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Thursday 22 November 2012

CALLA TE AMERICA LATINA.HABLA IBERIA.



Da Ibero-América

Portugal e Espanha eram potências mundiais há alguns séculos. Promoviam a descoberta de novos mundos e conquistavam territórios. Inclusive o Brasil e a América Latina. Guerreavam por terras e por religiões. Expulsaram os judeus dos seus domínios no século 15 e instituíram a terrível Inquisição. O último território deixado por espanhóis na América Latina foi Cuba, no início do século passado. Os portugueses  entregaram  Macau para os chineses bem recentemente. As colônias portuguesas na África sofreram guerras terríveis para se livrar do jugo português. E a Espanha ainda tem seu enclave africano no Marrocos. Os dois países apoiaram o nazi-fascismo durante a Segunda Guerra e ficaram sob o jugo dos respectivos ditadores, Franco na Espanha e Salazar em Portugal, até a morte deles, na segunda metade do século passado.

Os dois países se tornaram  democráticos, a Espanha  monarquia e Portugal, república. Os dois se associaram à União Européia, da qual receberam bilhões de euros de ajuda, deram a volta por cima, se desenvolveram  e endividaram para cair em profunda crise social, financeira e econômica. Há quase vinte cinco anos, organizaram uma Secretaria Ibero-Americana com sede em Madrid, com o objetivo de manter as relações com os países ibero-americanos sob seu controle. E em seguida  garantiram na União Européia o domínio de sua relação com a América Latina. A maioria absoluta dos funcionários da Comissão Européia que tratam com o continente, inclusive os Embaixadores da UE na América Latina, são portugueses e espanhóis.

O ponto alto dessas atividades é a Cúpula Ibero Americana dos Chefes de Estado e de Governo. Este ano foi em Cadiz, na Espanha, e a Presidente Dilma participou.Tanto espanhóis como portugueses aproveitaram a onda de privatizações no continente e investiram muito. Só a empresa Telefônica tem nele quase 200 mil funcionários. E como as duas economias estão em crise e a economias latino-americanas menos, é natural que o tema principal da reunião tenha sido como a América Latina pode salvar a economia espanhola. E como o desemprego na Espanha é o maior problema, como ajudar de novo a emigração espanhola. No  caso do Brasil, essa mão de obra pode até ser bem vinda, mas definitivamente os espanhóis têm que parar de maltratar os brasileiros quando chegam lá. A arrogância espanhola não permite uma relação mais eqüitativa e equilibrada. E sem isso será difícil avançar  nas relações entre os dois países. Você se lembra do Rey da Espanha na Cúpula em Santiago do Chile mandar o venezuelano Chavez calar a boca? Agora não acontece mais isso, mas ainda continuam falando sem ouvir.

Thursday 15 November 2012

Das minas e mineracoes



Das minas e minerações

Da terra não vêm só alimentos. Dependendo do clima, há mais de uma safra. Dependendo de como se trata a terra, ela sempre produz para a nossa sobrevivência. Mas a terra também tem minérios, cuja transformação é outra base de sobrevivência humana e de progresso. E o negócio de mineração no mundo inteiro esta vivendo uma fase de reflexão ou crise.

Em primeiro lugar, a  exploração desenfreada, que gera desenvolvimento desigual, seja dentro de um país minerador, seja em termos regionais, não terminou. Criaram-se grandes empresas mineradoras que dominam a exploração mineral no mundo.Quatro ou cinco, entre as quais esta incluída a brasileira Vale. Projetos gigantescos, investimentos também  gigantescos, lucros enormes, e problemas ambientais e sociais também. Os chineses sempre tiveram noção exata da importância das materiais primas, pois foi com a exploração de tungstênio que Mao financiou a revolução. Hoje exploram bem o mundo inteiro para que sua industria progrida: exploram trabalhadores, terras, meio ambiente e em nada diferem dos exploradores que dominavam o negócios há séculos.

A África está infestada de investimentos que na maioria das vezes são a consequência de uma relação política incestuosa. Os escândalos das empresas brasileiras nas terras africanas, relatadas pela imprensa brasileira, são a ponta do iceberg  de um setor que precisa ter um  modelo de negócio do século 21 e não do século 19, como disse a ex-diretora do Banco Mundial, a sul-africana dr. Ramphele. Na África do Sul, com greves constantes e violentas nas minerações, a questão ainda se torna mais difícil de ser resolvida. E o paradoxo das minas de platina paradas é que, com greves, a produção para, e a falta de produto eleva o preço.

O mundo está cada vez mais dividido entre fornecedores de matérias primas e processadores. O fosso entre esses setores é cada vez maior. Para as regiões mineradoras, urge rever suas políticas de desenvolvimento, seja no Brasil, na África ou na América Latina. O papel do estado como concessionário de riquezas minerais e  as suas compensações devem ser revistos. E as relações sociais, entre quais o fato de que as regiões mineradoras, segundo os  dados de Banco Mundial, apresentam sempre o menor índice de desenvolvimento, devem ser revistas.

Não custa nada lembrar o velho refrão: o minério não dá duas safras. 

Stefan B. Salej
15.11.2012.