Das faltas de água, energia e papel higiênico
Desgraça nunca vem sozinha, diz um provérbio chinês. Enquanto em muitos lugares, e põe nisso muitos, falta simplesmente água para beber, tomar banho e cozinhar, em outros tem enchentes e chuvas castigam e castigam o povo. Mas, além de faltar água na torneira, embora não falte água mineral com ou sem gás para comprar e usar na cozinha e no banho, falta água nós reservatórios das usinas hidroelétricas. E por uma séries de razões de gestão realmente ruim do sistema elétrico liderado pela ELETROBRAS , não é só a falta de água a culpada pela falta de energia elétrica, mas a incompetência dos dirigentes do sistema.
Seja como for, falta água, falta energia, faltam clientes, faltam empregos, falta crédito e sobram impostos, juros altos e pessimismo. Em cada conversa com o empreendedor, que antigamente se chamava comerciante, industrial, dono da oficina, fala-se mais do governo, seja qual for, do que de qualquer outra coisa que compõe o universo empresarial ou ajuda encher o caixa. O caixa com dinheiro e não de água.
Se tem alguma coisa fundamental na época de crise, é enxergar a crise e definir que crise é essa e onde afeta você e sua família. Primeiro, se você é funcionário, não pense que manutenção do seu emprego é só a responsabilidade da empresa e do empregador. Você sabe se negócio vai bem ou mal e pode ajudar a ir melhor. Para começar com diálogo, em vez da transmissão de notícias ou fofocas verdadeiras ou não pela empresa. E se não houver esse diálogo na empresa com os seus colegas e superiores, se você sentir que o barco por falta de soluções está afundando, não espere até último momento para sair, comece a procurar outras alternativas de emprego ou de negócio próprio. Ou seja, planeje para estar bem e não espere para estar mal.
E se for empresário, olhe bem o ambiente em torno de você. Dialogue com seus familiares, mesmo cunhado nessa hora pode ter idéia boa, e principalmente com seus sócios e colaboradores. Em princípio tem mais gente interessada, inclusive seus clientes, em que você vá bem, do que ao contrário. Descanse a cabeça, e raciocine com tranqüilidade para achar soluções. Às vezes, elas estão muito próximas de você, como o queijo que você procura na geladeira e não consegue enxergar. Aí vem o filho e mostra onde está. Simples, mais gente sabe mais do que um só.
O mundo de hoje é digital, é de mudanças mais rápidas do que aceitamos. Às vezes, precisa-se mudar de lugar, achar outro lugar para fazer negócio. Aliás, nada de novo. Os fazendeiros de Minas desbravaram o Mato Grosso, os gaúchos, a Amazônia. Com um clique você muda a informação e muda de lugar. Aliás, se até na novela estão procurando novos produtos, novos mercados, novos lugares e nova gestão, você parado, esperando milagres, só vai ficar fora do negócio.
E para não esquecer, na Venezuela, falta até papel higiênico e papel de jornal. Portanto poderia estar pior.!
Stefan Salej
31.1.2015.
politica internacional, visao de Europa,America Latina,Africa, economia e negocios international politics, business, Latin America-Europa-Africa
Saturday, 31 January 2015
Friday, 30 January 2015
DA FALTA DE REMÉDIOS E PAPEL HIGIENICO
Da falta de remédios e papel higiênico
Os chefes dos governos latino americanos e caribenhos reunidos na Costa Rica, aquele país da América Central que não tem exército e onde há mais de cinqüenta anos o governo da Cuba foi excluído da Organização dos Estados Americanos, dedicaram as discussões principalmente a novas relações da mesma Cuba com os mesmos Estados Unidos. Os 167 milhões de pobres na região ficaram no segundo plano. Das centenas de discursos inflamados, só nos corredores falaram de uma situação calamitosa que esta passando na frente de todo continente, que é a da Venezuela.
No país vizinho falta comida, filas se ampliam nos supermercados, não há nem papel higiênico e mais, faltam remidos além de produtos básicos em uso nos hospitais. Se na década de setenta, situação similar no Chile, com o governo socialista de Salvador Allende, era provocada por bloqueios externos e levou a um planejado caos, provocando o sangrento golpe militar, na rica Venezuela a raiz do problema é outro. O modelo de socialismo do século 21, socialismo o muerte, faliu no seu elementar, que é melhorar as condições da vida dos cidadãos. Quarenta e oito por cento dos venezuelanos vivem na pobreza, sendo que, nos últimos anos, 33 % deles pioraram da vida. A inflação está beirando oficialmente 64 % ao ano, dez vezes mais do que no Brasil, e não há dólares para nada. O dinheiro do petróleo sumiu a tal ponto que, além de faltarem produtos básicos, não há venda de bilhetes aéreos porque as empresas se recusam vender passagens porque o governo não transfere dólares e elas não têm como pagar combustível. Em resumo: um caos econômico inimaginável para um cidadão brasileiro ou europeu.
E culpa é de quem? Quando não é dos Estados Unidos, agora é da queda brutal do preço do petróleo e outras matérias primas que o país exporta. E do povo que protesta porque não tem comida na mesa. O líder dos protestos em 2013, Leopoldo Lopez, e seus companheiros estão presos sem julgamento. E o governo do Presidente Maduro autorizou está semana o uso de munição letal contra os manifestantes nos protestos contra essa situação. Não bastam 43 mortos pelas forças policias nas últimas manifestações. Tem que ter mais mortos e presos para sustentar um regime de políticas fracassadas.
A isso tudo se soma a acusação feita pelo jornal espanhol ABC ao Presidente do parlamento venezuelano e um dos líderes da revolução bolivariana, Cabello, de ser líder do cartel de narcotráfico Soles. A acusações tem fundamento e a Venezuela é sim centro logístico de distribuição da droga colombiana produzida pelos guerrilheiros da FARC.
As reações verbais dos governantes venezuelanos a essa crise que não é de hoje parecem telenovela e não indicam nenhuma solução razoável a curto prazo. E esse é o país que nos deve milhões de dólares, tem fronteira com Brasil e não se sabe como vai pagar. Em resumo, Cuba já foi problema. Hoje a maior ameaça à estabilidade do Brasil se chama Venezuela.
Stefan Salej
30.1.2015.
Os chefes dos governos latino americanos e caribenhos reunidos na Costa Rica, aquele país da América Central que não tem exército e onde há mais de cinqüenta anos o governo da Cuba foi excluído da Organização dos Estados Americanos, dedicaram as discussões principalmente a novas relações da mesma Cuba com os mesmos Estados Unidos. Os 167 milhões de pobres na região ficaram no segundo plano. Das centenas de discursos inflamados, só nos corredores falaram de uma situação calamitosa que esta passando na frente de todo continente, que é a da Venezuela.
No país vizinho falta comida, filas se ampliam nos supermercados, não há nem papel higiênico e mais, faltam remidos além de produtos básicos em uso nos hospitais. Se na década de setenta, situação similar no Chile, com o governo socialista de Salvador Allende, era provocada por bloqueios externos e levou a um planejado caos, provocando o sangrento golpe militar, na rica Venezuela a raiz do problema é outro. O modelo de socialismo do século 21, socialismo o muerte, faliu no seu elementar, que é melhorar as condições da vida dos cidadãos. Quarenta e oito por cento dos venezuelanos vivem na pobreza, sendo que, nos últimos anos, 33 % deles pioraram da vida. A inflação está beirando oficialmente 64 % ao ano, dez vezes mais do que no Brasil, e não há dólares para nada. O dinheiro do petróleo sumiu a tal ponto que, além de faltarem produtos básicos, não há venda de bilhetes aéreos porque as empresas se recusam vender passagens porque o governo não transfere dólares e elas não têm como pagar combustível. Em resumo: um caos econômico inimaginável para um cidadão brasileiro ou europeu.
E culpa é de quem? Quando não é dos Estados Unidos, agora é da queda brutal do preço do petróleo e outras matérias primas que o país exporta. E do povo que protesta porque não tem comida na mesa. O líder dos protestos em 2013, Leopoldo Lopez, e seus companheiros estão presos sem julgamento. E o governo do Presidente Maduro autorizou está semana o uso de munição letal contra os manifestantes nos protestos contra essa situação. Não bastam 43 mortos pelas forças policias nas últimas manifestações. Tem que ter mais mortos e presos para sustentar um regime de políticas fracassadas.
A isso tudo se soma a acusação feita pelo jornal espanhol ABC ao Presidente do parlamento venezuelano e um dos líderes da revolução bolivariana, Cabello, de ser líder do cartel de narcotráfico Soles. A acusações tem fundamento e a Venezuela é sim centro logístico de distribuição da droga colombiana produzida pelos guerrilheiros da FARC.
As reações verbais dos governantes venezuelanos a essa crise que não é de hoje parecem telenovela e não indicam nenhuma solução razoável a curto prazo. E esse é o país que nos deve milhões de dólares, tem fronteira com Brasil e não se sabe como vai pagar. Em resumo, Cuba já foi problema. Hoje a maior ameaça à estabilidade do Brasil se chama Venezuela.
Stefan Salej
30.1.2015.
Friday, 23 January 2015
DO JANEIRO APERTADO
Do janeiro apertado
Realmente o carnaval é necessário e indispensável. E este ano mais do que em qualquer outro. Passamos um ano sofrido com a vitória da Alemanha de sete a zero, a organização da Copa, eleições, aumento de juros e custo de vida, falta de chuvas e enchentes em outros lugares e não sei mais o que mais. Sem falar na queda da bolsa de valores, desvalorização do dólar, queda de preços das matérias primas, com exceção do café. E falta de água e terrorismo internacional. Um ano que passou com poucas alegrias. E aí estamos em janeiro de 2015.
Férias, sol de rachar, temperaturas insuportáveis, black out ou apagão, matança em Paris, racionamento de água em São Paulo e Minas, tudo a mais que a natureza nos dá e tira. E nessa situação pouco se pode influir, apesar de que pode se prever, administrar e reduzir as dificuldades. Mas, como disse um ministro novato quando do apagão que atingiu a maior parte do país, Deus é brasileiro, e assim, os que são responsáveis por isso esperam soluções divinas. E velhos problemas são novos velhos problemas e sem nenhuma solução.
Mas, nem de longe a lista acaba aí. Janeiro é o mês em que vêm cobranças dos impostos e taxas, despesas com colégio e mais e mais. Terrível este mês porquê todo ano essas despesas aumentam mais. E este ano não foi diferente. À choradeira dos governantes de que o caixa está vazio junta-se o aumento de salários dos novos governantes e o escândalos de corrupção onde, como no caso da PETROBRAS, o dinheiro foi desviado como se o Rio Amazonas mudasse de curso. Além dos impostos estaduais e municipais, o governo federal apertou o cinto do Brasil e aumentou os impostos e os juros, apertou o crédito e tudo o mais que tem direito ou não.
O fato é que todas essas medidas vão contrair o mercado, diminuir o emprego, aumentar a inadimplência e retrair os investimentos. Não importa a macro economia, importa impacto dessas medidas na vida familiar e empresarial de cada um. E aí a velha prudência com dinheiro, endividamento e segurança vai valer mais do que nunca. Por outro lado, surgem também oportunidades, às vezes até lamentavelmente com a queda dos concorrentes, que podem ser aproveitadas. E nisso tudo, para os negócios, tratar bem os clientes velhos e achar novos, oferecendo melhores serviços e produtos, será crucial. Da crise sai-se vencedor. Ou derrotado. Decida você o que quer ser e como vai ser. Porque Deus é brasileiro só para o ministro que nunca pagou uma conta sequer do seu próprio bolso. E depois de janeiro ainda há vida e carnaval.
Stefan Salej
23.1.2014.
Realmente o carnaval é necessário e indispensável. E este ano mais do que em qualquer outro. Passamos um ano sofrido com a vitória da Alemanha de sete a zero, a organização da Copa, eleições, aumento de juros e custo de vida, falta de chuvas e enchentes em outros lugares e não sei mais o que mais. Sem falar na queda da bolsa de valores, desvalorização do dólar, queda de preços das matérias primas, com exceção do café. E falta de água e terrorismo internacional. Um ano que passou com poucas alegrias. E aí estamos em janeiro de 2015.
Férias, sol de rachar, temperaturas insuportáveis, black out ou apagão, matança em Paris, racionamento de água em São Paulo e Minas, tudo a mais que a natureza nos dá e tira. E nessa situação pouco se pode influir, apesar de que pode se prever, administrar e reduzir as dificuldades. Mas, como disse um ministro novato quando do apagão que atingiu a maior parte do país, Deus é brasileiro, e assim, os que são responsáveis por isso esperam soluções divinas. E velhos problemas são novos velhos problemas e sem nenhuma solução.
Mas, nem de longe a lista acaba aí. Janeiro é o mês em que vêm cobranças dos impostos e taxas, despesas com colégio e mais e mais. Terrível este mês porquê todo ano essas despesas aumentam mais. E este ano não foi diferente. À choradeira dos governantes de que o caixa está vazio junta-se o aumento de salários dos novos governantes e o escândalos de corrupção onde, como no caso da PETROBRAS, o dinheiro foi desviado como se o Rio Amazonas mudasse de curso. Além dos impostos estaduais e municipais, o governo federal apertou o cinto do Brasil e aumentou os impostos e os juros, apertou o crédito e tudo o mais que tem direito ou não.
O fato é que todas essas medidas vão contrair o mercado, diminuir o emprego, aumentar a inadimplência e retrair os investimentos. Não importa a macro economia, importa impacto dessas medidas na vida familiar e empresarial de cada um. E aí a velha prudência com dinheiro, endividamento e segurança vai valer mais do que nunca. Por outro lado, surgem também oportunidades, às vezes até lamentavelmente com a queda dos concorrentes, que podem ser aproveitadas. E nisso tudo, para os negócios, tratar bem os clientes velhos e achar novos, oferecendo melhores serviços e produtos, será crucial. Da crise sai-se vencedor. Ou derrotado. Decida você o que quer ser e como vai ser. Porque Deus é brasileiro só para o ministro que nunca pagou uma conta sequer do seu próprio bolso. E depois de janeiro ainda há vida e carnaval.
Stefan Salej
23.1.2014.
DO ASSASSINATO ARGENTINO
Os fatos são um filme de terror e horror, porém verdadeiros. Em 18 de julho de 1994, ou seja quase vinte anos atrás, foi atacada a AMIA, Associação Mútua Israelense Argentina em Buenos Aires. Morreram 85 pessoas, argentinos. Em todo este tempo os governos argentinos não quiseram descobrir quem foi o autor de atentado. Houve indicações claras e comprovadas pelo Governo de Israel de que esse ataque, aliás seguido de ataque à Embaixada de Israel, que o ato terrorista foi dirigido pelo governo de Irã e executado pelo seu braço armado no exterior, Hezbollah.
Na semana passada o episódio teve a vítima número 86, Alberto Nisman, procurador que investigava o caso AMIA, que apareceu morto no seu apartamento. E que chegou no seu inquérito de 300 páginas a conclusão simples a estarrecedora: os mandantes eram mesmo os iranianos que estes anos todos tiveram a cobertura do governo argentino. E mais: para que não fossem caçados pela Interpol e sim isentados dos crimes que cometeram, o governo argentino põe tudo embaixo de tapete, aproveita e vende bilhões de dólares de grãos ao Irã, que fornece petróleo à Argentina. Além do aspecto político do caso, faz-se um grande negócio entre os dois governos. Todo mundo ganha, e as vítimas, paciência, foram vítimas!
O Procurador Nisman apontou com provas a acusação na direção da Presidenta Cristina Kirchner e seu Chanceler Timerman. Ele esteve em Alepo, aquela cidade síria totalmente destruída na guerra insana naquele país, em encontro com o Ministro das Relações Exteriores do Irã. E segundo o relatório do procurador Nisman, alí fizeram o acordo final. Tanto a Presidenta da Argentina como seu Ministro negaram, e Cristina Kirchner comunicou via Facebook inicialmente que Nisman se suicidou e depois numa reviravolta incrível, que não foi suicídio. Acusou muita gente, como sempre os outros são culpados, e abriu uma interessante forma de comunicação do governo: via Facebook.
A Argentina, que vive profunda crise econômica e instabilidade política dentro de uma democracia autocrática, está nos seus melhores momentos: não se acham os verdadeiros culpados, não se quer a verdade e se fazem negócios nos túmulos de vítimas. Nada de novo, se lembrarmos que Perón recebia ouro para dar guarita aos nazistas após a guerra e que na mesma semana em que assassinaram o procurador Nisman, dez turistas israelenses no interior do país foram atacados com expressões como Judeus de m.... etc.
A Argentina não resolve a sua relação com os credores externos, faz negociatas com o Irã, não consegue, após vinte anos resolver a questão do atentado da AMIA, tem queda do PIB, das exportações em 12 % , empaca todas as ações do Mercosul, mas a Presidenta vai à China, que está se aproveitando da situação e metendo os pés e as mãos na economia vizinha. É o nosso vizinho e um grande parceiro comercial. E queira ou não um aliado do terrorismo internacional. Haja destempero e paciência para agüentar tudo isso. Até a Venezuela parece boazinha perto da elegância falsa do governo argentino.
Stefan Salej
23.1.2015.
Friday, 16 January 2015
DA GORJETA
Da gorjeta
Quem ainda não recebeu um pedido extra de ajuda financeira por um serviço obrigatoriamente prestado? Ou traduzindo: quem ainda não deu uma gorjeta extra para ter um favor, um problema resolvido ou um negócio fechado? Um policial que entra no bar, no açougue ou na padaria e acha que não precisa pagar e depois chama a vigilância sanitária alegando má qualidade da comida porque cobraram a conta. Ou o fiscal, e haja fiscal neste nosso Brasil, que prefere que você lhe pague o prêmio de produtividade que ele vai receber de qualquer maneira e faz o favor de dividir com você em vez de esperar alguns anos para receber. E os guardas de trânsito e suas multas. Famoso quebra galho. E mais e mais histórias pelo Brasil afora que aumentam o custo de vida, que permite a alguns criarem dificuldades para gerar facilidades.
Esse escândalo da Petrobras é no fundo o desenvolvimento sofisticado de uma cultura da gorjeta, do quebra-galho e de uma ampla aceitação, por todos nos, de que as coisas funcionam assim, e sem jeitinho nada anda. E não anda mesmo! Quem já tentou se contrapor a essa ordem sabe bem das consequências e do sofrimento que teve! Mas, não é só no serviço público, seja de qual natureza for, que, como mostram os escândalos mais recentes, as coisas acontecem. Em muitas empresas privadas, a cultura da corrupção se sobrepõe à cultura da transparência e da honestidade. E, por incrível que pareça, a coisa está pior nas empresas estrangeiras do que nas brasileiras. Os espanhóis, na área elétrica então, são um horror. Desde que a empresa dê lucro e satisfaça a matriz, o que fazem os diretores por aqui nos ganhos extras não tem problema. É sim injusto neste mundo de corruptos e corruptores dizer que só os políticos, só os funcionários públicos, só as empresas públicas e só os brasileiros são parte desse mundo modestamente chamado da gorjeta e do quebra galho. Todos o são, sem exceção, e todos colaboram para isso.
Enquanto milhões se deliciam e aplaudem na TV as ações contra os grandes corruptos, sejam do mensalão ou da Operação Lava Jato, o resto continua. A corrupção diária, ou melhor, de minuto a minuto, que acontece e da qual participamos, continua. Só vai mudar com a aplicação da legislação e a crença de todos nós de que o Brasil, e você nele, pode crescer e se desenvolver, sem jeitinho e sem quebra galho e sem gorjeta. Quando os empresários e empreendedores enxotarem os fiscais e compradores das empresas grandes que pedem adicional (antigamente tinha até código de colocar a mão no peito e com os dedos mostrar quanto queria de comissão ) e acreditarem que podem crescer assim mesmo. E quando o cidadão exigir dos políticos e de todos uma forma diferente de agir. E também assumir o erro e pagar a multa quando errado em vez de resolver com jeitinho
E onde ensinam isso tudo mesmo? Na escola, na igreja, nas entidades de classe, na família? Onde você aprende a ser diferente?
Stefan SALEJ
16.1.2014.
www.salejcomment.blogspot.com
sbsalej@iCloud.com
Quem ainda não recebeu um pedido extra de ajuda financeira por um serviço obrigatoriamente prestado? Ou traduzindo: quem ainda não deu uma gorjeta extra para ter um favor, um problema resolvido ou um negócio fechado? Um policial que entra no bar, no açougue ou na padaria e acha que não precisa pagar e depois chama a vigilância sanitária alegando má qualidade da comida porque cobraram a conta. Ou o fiscal, e haja fiscal neste nosso Brasil, que prefere que você lhe pague o prêmio de produtividade que ele vai receber de qualquer maneira e faz o favor de dividir com você em vez de esperar alguns anos para receber. E os guardas de trânsito e suas multas. Famoso quebra galho. E mais e mais histórias pelo Brasil afora que aumentam o custo de vida, que permite a alguns criarem dificuldades para gerar facilidades.
Esse escândalo da Petrobras é no fundo o desenvolvimento sofisticado de uma cultura da gorjeta, do quebra-galho e de uma ampla aceitação, por todos nos, de que as coisas funcionam assim, e sem jeitinho nada anda. E não anda mesmo! Quem já tentou se contrapor a essa ordem sabe bem das consequências e do sofrimento que teve! Mas, não é só no serviço público, seja de qual natureza for, que, como mostram os escândalos mais recentes, as coisas acontecem. Em muitas empresas privadas, a cultura da corrupção se sobrepõe à cultura da transparência e da honestidade. E, por incrível que pareça, a coisa está pior nas empresas estrangeiras do que nas brasileiras. Os espanhóis, na área elétrica então, são um horror. Desde que a empresa dê lucro e satisfaça a matriz, o que fazem os diretores por aqui nos ganhos extras não tem problema. É sim injusto neste mundo de corruptos e corruptores dizer que só os políticos, só os funcionários públicos, só as empresas públicas e só os brasileiros são parte desse mundo modestamente chamado da gorjeta e do quebra galho. Todos o são, sem exceção, e todos colaboram para isso.
Enquanto milhões se deliciam e aplaudem na TV as ações contra os grandes corruptos, sejam do mensalão ou da Operação Lava Jato, o resto continua. A corrupção diária, ou melhor, de minuto a minuto, que acontece e da qual participamos, continua. Só vai mudar com a aplicação da legislação e a crença de todos nós de que o Brasil, e você nele, pode crescer e se desenvolver, sem jeitinho e sem quebra galho e sem gorjeta. Quando os empresários e empreendedores enxotarem os fiscais e compradores das empresas grandes que pedem adicional (antigamente tinha até código de colocar a mão no peito e com os dedos mostrar quanto queria de comissão ) e acreditarem que podem crescer assim mesmo. E quando o cidadão exigir dos políticos e de todos uma forma diferente de agir. E também assumir o erro e pagar a multa quando errado em vez de resolver com jeitinho
E onde ensinam isso tudo mesmo? Na escola, na igreja, nas entidades de classe, na família? Onde você aprende a ser diferente?
Stefan SALEJ
16.1.2014.
www.salejcomment.blogspot.com
sbsalej@iCloud.com
DA NOVA CUBA
Da nova Cuba
Aproveite e passe suas próximas férias em Cuba. A piada que circula na Eslovénia, país de dois milhões de habitantes, membro da União européia que se separou há 24 anos da Iugoslávia, então socialista, é que visitando Cuba você pode ver o que seriam eles se não saíssem do socialismo. Vale a pena ver a relíquia socialista em todo o seu esplendor. Com fila para comprar sorvetes para estrangeiros, com preço em dólares, ou pesos dolarizados, e fila para os locais, com preços muito mais baixos, em pesos reais cubanos. Em resumo, uma confusão de moedas. Ver La Habana Vieja renovada, linda de morrer, como uma espécie de Couraçado Potetkim. E os carros velhos, que só tem a carcaça polida, mas motor Honda de ultima geração . Uma enganação atrás da outra, uma realidade não apreensível, vista de um jeito ou de outro, mas em que é difícil de saber o que é imaginário ou que é real.
Os vendedores de charutos na rua, oferecendo pela metade de preço os charutos originais, segundo eles, que na loja da fábrica custam uma fortuna, é outra face dessas ilusões que vão cercando você na visita à cidade que mostra uma história, uma alegria musical ímpar ao mesmo que tempo uma incerteza sobre o seu futuro. Bem, isso até ontem. Até o dia em que os governos dos Estados Unidos e da Cuba revolucionária e comunista se entenderam e vão caminhar juntos. Ou seja, corra para ver o museu vivo de um país que resistiu aos Estados Unidos, insistiu em um modelo fracassado no mundo e exportou armas, soldados, revolucionários e revolução e até médicos e dentistas. Foi um ator admirável na política internacional e ousou apontar armas, mísseis russos, para a maior potência mundial, com a mão na cintura. E apesar de tudo contínuou produzindo o melhor rum do mundo e insubstituíveis charutos.
Essa Cuba está mudando ainda com seu líder máximo, aquele dos discursos de seis horas, entre outras façanhas, Fidel Castro, vivo. Ele promoveu as duas revoluções na história cubana: a derrubada da ditadura de Fulgencio Batista em 1960 e a volta à normalidade, se podemos chamar assim a mudança de 2014. Firmou o modelo político cubano com a permanência de uma Cuba independente e não subserviente. Evitou a intromissão do modelo da primavera árabe, que os Estados Unidos promoveram no Oriente Médio, e que se comprovou um total fiasco, e firmou uma nova aliança com seu vizinho poderoso e impiedoso.
E nessa equação, Cuba, que tentou mudar a América Latina com a revolução, fez um outro movimento tão revolucionário que muda toda a América Latina. A aliança entre Havana e Washington, é no fundo uma aliança entre a América Latina e os Estados Unidos. A questão é quanto os demais países do continente serão capazes de aproveitar essa nova aliança. O Brasil tem uma chance ímpar para tecer uma relação continental diferente, em circunstâncias diferentes. A Cuba de ontem também é América Latina de ontem. La Habana Vieja já era.
http://www.salejcomment.blogspot.com
Stefan Salej
16.1.2014.
Friday, 9 January 2015
DA GUERRA DO CHARLIE
Da guerra do Charlie
Há no nosso mundo ocidental uma unanimidade: o assassinato dos 12 cartunistas em Paris por terroristas islâmicos é um crime abominável que atinge toda a humanidade. Uniu os franceses no meio de uma crise econômica continua, uniu os europeus, e deu razão aos americanos de que tudo mundo estava desprezando o perigo do terrorismo. E uniu a imprensa mundial, que se sentiu ameaçada. O fato é que qualquer um de nós que escreve sobre o assunto, dependendo da avaliação dos radicais islâmicos, pode ser o alvo.
Por outro lado, também estamos relembrando inúmeros ataques, não só à imprensa: nove anos atrás foi o caso de jornal dinamarquês que publicou charge considerada profana, há vinte anos foi o livro de escritor britânico Rushdie, teve ataque a sinagoga em Buenos Aires, morte de alunos e professores da escola judaica na França e mais e mais e mais. Sem contar as guerras na Bósnia, onde os sérvios matavam os muçulmanos como moscas, a guerra do Iraque e agora da Síria e mais os conflitos na África, entre eles os sequestros das meninas pelo grupo Boko Haram na Nigéria. E, na Chechenia, os conflitos na China com a minoria muçulmana e os atentados na Índia.
A lista não termina e não passa minuto da nossa vida em que não tenhamos um acontecimento no qual não estariam envolvidos os radicais islâmicos, sejam da Al Quaida seja agora de estado islâmico ou outros grupos. O alvo presencial que são os judeus, como foi o ataque ao Museu judaico em Bruxelas, foi ampliado para outros grupos. O que aconteceu na França é a ponta do iceberg de uma guerra de civilizações, como a chamou cientista político Samuel Huntingon, que estamos vivendo. Como conciliar a sociedade democrática com ameaça permanente e brutal aos seus cidadãos pelos radicais fora do controle e mais, não mais estrangeiros, mas cidadãos do próprio país, como acontece na Inglaterra e na França.
A ilusão de que o Brasil está fora e que nós somos uma sociedade pacífica é enganosa, terrível e prejudicial. A tentativa de atentado na semana passada à Embaixada de Israel na vizinho Montevidéu é só um lembrete. A verdade é que os países parceiros do Brasil terão que se concentrar não só no seu desenvolvimento, mas também na sua segurança. Serão criadas alianças ainda mais fortes nesta área e será posto à prova em muito o conceito de direitos humanos. E o Brasil não poderá ficar acima de muro, neutro nessa guerra. Aliás, a pergunta é como vamos lidar com o fato de que o mundo tem 1.5 bilhão de muçulmanos com os quais vamos ter que conviver e como vamos junto com a maioria deles eliminar, antes que nos eliminem, os radicais terroristas?
Com todas as forças tentamos fugir dessas realidades, mas elas se sobrepõem à nossa resistência. Vivemos em um mundo em guerra, em insegurança e se um de um lado temos que achar respostas políticas para questões como a marginalização das populações jovens muçulmanas dos benefícios da sociedade desenvolvida na Europa, também temos que nos defender dos radicais. Não vai bastar gritar que todos somos Charlie, vamos ter que agir. E eis a parte difícil.
Stefan Salej
8.1.2015.
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