dos Estados Unidos e da Cuba revolucionária e comunista se entenderam e vão caminhar juntos. Ou seja, corra para ver o museu vivo de um país que resistiu aos Estados Unidos, insistiu em um modelo fracassado no mundo e exportou armas, soldados, revolucionários e revolução e até médicos e dentistas. Foi um ator admirável na política internacional e ousou apontar armas, mísseis russos, para a maior potência mundial, com a mão na cintura. E apesar de tudo contínuou produzindo o melhor rum do mundo e insubstituíveis charutos. Essa Cuba está mudando ainda com seu líder máximo, aquele dos discursos de seis horas, entre outras façanhas, Fidel Castro, vivo. Ele promoveu as duas revoluções na história cubana: a derrubada da ditadura de Fulgencio Batista em 1960 e a volta à normalidade, se podemos chamar assim a mudança de 2014. Firmou o modelo político cubano com a permanência de uma Cuba independente e não subserviente. Evitou a intromissão do modelo da primavera árabe, que os Estados Unidos promoveram no Oriente Médio, e que se comprovou um total fiasco, e firmou uma nova aliança com seu vizinho poderoso e impiedoso. E nessa equação, Cuba, que tentou mudar a América Latina com a revolução, fez um outro movimento tão revolucionário que muda toda a América Latina. A aliança entre Havana e Washington, é no fundo uma aliança entre a América Latina e os Estados Unidos. A questão é quanto os demais países do continente serão capazes de aproveitar essa nova aliança. O Brasil tem uma chance ímpar para tecer uma relação continental diferente, em circunstâncias diferentes. A Cuba de ontem também é América Latina de ontem. La Habana Vieja já era. http://www.salejcomment.blogspot.com Stefan Salej 16.1.2014.

Friday 9 January 2015

DA GUERRA DO CHARLIE

Da guerra do Charlie Há no nosso mundo ocidental uma unanimidade: o assassinato dos 12 cartunistas em Paris por terroristas islâmicos é um crime abominável que atinge toda a humanidade. Uniu os franceses no meio de uma crise econômica continua, uniu os europeus, e deu razão aos americanos de que tudo mundo estava desprezando o perigo do terrorismo. E uniu a imprensa mundial, que se sentiu ameaçada. O fato é que qualquer um de nós que escreve sobre o assunto, dependendo da avaliação dos radicais islâmicos, pode ser o alvo. Por outro lado, também estamos relembrando inúmeros ataques, não só à imprensa: nove anos atrás foi o caso de jornal dinamarquês que publicou charge considerada profana, há vinte anos foi o livro de escritor britânico Rushdie, teve ataque a sinagoga em Buenos Aires, morte de alunos e professores da escola judaica na França e mais e mais e mais. Sem contar as guerras na Bósnia, onde os sérvios matavam os muçulmanos como moscas, a guerra do Iraque e agora da Síria e mais os conflitos na África, entre eles os sequestros das meninas pelo grupo Boko Haram na Nigéria. E, na Chechenia, os conflitos na China com a minoria muçulmana e os atentados na Índia. A lista não termina e não passa minuto da nossa vida em que não tenhamos um acontecimento no qual não estariam envolvidos os radicais islâmicos, sejam da Al Quaida seja agora de estado islâmico ou outros grupos. O alvo presencial que são os judeus, como foi o ataque ao Museu judaico em Bruxelas, foi ampliado para outros grupos. O que aconteceu na França é a ponta do iceberg de uma guerra de civilizações, como a chamou cientista político Samuel Huntingon, que estamos vivendo. Como conciliar a sociedade democrática com ameaça permanente e brutal aos seus cidadãos pelos radicais fora do controle e mais, não mais estrangeiros, mas cidadãos do próprio país, como acontece na Inglaterra e na França. A ilusão de que o Brasil está fora e que nós somos uma sociedade pacífica é enganosa, terrível e prejudicial. A tentativa de atentado na semana passada à Embaixada de Israel na vizinho Montevidéu é só um lembrete. A verdade é que os países parceiros do Brasil terão que se concentrar não só no seu desenvolvimento, mas também na sua segurança. Serão criadas alianças ainda mais fortes nesta área e será posto à prova em muito o conceito de direitos humanos. E o Brasil não poderá ficar acima de muro, neutro nessa guerra. Aliás, a pergunta é como vamos lidar com o fato de que o mundo tem 1.5 bilhão de muçulmanos com os quais vamos ter que conviver e como vamos junto com a maioria deles eliminar, antes que nos eliminem, os radicais terroristas? Com todas as forças tentamos fugir dessas realidades, mas elas se sobrepõem à nossa resistência. Vivemos em um mundo em guerra, em insegurança e se um de um lado temos que achar respostas políticas para questões como a marginalização das populações jovens muçulmanas dos benefícios da sociedade desenvolvida na Europa, também temos que nos defender dos radicais. Não vai bastar gritar que todos somos Charlie, vamos ter que agir. E eis a parte difícil. Stefan Salej 8.1.2015.

Friday 2 January 2015

DA ECONOMIA ESTUPIDA

Da economia estúpida Oh espelho meu, me diz: tem Estado mais bonito do que eu? A pergunta para avaliar os investimentos no Estado brasileiro pelo investidor, seja nacional ou estrangeiro, é mais do que válida! Mesmo com a economia brasileira em crise, com baixo crescimento e um aperto fiscal à vista, a Europa em recuperação e os Estados Unidos se recuperando, existem oportunidades de investimento no Brasil. O fato é que quem souber, no ditado clássico, fazer da crise oportunidade, ou do limão limonada, vai ganhar espaço, vai ganhar mercado e vai ganhar dinheiro. Não há dúvida alguma de que o saneamento fiscal e financeiro do Estado é bem visto pelo investidor. Estado falido como o nosso é um desastre para o trabalhador e péssimo para o empresário. Não é só por causa dos investimentos que o governo estadual lidera ainda, mas entre outras coisas, pela má prestação de serviços públicos, inclusive de saúde, educação e segurança, que prejudicam toda a população. Manter as finanças públicas em ordem não é opção, é obrigação dos governantes. Mas, aí entra a estupidez da economia. Aliás, algo que um governo composto por próceres econômicos facilmente entende. As finanças públicas só vão ser acertadas se a economia produtiva ou aquela que produz pagamento de impostos for bem sucedida. No popular, as empresas quebradas não pagam impostos. E haja no estado empresas quebradas. Ou mais, haja nas Gerais empresas em vias de quebrar por causa do mercado externo e seus preços aviltados, por causa de fuga de capital que transformou Miami em sede do capitalismo mineiro, ou por diminuição dos negócios e a sua qualidade no país inteiro. E ninguém, fora algumas frases de efeito, viu uma meta de crescimento do PIB mineiro nos próximos anos e muito menos um consistente plano que inclua um acordo entre o governo, trabalhadores e empresários para, após 12 anos de marketing de ilusão de crescimento, chegar à hora de um crescimento sustentável. Muitas das iniciativas, como o pioneirismo mineiro no projeto Cresce Minas, introduzindo a metodologia de clusters no país, foram bem sucedidas. Tem que continuar com o que foi bem feito, melhorar as condições de desenvolvimento de empresas existentes e não privilegiar só a vinda de novos investimentos que recebem tudo enquanto os empresários que estão lutando para sobreviver perdem tudo. É mais barato para o estado apoiar os que estão aí do que dar incentivos a que vem. Mas, os novos investimentos não devem ser desprezados. E nem os novos mercados. Minas tem uma relação especial com China, que deixará de importar as mesmas quantidades de minérios para investir em siderúrgicas e produtos sofisticados fora. E aí a nossa visão não pode ser só de valorização de zebu, enquanto uma Xiaomi, a empresa de maior sucesso na era de telecomunicações do mundo, que tem em um mineiro, Hugo Barra, seu principal executivo, está se instalando no Brasil e em Minas nem sabem que o nosso conterrâneo está aí! Haja visão e haja ação para voltar crescer. É a economia, estúpido! Stefan Salej 2.1.2015.

Thursday 25 December 2014

DO MUNDO QUE NOS ESPERA EM 2015

A percepção do que aconteceu de mais importante no ano 2014 varia de país para país, de pessoa para pessoa. Podemos concordar porém que alguns eventos atingiram o mundo inteiro. Mas, antes disso não há dúvida alguma, em termos internacionais, a realização da Copa no Brasil e a nossa vexaminosa derrota para Alemanha é para cada um dos brasileiros um fato inesquecível e marcante. Por outro lado, o aumento de desastres naturais, mudança de clima e de temperaturas afetaram o mundo como um todo. E o Ebola, que provocou a morte de mais de dez mil pessoas e está longe de ser dominado. Os terroristas islâmicos, a guerra interminável na Síria, com milhões de refugiados e os ataques de grupos palestinos a Israel também marcaram a presença no cenário mundial. A guerra no Afeganistão que não acaba, e o conflito na Ucrânia que começou, teve lances trágicos de derrubada de avião civil e continua. A isso tudo e muito mais pode-se adicionar o descongelamento de relações entre Estados Unidos e Cuba, a perversa situação política na Venezuela, onde a situação econômica está se deteriorando e as dificuldades sempre presentes na vizinha Argentina. E mais, a queda vertiginosa do preço das matérias primas, onde só o café se salvou. A China diminuindo o seu ritmo, a Europa engatinhando e Estados Unidos dominando novamente o desenvolvimento mundial. O que passou, alguns dizem que é um ano para esquecer, passou e nos deixou algumas lições para 2015. O novo ano traz mais incertezas do que tranqüilidade. Está porém claro que as políticas de baixar os preços de petróleo e aproveitar o conflito entre Rússia e Ucrânia para castigar o urso russo estão desenhando um mundo novo, diferente daquele que vimos 25 anos após a queda do muro. As potências mundiais estão redesenhando o mapa, mas com a presença da China, que se tornou número dois no cenário econômico. Os conflitos regionais, como do Oriente Médio, e o crescimento do poderio nuclear do Irã ainda dominado pelos clérigos muçulmanos radicais, provavelmente vão continuar. O da Ucrânia, também e nada mostra o fim do conflito da Síria ou a derrota dos radicais islâmicos. O terrorismo islâmico radical continuará sendo um dos nossos inimigos globais mais perigosos e que vai afetar a vida de cada um de nós. Mudanças climáticas, mesmo com alguns acordos pífios conseguidos nós últimos tempos, são desprezados em função de interesses individuais de grandes jogadores no tabuleiro mundial.O mesmo vale para os acordos comerciais patrocinados pela Organização Mundial do Comércio.Prevalecem os interesse de grandes países em total detrimento da maioria do mundo. Na base simples: manda que pode e obedece quem tem juízo. Onde fica o Brasil, com o cambaleante Mercosul e outras alianças na América Latina, cabe a cada um de nós avaliar e ao governo determinar o rumo do país no mundo. Stefan Salej 25.12.2014.

Friday 19 December 2014

DA CUBA VIVA ou VIVA CUBA

De Cuba viva ou viva Cuba Foi o adorado Presidente Kennedy que, em 1962, rompeu as relações diplomáticas dos Estados Unidos com Cuba. De um lado enfrentou Fidel Castro, com mísseis russos virados para os Estados Unidos, e de outro lado tentou invadir Cuba através da Baia dos Porcos, em um dos maiores fracassos militares norte-americanos. E agora, 52 anos depois, outro democrata na presidência norte-americana declara que todo esse bloqueio foi em vão, os cubanos não mudaram, continuam comunistas e os Estados Unidos só perderam. Realmente um jogo perde-perde no lugar de ganha -ganha. Um ano e meio de negociações, com a ajuda do Canadá e da Santa Sé, resultaram em uma abertura entre os dois países, que veio seis anos após a eliminação das sanções européias contra Cuba, processo que aconteceu durante a Presidência da Eslovênia do Conselho Europeu. Troca de espiões, estabelecimento de embaixadas nos dois países, novas medidas para a remessa de dinheiro e mais uma série de outras são importantes, mas ainda há um caminho longo a ser percorrido. E as razões do lado dos norte-americanos são claras: Cuba estava estreitando cada vez mais suas relações com a China, estavam perdendo mercado e os latino-americanos estavam se afastando deles por causa dessa situação perversa. E mais: dois milhões de cubanos na Florida, um dos colégios eleitorais que pode decidir as próximas eleições, almejavam uma mudança dessa política que só prejudicava a todos e não mudava nada. Agora o processo de mudança começou e as negociações para resolver tudo vão ser difíceis e demoradas. Mas, a principal mudança, que é que os Estados Unidos aceitam o modelo chinês em Cuba, ou seja o regime comunista com liberdade de mercado, começou. E com isso as empresas norte-americanas terão um novo lugar de investimentos, verdadeiro maná a 150 km de Miami, não só para grandes corporações mas também para as pequenas e médias empresas. E em especial as dos descendentes de imigrantes cubanos, hoje já cidadãos americanos, que têm conhecimento da cultura e da língua e têm capital. Cuba será invadida pelo capital cubano-americano. Na ilha tem espaço para a expansão, mão de obra qualificada e de baixo custo e não tem nem CUT para promover greve. Muda também toda a relação dos Estados Unidos com os países da América Latina. Como vai ficar agora Organização dos Estados Americanos, da qual Cuba não participava? E os outros novos organismos regionais como UNASUL e CELAC? E como fica o Brasil nessa história? Talvez com a nova prosperidade ficaremos mais tranqüilos de que os cubanos vão ter dinheiro para pagar os empréstimos do BNDES. Mas, vamos enfrentar uma concorrência das empresas do Tio Sam para as quais não temos cacife. Nem capital, nem agilidade empresarial e agora os cubanos tem novos amigos velhos. Ainda temos um pouco de tempo para ganharmos espaço, mas não muito. Senão, perdemos tudo o que já investimos e não aproveitamos bem a oportunidade. Tempos novos.Viva Cuba.Viva os Estados Unidos. Stefan Salej 18.12.2014.