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Wednesday 13 March 2013

MALVINAS,FALKLANDS,ARRUBA,BERMUDA.....COLONIAS



Das Malvinas

O referendum nas Ilhas Malvinas, ou Falklands, como as chamam os britânicos, com a pergunta se você quer que as ilhas continuam britânicas, é uma das boas anedotas políticas deste ano. Perguntar aos 1800 eleitores dos 3 mil habitantes de uma ilha de 12 mil km2 com a maior renda per capita da América do Sul, três vezes superior à brasileira, sendo que nenhum deles é argentino, mas todos são súditos britânicos, se preferem receber dinheiro de Londres ou de Buenos Aires, é redundância política. Todos sabiam que mesmo fazendo frio e tendo que cuidar de quase um milhão de ovelhas na ilha, ninguém é suficientemente bêbado para votar a favor das ilhas serem Malvinas em vez de Falklands. E ninguém esqueceu a fracassada invasão Argentina de 1982, que custou a vida a muita gente dos dois lados.

Mas, a questão está longe de ser resolvida. Os  argentinos, que aprendem desde criança que "las Malvinas son argentinas", não vão desistir de querer as ilhas de volta após  quase três séculos de dominação de terceiros. Como e quando será resolvido esse impasse, ninguém sabe. Num artigo recente publicado pela Bloomberg, foi demonstrado que os britânicos deixaram suas colônias, como a Índia, por exemplo, quando o trade off não fechava. Ou seja, quanto o custo de manter o território não era mais suportado pelo tesouro britânico, que gastava mais do que a colônia contribuía. E a descoberta de  petróleo nas proximidades das ilhas pode ser um fator que pese.

As Malvinas não são o único território europeu na América Latina. A maior fronteira da França é com o Brasil, a Guiana Francesa. Também lá a renda per capita é maior do a que brasileira, mas muito abaixo da francesa. Dos 60 mil trabalhadores, 70 % trabalham diretamente para o governo. Certamente você se lembra do filme Le Papillon, com Dustin Hofmann, sobre as prisões na Guayana Francesa. Ou o acidente com o foguete espacial Arianne lançado de lá, importante base espacial francesa.

Os holandeses têm, cara a cara com a Venezuela, as Antilhas holandesas com Arruba, os britânicos ainda têm algumas outras ilhas no Caribe e as lindas e organizadas ilhas Bermuda. Sem falarmos da Antárctica e da Groenlândia, que pertence com seu urânio à Dinamarca.Portanto, muito mais do que qualquer outro continente, é a America Latina que ainda é colonizada. No momento não há movimentos de libertação nesses territórios, mas há movimentos de insatisfação porque, com  muita ajuda, o nível de vida pode ser superior nos padrões latino americanos, mas está longe de estar perto de padrões europeus. Colônia é colônia, e o retrato das Américas ainda não esta terminado.

Thursday 7 March 2013

CHAVISMO VAI SOBREVIVER SEM CHAVEZ



Do Chavismo sem Chavez

Morreu foi Hugo Chavez, Presidente eleito da República  Boliviriana da Venezuela. Amado  por milhões e detestado pela direita mundial, manteve-se no poder por 14 anos, resistindo a todos os tipos de ataques,  inclusive ao famoso "Cala-te" do Rey da Espanha, como inventor de Socialismo do século XXI. Não faltaram tentativas de tirá-lo do poder. Não faltaram discursos inflamados contra seus inimigos e principalmente contra o governo Bush dos Estados Unidos.

O legado histórico da liderança do Hugo Chavez vai demorar a ser absorvido após a sua morte. As contradições que produzia na política internacional são difíceis de serem entendidas fora do contexto venezuelano. No campo interno, combateu a pobreza e deu uma esperança nunca alcançada pelos menos favorecidos naquele país. Mas, não conseguiu a estabilidade econômica, nem dominar o simples abastecimento ou pior, a inflação. A riqueza do petróleo não foi suficiente para criar uma base sólida de desenvolvimento.

Paradoxalmente, no campo externo, Chavez criou alianças impossíveis como com o Irã e a Bielorussia, continuou fornecendo petróleo para o seu principal cliente e arqui-inimigo, os Estados Unidos, para onde mandava gasolina mais barata para os  pobres, fez uma aliança com Cuba que deu sobrevida ao regime cubano, e conseguiu que seu país entrasse para Mercosul. Articulou a Aliança Bolivariana, ajudou a formar a UNASUL e outros organismos regionais políticos e financeiros. Foi uma figura ativa da política internacional e, em especial, latino-americana. Mais do que o "Socialismo o muerte" declamado pela guarda presidencial aos visitantes estrangeiros, ele trouxe de volta ideais do libertador das Américas, Bolívar.

A eleição para o próximo Presidente de Venezuela, em que o atual Vice-Presidente Maduro será um forte candidato, não garante a estabilidade política e muito menos econômica ao quinto produtor de petróleo do mundo. A Venezuela terá que enfrentar uma remodelação econômica para dar sustento ao seu modelo político, seja ele socialismo ou bolivarismo. E a sua eventual instabilidade não afeta só o mercado de petróleo, mas principalmente as exportações brasileiras de serviços e equipamentos para aquele país. O Brasil tem, além da amizade, um interesse econômico impar com a Venezuela, que pode afetar profundamente a nossa economia. E o vácuo político, nem que seja mínimo, será aproveitado após o enterro do Chavez por todos os que não tiveram espaço durante o governo dele. Em jogo está mais do que só a felicidade do povo venezuelano ou a ideologia.


Stefan B. Salej
7.3.2013.