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Thursday 19 June 2014

Da Ucrânia que não é Venezuela

Como, segundo o Ministério da Educação, o nosso sistema de ensino está melhorando muito, as crianças devem saber que Venezuela não é Ucrânia. Ou seja, são dois países situados  geográficamente em continentes diferentes e com historia bem distinta. Mas, os dois estão  hoje em dia em ebulição democrática. Os protestos nas ruas dos dois países são similares em força dos manifestantes e reação dos governos. Na Ucrânia, onde manifestações  apoiadas pelo mundo ocidental, leia-se União Européia e Estados Unidos, levaram à mudança do governo e o teórico distanciamento do poderoso vizinho Rússia, o jogo está na preliminar. O país rico está quebrado e apresentando a conta de sua guinada para o ocidente: 50 bilhões de dólares.

É aí que a situação começa a ser preocupante. Ou a União Européia, quebrada e tentando sair da crise, banca com Washington essa reviravolta, ou então a situação só vai piorar. Um abraço derramado da chefe da diplomacia européia Lady Ashton na ex-primeira ministra ucraniana saindo da prisão foi um abraço de falsidade diplomática. O maior país fora da Rússia no Leste Europeu precisa não de amor, mas de dinheiro para se erguer. E fazer qualquer coisa com os vizinhos russos, que não tome em consideração os interesses do urso, leva a lembrar a conclusão de um dos mais famosos diplomatas americanos, George Kennan, que escreveu que os russos tem só dois tipos de vizinhos: amigos ou inimigos que procuram transformar em amigos. Assim é o jogo lá.

E o jogo na Venezuela, que é nosso vizinho, como é? A crise econômica e social está além do suportável pela população. Falta até papel higiênico. Faltam alimentos nas lojas. As contas externas não são pagas. O discurso que empolgava, as promessas e a veemência da luta contra o imperialismo não transformaram a realidade. O dinheiro que jorra da riqueza incalculável do petróleo se fue! E, como na Ucrânia, sobram os mortos pelas forças de segurança. Jovens, patriotas.

Apesar de termos uma das maiores populações de ucranianos fora da Ucrânia, mais de meio milhão, e uma empresa mista para lançamento de foguetes (um investimento de 500 milhões de reais), é a Venezuela que é vizinha e deve mais de 80 bilhões de reais ao Brasil. Os Estados Unidos sabem que, se cair o regime  bolivariano de socialismo do século XXI, enfraquece-se o regime cubano. É o domino dos regimes de esquerda na América Latina.

Afirmar nada a ver com quem deve tanto, pergunte aos empreiteiros brasileiros, é ignorar a realidade, inclusive porque Venezuela faz parte do Mercosul. Aqui também o jogo está na preliminar e os russos somos nós. Pode ser que não tenhamos um conceito claro da amizade com os vizinhos, mas eles assim mesmo são vizinhos e devem dinheiro.

Stefan B. Salej

27.2.2014.
De Bruxelas a Caracas

Os estadistas se reúnem para avançar nas relações entre os países. Assim foi a reunião dos presidentes dos Estados Unidos e França, novamente a do francês e líder do governo alemão, em conjunto com os ministérios dos dois países, e a reunião dos líderes dos países que compõem o NAFTA, o acordo de livre comércio dos países do Norte das Américas, que faz 20  anos, Estados Unidos, México e Canadá. E sem falar nas reuniões que não decidem nada, mas avançam, que são sobre energia atômica no Irã e conversações sobre paz na Síria em Genebra.

Mas, terminam os jogos olímpicos de inverno, sem maiores acidentes e um desastre esportivo para Rússia, que foi eliminada no esporte rei dos invernos, o hóquei no gelo. E como pano de fundo, a violência continua na Ucrânia, onde se definham os interesses ocidentais no  território  geopolítico russo. E, na nossa vizinhança, irrequieta Venezuela, que deve ao Brasil uns 30 bilhões de dólares. Além das já quase tradicionais disputas africanas como as do Mali, República Centro Africana e Sudão do Sul.

Tudo isso é pano de fundo rosa para a Cúpula Brasil - União Européia, com a reunião empresarial e a presença da Presidente brasileira em Bruxelas, após o encontro com o Papa Francisco. Ao final da Cúpula do ano passado em Brasília, na declaração final dessa parceria estratégica, falou-se de tudo em 47 artigos. E dizem que quando se fala muito, não se diz nada. Este ano, quando haverá eleições européias e os interlocutores como o português Barroso, de direita, vão desaparecer do palco, o foco será o acordo de livre comercio entre o Mercosul e a UE. Os europeus avançaram em muito em negociações com os Estados Unidos e mais: querem fazer um acordo com Cuba, amplo, geral e irrestrito. Os dois acordos afetam profundamente Brasil e, por enquanto, para pior.

O acordo entre o Mercosul, que desde 1995 se tenta negociar com a União Européia, não depende de lista de produtos e sua desoneração, mas de estabilidade política e econômica do próprio bloco sul-americano. E portanto, mesmo que, com cinismo ímpar,  os europeus ameacem de retaliações contra Brasil, devido aos  incentivos da Zona Franca de Manaus, da qual usufruíram e muito, o problema passa a ser a Venezuela, onde a instabilidade democrática do continente está passando dos limites. Como estão unidos os dois, Estados Unidos e União Européia , em mudarem o regime  na Ucrânia, não tenha dúvida de que, em princípio, nenhum dos dois blocos quer a continuidade do fracasso do Chavismo. Derrubado na Venezuela, cai o bolivarismo na América Latina.

A negociação da lista que será facilitada por acordo entre a  Argentina e Espanha, no caso de nacionalização da petroleira Repsol, é marginal mas fundamental do ponto de vista técnico. A estabilidade econômico-financeira e, não no final, democrática dos membros do Mercosul é que vai ter que ser explicada para os europeus que, por outro lado querem tirar, com a fraqueza do bloco, o couro dos latino americanos.

Stefan B. Salej

20.2.2014.
 
Dos jogos e sangue

Enquanto na bucólica Sochi, no Mar Negro, Federação Russa, estão ocorrendo até agora às mil maravilhas os Jogos Olímpicos de Inverno, inclusive com a participação de atletas brasileiros em número nunca antes visto, o mundo continua com seus problemas, seus malogros e suas tristezas. Os críticos que vêem na organização russa dos jogos tudo errado, acharam também que os russos exageraram nos investimentos nos jogos : 120 bilhões de reais. Eles pelo menos são felizes em saber quanto gastaram e como pagaram. Nós até agora não vimos nenhuma contabilidade transparente nem da Copa e nem dos Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro daqui a dois anos!

Mas, a notícia internacional  importante vem de outra parte. Na verdade, vem da avenida que leva os torcedores para o Mineirão, onde está situado o Clube Sírio de Belo Horizonte. Tudo indica que milhares de torcedores na Copa vão passar em frente dessa  casa modesta, sem terem em mente o banho de sangue que esta acontecendo na Síria. Após dois anos de massacre, com mais de dos milhões de pessoas refugiadas, mais de duzentos mil mortos, cidades destruídas, um pequeno comboio das Nações Unidas conseguiu entrar na cidade Síria de Homs, terra de origem de inúmeros brasileiros,  para trazer água, remédio, comida e tirar as crianças de lá.

Uma vitória da impotência, do bem versus o mal. Como um refugiado declarou na televisão: Genebra ( onde estão mantendo as conversações de paz) para cá e para lá, e nós morrendo enquanto isso. A guerra na Síria, onde cada décimo combatente é  europeu e onde cada vez mais combatentes são de outros países islâmicos, já é um conflito internacional há muito tempo. A ele se juntam os conflitos na África, como do Sudão do Sul, República Centro Africana, Mali, e os já tradicionais conflitos no Egito. Sem falar no Iraque e Afeganistão, cujo presidente assistiu à inauguração dos Jogos Olímpicos em Sochi como se no seu país reinasse a paz celestial.

A lista não termina aqui. Na Tailândia, que há alguns anos sofreu um desastre natural, tzunami, de grandes proporções, as ruas gritam por mudanças. O conflito na gelada Ucrânia, onde há semanas os protestos não param, deixa claro que a divisão do mundo entre grandes potências não terminou. E entrou de novo na lista a Bósnia. Aquele país dos Bálcãs, onde começou a Primeira Guerra Mundial, teve combates memoráveis na Segunda Guerra contra nazistas e foi o palco de conflitos sangrentos na divisão da Iugoslávia na década de 90. A Bósnia esta em revolta, algo nada bom.

Parece que temos dinheiro para jogos, mas não para combater a fome (o Haiti ainda existe), para educação e bem estar. Somos uma humanidade, que, mesmo com democracia, preferimos sangue e jogos do que bem estar. E muitos sírios no Brasil dizem : que bom que saí de lá  e estou nesta paz aqui. Ganhando dinheiro.

Stefan B.Salej

12.2.2014.

Dos corruptores gringos


Empresários mineiros que venderam a sua empresa após 40 anos navegando nas águas  turvas do mercado brasileiro a um grupo espanhol orgulhavam-se e achavam que um dos ativos mais importantes da empresa era a sua gestão transparente. Sem propina aos compradores, fiscais, ou seja quem fosse, era um ativo importante para eles. E os espanhóis, com aquela franqueza ibérica glacial, chamaram os mineiros simplesmente de idiotas por não saberem fazer negócios no Brasil, onde você corrompendo, principalmente na área elétrica, pode ganhar mais dinheiro do que em qualquer outro país!

E esta semana, pela primeira vez, a União Européia, oficialmente declarou que, em todos os seus membros, existe corrupção. E que traz prejuízos em mais de 360 bilhões de reais ao ano aos seus contribuintes. Acabou-se o cinismo de dizer que a corrupção, e em especial no setor público, é privilégio dos sub-desenvolvidos. Mas, não acabou de todo porque a imprensa  européia quase não falou desse estudo de 41 páginas e a funcionária da União Européia foi enfática ao declarar que isso é só o inicio e que medidas práticas ainda serão tomadas. A maior parte desse processo corruptor acontece nas áreas de saúde, construção civil e desenvolvimento urbano e na de telecomunicações. Portanto, até nesse ponto os europeus estão se desenvolvendo bem.

E aí lembramos das estórias dos primeiros portugueses chegando ao Brasil, já oferecendo bugigangas aos nativos. E daí em diante, os que vieram trouxeram práticas que, justiça seja feita, também encontraram terra fértil na Brasilea, que foram só sendo aperfeiçoadas. O caso mais recente de duas empresas européias, Alstom e Siemens, é só a ponta do Icebergue da contribuição nessa área que trouxeram para Brasil. É comum achar, como aqueles espanhóis que se implantaram aqui, que no Brasil só se ganha dinheiro com corrupção. Mas se esquece que, sem os corruptores, não há corruptos.É incrível que as empresas cujos governos são mestres em dar lições de moral sobre como o país deve combater a corrupção, exercem práticas que lá são ilegais, com a maior tranqüilidade, no Brasil.

Agora o cinismo só vai aumentar, porque os europeus podem, com  exceção dos alemães que hoje já possuem uma  legislação que proíbe as empresas atuando no exterior de pagar propinas, corromper fora dos seus países. A nova legislação brasileira é um grande avanço quando aplicada direito. Mas, o que de fato falta muito e muito mesmo é, que em vez de termos medo dos corruptos, enfrentemos também os corruptores. E ai, não tem nacionalidade nem origem. Quem sabe com isso em vez dos empresários criticarem que há corrupção, adotem o NÃO em todas as suas formas e conteúdos. Inclusive na política.


Stefan B. Salej
5.2.2014.


 
Dos emergentes em desenvolvimento

Na época da ditadura militar no Brasil, que aliás no mês de março próximo fará 50 anos que começou justamente em Minas Gerais, prendia-se a torto e a direito. Assim, prenderam um advogado que exigia prisão especial. Tinha direito, pela lei também desrespeitada a torto e a direito. O Coronel do exército onde o cidadão estava preso atendeu às reclamações do advogado. Na mesma cela imunda,  cheia de sangue na parede dos torturados, colocou na porta de fora a placa: Prisão especial. E mandou cobrir o preso de porradas para calar a boca.

Era o Brasil em desenvolvimento. Aliás, o Brasil tinha economistas e sociólogos  mundialmente famosos, como Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, com suas teorias sobre o desenvolvimento. Ou nosso sub-desenvolvimento. E aí os banqueiros resolveram trocar, como o coronel, a placa: os emergentes, BRICS. E na última semana durante os dias maravilhosos que a elite econômica mundial passou em Davos, na Suíça, discutindo como melhorar o mundo no qual 85 trilionários, pessoas físicas, para não  termos dúvida,  possuem a riqueza correspondente a três bilhões de outros cidadãos comuns, mudaram a nossa placa de novo: países frágeis. India, Indonésia, Africa do Sul, Turquia  e nós, ex-emergentes. Aí, no meio do solo do discurso brasileiro, tentando convencer esse mundo maravilhoso de investidores estrangeiros de que o Brasil merece crédito porque temos uma administração  econômica maravilhosa, a vizinha Argentina desvaloriza a sua moeda e puxa o gatilho de uma crise nos mercados de câmbios dos ex-países em desenvolvimento, agora emergentes. E no meio dessa crise,  enquanto o  Banco Central turco tomavam  decisão de administrar a sua moeda à meia noite e reagia, os países  latino americanos, reunidos sob a égide da nova organização CELAC,  discutiam em Havana, tudo inclusive como Cuba é linda, com exceção da crise financeira que ainda não acabou.

Os Estados Unidos estão saindo da crise, o banco central norte-americano anunciou menos dinheiro barato para a economia e mais controles  sobre bancos, e a China, que está dando sinais claros de crescimento um pouco menor, continua sólida. A crise da Europa passou para os emergentes e o dinheiro vai fluir para os Estados Unidos, Europa e China, em menor escala. Por isso, por mais que se diga que nada temos a que ver com a  Argentina e a sua crise, o fato é que vai faltar dólar para cobrir as contas no Brasil. Os investimentos estrangeiros, mesmo com toda a conversa existente, estão secando. Veja quanto o setor automobilístico investiu, quanto de benesses recebeu e quanto remeteu. Só as autopeças são deficitárias em dez bilhões de dólares. E tem mais, a nossa fragilidade são as reformas política e fiscal, e a prioridade agora é a Copa, com  estádios. É, trocaram a placa mas o resto continua o mesmo.


Stefan B. Salej
30.1.2014.
 
De Davos a Havana

Nos últimos dias, estava fervendo na gelada Suíça. Em Davos,  misturaram-se no Fórum Econômico Mundial mais de 40 chefes de governos, entre eles Dilma Roussef, com mais de 3000 empresários, políticos, formadores de opinião pública, contestadores da Ucrânia e Síria. Em mais de 300 eventos, foi debatido de tudo o que alguém possa imaginar. E muitos dos chefes de governos ou ministros, como o indiano das finanças, apresentaram  argumentos fortes para convencer os banqueiros a investir mais nos seus países. Alias,
o que o Brasil também fez. Com a cabeça erguida e argumentos fortes e espírito soberano, disse-se com todas as letras que o Brasil está no caminho certo. Mesmo que espionado pelos americanos, que ainda nos castigam com a valorização da sua moeda, o Brasil vai para a frente. Algo no estilo os cães ladram e a caravana passa. Se convenceu ou não, só saberemos no futuro. Mais prático e pé no chão foi o Governador Antonio Anastasia, que sabia o seu papel. E só manteve contatos para trazer investidores para Minas, que ficou muito mal no retrato com o episódio da Anglo American, tratada mais como inimiga do que como amiga ( a estrada pela qual deram 200 milhões para uma entidade governamental ainda não viu a cor de asfalto ). Contatos reais do mais alto nível.

Mas a efervescência continuou com os encontros no Comitê Olímpico Internacional e na FIFA. O Ministro dos Esportes deixou a própria Presidente tratar diretamente dos nossos
probleminhas. Para que temos ministro nessa área se ele, em vez de proteger a Presidente, a expõe, perguntaram uma vez já na antigüidade. Os presidentes das duas entidades são recebidos pelos chefes dos governos porque, independentemente de toda a retórica, as duas organizações cuidam mais de ganhar dinheiro do que de esporte. Que o digam os sul-africanos, que organizaram última Copa, e os russos que gastaram 51 bilhões para os jogos olímpicos de inverno, que começam em fevereiro.

E a outra reunião foi a sobre Síria. Quarenta chefes de diplomacia, entre os quais um representante brasileiro, tentarão mais uma vez encontrar uma solução para a tragédia que  passa ao vivo e a cores todo dia perante nossos olhos e nossa indiferença. Dois milhões de refugiados, mais de 200 mil mortos, crianças e mulheres, com famílias inteiras destruídas. Pela história e valores que Brasil representou no mundo e com a comunidade Síria no País que tanto contribui para o seu desenvolvimento, essa reunião não podia ser nada mais do que de importância primordial.

A numerosa  delegação brasileira seguiu da gelada Suíça para Havana. Do lugar onde o Brasil  era  um dos "convenci os outros"  para o lugar onde é venerado e querido. E pudera, com créditos  a longo prazo, Cuba deve aos países da União Européia há mais de 20 anos e não paga, enquanto médicos cubanos trabalhando no Brasil trazem divisas para o Pais. Do gelo para alegria tropical.


Stefan B. Salej
22.1.2014.







 
Da Malacacheta e Davos

Os eleitores do deputado Fabio Ramalho em Malacacheta, no norte de Minas, provavelmente não sabem nem onde fica a aldeia de Davos, na Suíça, e muito menos o que os visitantes fazem naquela cidade. E estes, com certeza absoluta, não tem nenhuma idéia de onde fica essa cidade mineira e de que vivem os seus habitantes. Mas a Presidente Dilma sabe e conhece uns e outros. E vai a Davos ver os seus visitantes, que parecem marcianos aos mineiros do Norte, de tão distantes, para falar do Brasil de Malacacheta. Simples assim, no inverno gelado, com temperatura de dez graus abaixo de zero em Davos e 35 graus acima de zero em Minas.

Lá na Suíça estão o que o Ministro da Fazenda do Brasil chamou de  nervosinhos, ou seja, banqueiros que estão ansiosamente esperando bons números sobre a economia brasileira para investir mais. Os investidores estrangeiros precisam acreditar que o Brasil está indo bem, para colocar mais dinheiro. E Dilma, com sua corte, tentará fazer isso, dar confiança aos mercados. O Fórum Econômico Mundial, um centro de debates e estudos, para o qual a Fundação Dom Cabral de Belo Horizonte prepara estudos sobre Brasil, é uma instituição respeitada pela capacidade de trazer para os seus quase 300 eventos em três dias, no final de cada janeiro, líderes políticos, pensadores e até artistas, para debater o mundo e suas mazelas e alegrias.

Este ano vão falar muito da Síria, Ucrânia, sempre dos Estados Unidos, China, Índia, África do Sul, América Latina, do meio ambiente, de tecnologias e inclusive da espionagem norte-americana. A quantidade de opiniões emitidas  e de conselhos a terceiros é de tal proporção que resolveria os problemas do mundo para no mínimo dois séculos. Mas, no programa oficial na data de hoje, a nossa Presidenta não terá uma sessão especial e exclusiva, como os representantes dos outros países. Claro que isso pode mudar.

O Brasil, que fundou também o ante-Davos, o Fórum social de Porto Alegre, apesar dos dados econômicos nada alvissareiros, é um país importante no cenário mundial. Em Davos, não entra pela porta do fundo. Mas, entrando pela porta de frente, tem que mostrar com seriedade e profissionalismo que merece seu lugar de respeito. O público que estará lá não vota como o de Malacacheta, mas decide eleição. E enquanto uns estão satisfeitos com a Bolsa família, outros querem a Bolsa tubarão. Como convencê-los de que, mesmo não conseguindo os resultados que todos desejamos, podemos conseguir melhores resultados. Pode ser que a verdade, e não a criatividade contábil pública, seja um bom caminho. Nem em Malacacheta e nem em Davos há bobos!

Stefan B. Salej
10.1.2013.