Powered By Blogger

Thursday 19 June 2014

Do dia do trabalho

Mais um feriado emendado com fim de semana, após uma semana de feriados. Algumas festas dos sindicatos dos trabalhadores são organizadas, patrocinadas na maioria das vezes por empresas estatais. No fundo,  dinheiro público. Mas o fato é que apesar de o número de trabalhadores em atividades não governamentais ultrapassa em muito os do serviço público, são raros os países onde os sindicatos dos trabalhadores em empresas sejam mais fortes do que os do serviço publico.

Mesmo com algumas comemorações pelo mundo afora, nos Estados Unidos não se comemora 1. de maio como Dia de trabalho, e mesmo sendo dia de São José para os católicos, foi um dos primeiros do maio mais murchos que o mundo já viu. Festejar no final de contas o que? O estabelecimento de salário mínimo na Alemanha, que não o tinha até hoje? Um desemprego que não baixa na Europa e é especialmente grande na Espanha, Grécia, Portugal? Ou a melhoria da economia norte americana? O fato é que o mundo que sempre muda, mudou muito na área das relações trabalhistas. Mesmo que no Brasil tenhamos um governo de um partido dos trabalhadores, as questões que afetam trabalhadores não estão na pauta prioritária do governo deles mesmos.

O modelo econômico brasileiro ainda é baseado nos baixos salários, proteção social ilusória, porque nem saúde e nem educação funcionam a contento para o trabalhador e é enorme o custo fiscal sobre a mão de obra. Optamos por este modelo e não conseguimos sair dele. A cada dia que passa, o custo da mão de obra aumenta, os direitos trabalhistas são uma arvore de Natal em que o ano inteiro ficam perdurando enfeites lindos para os trabalhadores mas que na verdade são pesos para as empresas e uma ilusão de proteção social para o trabalhador. Sem falar na justiça do trabalho, que não protege nenhum dos dois, com raras exceções, mas que com certeza pensa que é a dona do mundo e age assim.

A festa do Dia do trabalho deveria nos levar pelo menos a refletir sobre o futuro escuro que nos espera nessa área. Uma economia injusta, que cuida bem das minorias, sejam raciais ou sociais, mas que cuida mal da maioria, que são os trabalhadores. Jamais seremos uma economia desenvolvida e competitiva com esse tipo de relações de trabalho que temos hoje. Mesmo a interferência do governo em área críticas, como consideram hoje a industria automobilística, com enorme custo fiscal, são ilusões de um ano eleitoral, mas não consistentes com uma política de desenvolvimento.

A Alemanha não é um pais desenvolvido só pela engenharia, disciplina e outros predicados, mas  pelas eficazes e dinâmicas relações de trabalho. Há mais de dez anos fizeram uma comissão de 15 membros dirigida pelo diretor da Volkswagen, Sr. Hart e composta por representantes de toda a sociedade. Mudaram a legislação, o governo perdeu a eleição e ficou na historia. E nós não aprendemos nada.

Stefan B. Salej
2.5.2014.
Da Internet e nosso futuro

A Copa no próximo mês pode nos dar muita alegria, ou tristeza, já que a bola é redonda. Mas, é só um campeonato de futebol. Já o congresso mundial sobre internet e a aprovação da nova lei sobre internet, esses sim, vão  definir o nosso destino, futuro e desenvolvimento no resto do século. O congresso em São Paulo, BH infelizmente não tem a mínima condição de sitiar um evento dessa envergadura, com a participação de 95 países,  é de uma importância fundamental. As discussões podem levar a mudanças profundas sobre o uso dessa ferramenta de transformações da sociedade chamada web ou internet. Trata-se de um congresso que reúne a sociedade civil, especialistas, acadêmicos e governos.

Mas, o gol de placa, mesmo com a bola entrando no canto esquerdo milímetros abaixo da trave, foi o que conseguiu o governo brasileiro com a aprovação da nova lei ou marco civil de internet. Não  importa a nítida impressão de que poucos deputados e senadores sequer sabem o que votaram, e os que sabem queiram só benefícios para alguns grupos empresariais, mas a lei foi votada, apresentada no referido congresso e mostrou a liderança do Brasil. A lei brasileira virou referência para muitos países. E também não vem ao caso se essa lei foi consequência da espionagem norte-americana da nossa governante. Importa que a lei saiu e saiu bem.

E agora começa o grande trabalho, aliás esse que teve em Minas seus inícios mais promissores que se perderam no tempo. Minas foi pioneira na introdução e expansão da rede não acadêmica de provedores de internet. A coragem de Luiz Otávio César Siqueira, que  convenceu o então todo poderoso Ministro das Comunicações  Serjão  a mudar a legislação, permitiu que Minas tivesse na década de 90  mais de 100 provedores. A contribuição da esfera acadêmica mineira foi fundamental para o desenvolvimento da área no Brasil.Mas, mesmo com vários ministros mineiros na área de comunicações posteriormente, os mineiros emigraram e minas contínua exportando minério e mineiros. A opção de desenvolvimento de uma ferramenta do futuro foi trocada por liderança em cachaça, algo nada mal, mas não tão promissor.

Agora começa o trabalho para valer, um tanto quanto atrasado. Desenvolver uma base científica,  que custa um bom dinheiro, e a base de equipamentos, para que país aproveite ao máximo essa ferramenta do século XXI, é um projeto nacional. Não adianta chorar que outros países usam e abusam dessas ferramentas para dominar o mundo. É trabalhar, investir e produzir. Aliás, um extraordinária oportunidade para esta e para as próximas gerações. Agora, se tudo isso, após essa lei,  virar uma PAC de internet, estádios de Copa não terminados, o Brasil continuará no caminho do crescimento potencial de sub-desenvolvimento.

Stefan  B. Salej
23.4.2014.
 
Do rearanjo geopolítico

Quando caiu em 1989 simbolicamente o Muro de Berlin, houve a impressão de que, após alguns anos de nova divisão, principalmente da Europa, haveria tranqüilidade e paz por séculos. Os movimentos de hoje em dia na Ucrânia só mostram que isso não aconteceu durante esses anos todos e que vivíamos numa ilusão de ótica geopolítica que está custando caro ao mundo.

Primeiro, o comunismo que dominava a União Soviética saiu da cena para ficar nos bastidores e voltar em outras formas após 22 anos. Dois, o maior país do planeta e mais bem-sucedido nas últimas décadas, dominando a economia mundial, China, continua comunista. E, com ela, o Vietnã, que derrotou no século passado tanto a França  como os Estados Unidos. E os governos de esquerda ganharam um espaço na América Latina de fazer inveja a qualquer golpista de direita do século passado.

Mas, esses países mudaram seus modelos econômicos e conseguiram a proeza de, na maioria das vezes, consolidar um sistema político sui generis. Ou seja modelaram com maior ou menor sucesso um modelo político diferente dos que prevaleciam no século passado, desembocando em uma nova realidade. E aí, os Estados Unidos, que deram a impressão de que, com a  queda do Muro de Berlin, ganharam a batalha contra o chamado comunismo, acharam-se, como poucas vezes aconteceu na história, sozinhos, dominando o mundo. E, com isso, permitiram-se não só invadir o Iraque, mas também o Afeganistão, incentivar a primavera árabe, que  virou um inferno das Arábias, notadamente na Síria e na Líbia, além da instabilidade no Egito. Foram assim avançando nos territórios e nas políticas internas de outros países, em nome de valores democráticos e mais, talvez aí com certa dose de justiça,  na luta contra um novo inimigo, espalhado pelo mundo, invisível  mas presente nas ações terroristas, Al Qaida.

Se a isso juntarmos uma total preponderância do  sistema financeiro que provocou crises econômicas brutais, só podemos dizer que temos nos acontecimento na Ucrânia, cujo fim está difícil de prever, não só um  mundo conturbado, mas perigosamente perturbado. Primeiro os Estados Unidos avançaram e tomaram os territórios, anexando países à OTAN, invadindo  e deslanchando crises financeiras. Agora, os russos continuam, após a Geórgia e a Ossetia, seus avanços sobre a Ucrânia. E a União Européia está perplexa, aguardando, no mesmo dia que haverá eleições na Ucrânia, as eleições para o Parlamento Europeu.

O Brasil está onde sempre esteve. De um lado, avantajado por estar longe desses conflitos, de outro lado, de sobreaviso porque eles podem abalar a economia doméstica de tal forma que vamos precisar de muitos anos para nos recuperar. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. E agora, o que fazer?

Stefan B. Salej
17.4.2014.

 
Das eleições no mundo

A primeira e a segunda maior democracia, 800 milhões e 190 milhões de eleitores em cada uma, estão elegendo seus parlamentares esta semana. India e Indonésia, dois gigantes asiáticos. E mais eleições: Afeganistão, aquele país invadido por forças internacionais liderados pelos americanos e onde mandam os Talibãs, tem eleições presidenciais. Sete milhões de eleitores, embora ameaçados pelos Talibãs com corte dos dedos marcados com tinta na hora de votação e mais atentados, participaram das eleições com relativa transparência e calma.

Nos três países, parece que os vencedores serão os opositores dos atuais governos. A apuração ainda demora, os sistemas não são eletrônicos, os países são grandes. A Indonésia tem milhares de ilhas e com 235 mil candidatos para 20 mil postos legislativos, a apuração não é fácil. O candidato de oposição ao atual governador da Capital, Jacarta, Joko  Widodo, está liderando nas pesquisas. Mas ainda há eleições presidenciais daqui a um  mês e só depois será definido o quadro político.

Na India, a parceira brasileira no grupo dos países BRICS, que vai se reunir após a Copa em Fortaleza, as urnas estão indicando a vitória do oposicionista Modi, do partido BJP. O adversário é Rahul Gandhi, do partido do Congresso, que domina a política indiana há 62 anos, desde a sua independência do Reino Unido. Mas, não é só o partido que domina. A família Gandhi-Nehru é a força motriz desse partido. As críticas ao eventual novo primeiro ministro Modi são muito fortes, especialmente no que se refere ao tratamento de diversas etnias na India, que  tem a maior população muçulmana do mundo, 300 milhões. A campanha é bem agressiva e a divisão política vai continuar após a eleição.

Na reunião dos BRIC, em Fortaleza, estarão em torno da mesa de uma união aparente um novo primeiro-ministro indiano, um provavelmente reeleito presidente da África do Sul,  onde as eleições ocorrem daqui a um mês, um presidente russo condenado pelos países ocidentais, leia-se especialmente os Estados Unidos e a União Européia, pela invasão da Criméia e a presidenta brasileira, cujos índices de popularidade só serão definidos em um ano eleitoral se o capitão da seleção canarinho levantar a taça do Campeão Mundial. E não no final, um presidente esfinge chinês avançando no mundo dos negócios e da força militar. Sem dúvida, uma reunião mais do que interessante, cujos resultados são imprevisíveis.

Nesse círculo de eleições no mundo e sua influência sobre a reunião de Fortaleza, onde querem porque querem fazer um banco de desenvolvimento dos BRICS, não se pode esquecer as eleições em maio para o Parlamento europeus e a escolha da nova equipe da União Européia. E aí estão as nuvens negras das eleições municipais na França, com a extrema direita ganhando força e na Hungria, onde também a direita fascista ganhou as eleições. Em resumo, o mundo democrático não é simples.


Stefan B. Salej
11.4.2014.




Da primavera que virou inferno

As atenções hoje em dia são orientadas para a infindável confusão com mortes diárias na vizinha Venezuela, para o desaparecimento do avião da Malásia, um pouco também para o incrível número dos mortos no deslize de terra no estado de Washington, nos Estados Unidos ( o governo ignorando há 15 anos o aviso dos cientistas) e no já clássico jogo da guerra gelada entre os Estados Unidos e a Rússia. Mas como a Lusitana roda e o mundo gira, o mundo em outras partes nem parou.

Os campeões da democracia no mundo, os Estados Unidos, que ajudaram há 50 anos a estabelecer o regime militar no Brasil, criaram para todos nós, nos últimos anos, este mundo diferente, não só com a invasão do Iraque e do Afeganistão, mas com apoio implícito e explicito ao florescimento de regimes "democráticos", em especial no Oriente Médio. Concordar com ditaduras sanguinárias como a do Gadafi na Líbia ou do Assad na Síria, entre outras, é um absurdo. E até o regime do Mubarak, no Egito, que permitia ser a estação  terceirizada de tortura para os  norte-americanos, cedeu às pressões a favor da democracia, apoiadas pelos Estados Unidos, e virou uma página onde mais de 500 pessoas foram condenadas à morte e o líder militar do golpe é candidato a mandato presidencial. E o Egito vai ter saudade da democracia do Mubarak, que esta na prisão, aguardando junto com o seu sucessor, seu julgamento.

A Líbia esta destruída, a Síria está em uma guerra que o mundo ignora, no Iraque os Estados Unidos estão construindo bases militares de fazer inveja ao enforcado Sadam  Hussein, que foi o ditador que eles derrubaram. No Líbano, as diversas facções jogam bombas e promovem atentados que só aumentam a instabilidade na região. E os países ricos do Golfo brigam entre si mais do que os russos e ucranianos por causa do apoio de uns, como  o Qatar, aos extremistas islâmicos. E o Qatar, organizando a Copa do Mundo com apoio dos terroristas islâmicos, só pode nos dar a tranqüilidade de que não haverá problema. Não por último, continua, desta vez com um sorriso nos lábios, a construção da bomba atômica pelo Irã, cujos dois cidadãos viajaram com passaporte roubado no avião da Malásia que desapareceu. Mera coincidência, após mais de 20 anos de atentado dos iranianos em Buenos Aires, quando mataram um grande número de judeus.

O Oriente Médio, de onde o mundo recebe boa parte de seus insumos energéticos, é cada dia mais controlado pelos extremistas islâmicos e eles apresentam uma ameaça cada vez maior à segurança e paz do resto do mundo. Eles não atuam só lá, mas também na África, veja o Sudão do Sul, Mali, a República Centro Africana ente outros, e na América Latina, apesar da nossa ignorância voluntária do assunto.

E nesse contexto, os Estados Unidos e a Rússia não conseguem dialogar, o que é muito preocupante. Sem a cooperação dos dois, o mundo fica à mercê dos extremistas, que estão só crescendo.


Stefan B. Salej
27.3.2014.
Do Mar Negro

Após o encontro dos Ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos e da Federação Russa em Londres, sem conclusão mas sobrepondo a diplomacia à disposição bélica dos dois, só  resta confirmar o resultado do plebiscito no domingo na Crimeia, região de porto militar russo ainda parte da Ucrânia. A previsão do resultado é fácil: independência da Ucrânia. Ou pela presença militar dos russos, ou pelo aumento desta presença, ou seja mais navios de guerra e tanques, ou pela maioria da população de origem russa, o fato é que nasceu mais um novo país. Agora, outra dúvida que não existe é se a Crimeia independente será ou não vizinha amiga do urso russo. Independente de forma jurídica, país independente ou integrado à Federação Russa, vai fazer parte da aliança político-militar da Rússia.

O novo país não será reconhecido por um bom tempo pelos países da União Européia, nem pela vizinha Ucrânia, da qual se separou sob as miras dos fuzis russos, mas terá a proteção destes mesmos fuzis. E a Rússia vai ser objeto de sanções dos países ocidentais, ao mesmo tempo que também vai aplicar sanções aos ocidentais. Ou seja, ruim para todos enquanto não chegarem à conclusão de que está tudo perdido e tudo ganho. A guerra da Crimeia que, por enquanto não provocou nenhuma morte, ao contrário dos outros eventos históricos na região, mudou o mundo neste início de século de forma que nada mais será igual. E, quanto ao reconhecimento, há o Kosovo, na antiga Iugoslávia, que tem todo o apoio dos Estados Unidos, nenhum da Rússia, e até hoje não é reconhecido pela nem Espanha  e nem Brasil. E está lá, esperando para ser parte da grande Albânia.

A Ucrânia, cujo Primeiro-Ministro teve momentos de glória visitando a Casa Branca, recebeu promessas de recursos, apoio financeiro e tudo o mais do Presidente Obama e da União Européia. Com esta última vai assinar um acordo e agora esperar para ver. Pegue a ficha e espere, está escrito e têm muitos na fila para receber o prometido pelos Estados Unidos e a União Européia.

As lições  desse episódio para Brasil são claras. A primeira é que o país ainda não é ator importante na política internacional. Tudo se passou à margem, ninguém perguntou nada e nenhuma posição clara do governo brasileiro foi dita até agora. Dois, é que  manter fronteiras definidas e sem ameaças externas é um patrimônio  nacional de valor inestimável que os brasileiros ainda não sabem valorizar. Três, que a região em torno de Rússia, onde há muitos investimentos europeus, é de muito risco. No Brasil, não existe risco político para o investidor estrangeiro, portanto isso pode ser um dos pontos a favor para novos investimentos no nosso país. E não por último, o celeiro da Europa, Ucrânia, vai demorar para produzir grãos na quantidade que produzia, o que pode provocar aumento de preços dos produtos agrícolas que Brasil exporta.

Mas, tudo tem que ver com um futuro que de fato ninguém sabe como será.


Stefan B. Salej
14.3.2014.
Do chavismo imaduro

O primeiro aniversário da morte do Comandante Hugo Chavez, ex-Presidente da Venezuela, foi comemorado dentro do melhor estilo de quem não reconhece a grave situação que o país vizinho ao Brasil vive: falta de alimentos nas prateleiras e cozinhas, manifestações que já produziram 16 mortes, centenas de feridos,  ainda sem fim, e um discurso do Presidente Maduro cheio de ataques a todos e todas e, em especial, imaginem a quem: ao Panamá. Em resumo, se o  governo venezuelano acha que o Panamá, que pediu uma reunião especial sobre a crise no país na Organização dos Estados Americanos, é um perigo, temos uma situação de miopia política grave.

A situação e os conflitos venezuelanos estão crescendo e nada indica uma solução a curto prazo. O mundo esta olhando para a Ucrânia que, apesar de não ter o petróleo que a Venezuela possui, é um caso que afeta o equilíbrio mundial. Mas a Venezuela, com seu desequilíbrio, afeta em muito as Américas, o continente onde está o Brasil. Os Estados Unidos ainda recebem muito petróleo de lá e, ao sairem do inverno rigoroso, diminuem a pressão no fornecimento venezuelano. Até recentemente, apesar de toda a retórica, as relações petroleiras entre os dois países não apresentavam problema. Efetivamente, os Estados Unidos não estavam felizes com Chavez, mas também não conseguiram tirar ele de lá.

Com a invasão russa e, dependendo da solução da crise na Crimea, a eventualidade de  intervenção militar ganha novos contornos. A chance de os americanos invadirem Caracas é pequena, mas outras formas de intervenção ganham asas. E a questão mais importante é que Chavismo, chamado oficialmente de Bolivarismo, fracassando onde foi concebido, leva com ele toda a onda de esquerda que se espalhou pela América Latina em várias formas. E se um sistema político não consegue, com os recursos financeiros vindos do petróleo que tinha a Venezuela, manter a estabilidade econômica e o bem-estar social, como será um exemplo para outros? Sem falar nos laços entre Havana e Caracas. Não há duvida alguma de que o controle das forças de inteligência e segurança da Venezuela hoje pertence aos cubanos.

O pior cenário, no país vizinho, é de instabilidade  e piora da situação econômica. Quanto pior, melhor para os opositores do Chavismo, seja em casa ou no exterior. Mas, quanto pior, é muito ruim para Brasil, para quem Caracas deve muito, mas muito dinheiro. E mais, perturba todo o Mercosul, onde a Venezuela entrou empurrada por Brasília. E um mercado razoavelmente bom para produtos brasileiros está desaparecendo. Em acontecimentos do passado, o Brasil soube exercer sua parceria, que deu estabilidade à região. E no ano de Copa, eleições e outras crises, saberá fazer isso?


Stefan B.Salej
6.3 .2014.