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Friday, 10 January 2025

DE SAMBA, TANGO, MERENGUE E SALSA NA POLÍTICA LATINO-AMERICANA

 

America Latina e Caribe são compostos por 33 países e mais alguns territórios coloniais, como as Antilhas Holandesas, as Ilhas Malvinas ou Falkland e a Guiana Francesa. De comum,têm somente a geografia, porque racialmente, politicamente esocialmentemas em especial politicamente, nada têm em comum. Nem sequer têm um inimigo em comum, muito menos um amigo.

O continente, que poderia ser nosso maior mercado e não é, não vive mais as clássicas crises de inflação e default financeiro, mas também não experimenta nem bonança econômica e nem muito menos estabilidade democrática. Na Bolívia, que está comemorando 200 anos de independência, o antigo presidente Evo Morales quer voltar, mas não lhe permitem, porque é acusado de crimes sexuais. Aí os caminhoneiros fecham oacesso à cidade onde ele se encontra e o país está um caos. No Equador, Naboa, quer se reeleger, numa confusão com a sua vice-presidente, no que parecemesmo sendo um país que tem odólar como sua moeda há 25 anos e 9 bilhões de dólares de reservas cambiais (3 % das brasileiras)uma república de bananas. Na Venezuela, com pompa que o assunto merece,Maduro, que frauda eleições, prende e arrebenta, assume a presidência. Seu adversário Gonzalez visita a Casa Branca, a Argentina e mais alguns países como vencedor das eleições, Maduro sequestra seu genro, e nada muda. Cuba está às escuras porque o sistema elétrico falhou e nem é a ENEL que cuida deles. Millei continua com motoserra cortando gastos e devendo 45 bilhões ao FMI, sem se preocupar com como vai pagar, porque devo mas não pago. Peru? Tem governo, mas às vezes não tem. Chile, estável e aproveitando bem a onda de preços altos do cobre. há ainda outros países, como El Salvador, onde, como na Nicarágua, um de extrema direita e outro de esquerda, as palavras direitos humanonão existem. OMéxico está às voltas com um novo governo e uma reforma do judiciário em curso e reorganização econômica.

E como os Estados Unidos nos consideram seu quintal, não tem nenhuma novidade sobre como o continente será tratado. Os homens que comandam a política externa são anticastristas, secretário de estado Marco Rubio e enviado especial para continente, ex-presidente do BID Mauricio Claver, expulso por escândalo sexual, são hiper conservadores e ferrenhos anti-esquerdistas. Se a isso adicionamos a ameaça de Trump de invadir o Panamá, manter o dólar forte e expulsar os imigrantes, além da ameaça de altas tarifas, que afetamprincipalmente o México e Brasil, temos um caos perfeito.

Os países latino americanos vão resistir ou dialogar melhor com governo norte-americano na medida em que fortalecem suas instituições democráticas e sua economia. esses a fazê-lo são poucos no continente.

A nova política norte americana não é composta só dos agentes do governo. O bilionário Musk, que está se intrometendo na política europeia de forma descarada, não vai largar um continente frágil como a América Latin sem tirar proveito. E com ele todos os demais interessados em tirar o máximo daqui.

Foi assinado acordo entre a UE e o MERCOSUL. Mas, certamente os EUA vão usar a força do seu aliado Millei para, ou impedir o funcionamento do acordo, ou forçar um acordo entre Mercosul e os EUA.

O continente, que hoje depende muito da China, também vai experimentar as consequências do conflito do país asiático comos Estados Unidos. Será uma guerra surda mas estrondosa nos seus resultados. Não  no México, onde muitas empresas chinesas se instalaram , nearshoring, para fornecer não só para opaís vizinho, mas para todos os lugares onde as empresas norte-americanas foram-se enfraqueceram. Um exemplo disso será a indústria automobilística. No Brasil, estão se expandindo as montadoras chinesas, e as norte-americanas mudaram para a Argentina. 

O domínio chinês nas minerações de terras raras no continente é outro item de futura disputa. O fato é que a China e também Rússia ocuparam o espaço que os EUA deixaram no continente e agora terão dificuldade para reconquistar. Provavelmente estamos mesmo em um século 21 com volta de políticos de Big Stick, porrete grande.

No campo político, o apoio aos extremistas de direita no continente será descarado. Tanto nas eleições como aos governos como o do Millei. Começa um ano bem diferente, com muitos desafios.

 

Friday, 3 January 2025

DA BRIGA COM SÁO PEDRO

 DA BRIGA COM SÃO PEDRO

Uma briga perdida é a briga com São Pedro. Nós não cuidamos nos últimos séculos da natureza, continuamos não cuidando, e aí está o resultado: mudanças climáticas mudando o nosso cotidiano, a nossa vida e nós persistindo que isso não é importante. Especificamente no Brasil, nos 11 meses do ano passado o desmatamento diminui somente 7%, atingindo um território de 3.654 quilômetros quadrados, mas a degradação florestal no mesmo período foi 7 vezes maior do que em 2023 e atingiu 35750 quilômetros quadrados. Secas prolongadas, tempestades e enchentes, ar poluído e incêndios são sentidos por todos, mas já se tornaram uma espécie de castigo divino que devemos aceitar. O custo total dos desastres climáticos para o Brasil foi estimado nos últimos anos em 547 bilhões de reais.

Não é São Pedro que faz isso, nós mesmos somos os autores dos desastres que nos afligem. É interessante observar o papel dos políticos nesse quesito. Um exemplo interessante foi descrito pelo Thomas Friedman no jornal New York Times a respeito do recém falecido presidente dos EUA Jimmy Carter. Em 1979, ele instalou painéis solares na Casa Branca, como exemplo de transição energética. O sucessor dele, Reagan, tirou-os em 1986, enquanto isso a China dominou a produção e domina hoje 80% do mercado mundial de painéis solares. Na França também chegaram à conclusão de que as metas que deveriam atingir não só não foram alcançadasmas que a situação está cada vez pior. 

A perspectiva de transição energética no mundo e do cumprimento das metas de acordos climáticos como o de Paris é desanimadora. De um lado temos a utilização do clima como pressão política no comércio internacional e de outro, a pressão econômica dos setores de combustíveis fósseis para não mudar nada. Europa depende do gás russo, Rússia depende da exportação de gás e petróleo, a China depende de carvão para suas usinas térmicas e siderurgia, e Brasil continua investindo na ampliação de sua produção de petróleo, um item importante de exportação. Ainda bem que estão crescendo as usinas solares e eólicas, mas o gás para indústriamesmo com a perspectiva do gasoduto da Argentina, está cinco vezes mais caro do que nos EUA.

Agora com Trump, que acha que tudo isso é bobagem, podemos nos preparar para uma piora significativa nesse capítulo. Nós simplesmente não estamos aceitandoum modelo econômico sustentável e a humanidade anda com passos largos para um desastre. E Brasil, que vai sediar COP 30 em Belém, junto. Então cada um tem que pensar como salvar seu negócio porque dependendo dos políticos, onde anda mesmo a Marina Silva, as ações não convencem. Será que faltam emendas parlamentares climáticas?

 

Friday, 27 December 2024

DO FUTURO INTERNO E EXTERNO DO BRASIL E DO MUNDO

 DO FUTURO INTERNO E EXTERNO DO BRASIL E DO MUNDO

 

Para depois dos fogos de artifício, por sinal lindos, barulhentos e poluentes, continuamos em um mundo que nos assusta com mudanças climáticas, conflitos armados como na Somália, Ucrânia e Oriente Médio, entre bilhões de pessoas com fome, fortalecimento de ditaduras como na Venezuela e Irã, produzindo bomba atômica, diversos ditadores africanos fazendo o pior possível nos seus países.  A lista não terminou. Ainda temos a situação no Myanmar, uma ditadura militar daspiores, e o leste asiático, sempre tremendo quando Correia do Norte lança seus mísseis, e no estreito de Taiwan começam exercícios militares chineses que também atacam os barcos pesqueiros filipinos 

Como a China vai resolver seus problemas econômicos para manter o seu poderio como o governo Trump, boquirroto, vai, com o poder que obteve nas últimas eleições, realizar seu programa, leia suas ameaças, é melhor ficar abaixo da mesa e esperar. O fato é que, goste ou não, é o governo de Trump que vai determinar em muito como será o nosso mundo daqui para a frente. E nisso, lamentavelmente a favor, é melhor que seja ele do que Putin ou Xi.

Na vizinhança, tem um novo governo de esquerda no Uruguai, perturbações na Bolívia, ditadura do Maduro consagrada e Millei na Argentina. Se consolidar as políticas monetárias e conseguir crescimento, no que certamente os EUA vão ajudar, vai ser bom para Brasil. E com a Europa perdida no seu desenvolvimento,profundamente afetado pela crise da Ucrânia, conflito com Rússia e guerra tecnológica com a China, eis outra situação que nos afeta. rápidas mudançastecnológicas além de transição energética e complexidade geo econômica, afetam nossas exportações que representam 40 % do nosso PIB.

Sim, somos afetados por todos esses fatores externos inclusive a estabilidade do real e os efeitos inflacionários externos.

É fácil discutir o complexo mundo que nos cerca e nossa interdependência com ele. Mas, definitivamente o nosso desenvolvimento e crescimento tanto daeconomia como da renda per capita, estabilidade cambial e monetária, inflação controlada, é bem mais dependente de fatores internos do que externos. Mas, nos deslizes que acontecem na economia brasileira, em grande parte resultado de ações políticas, é sempre mais fácil culpar os fatores externos do que fazer dever de casa. E com tempos complexos por aqui mais as variáveis externas, é sim bom levar em consideração um provérbio antigo mineiro, caldo de galinha e prudência não fazem mal a ninguém.

 

Friday, 20 December 2024

DO ACORDO SEM ACORDO MERCOSUL- UNIÃO EUROPEIA

Bateram palmas e beberam champanhe. Fecharam um acordo que dá aos 27 países da União Europeia um acesso privilegiado tanto político como comercial a cinco países do Mercosul, um mercado de mais de 300 milhões de consumidores. Um acordo que na própria Europa não foi aplaudido nem por agricultores e nem por um país como a França. E por aqui virou vitória dos governos, enquanto ainda não se acordou, fora de algumas exceções na área de agro, o que esse acordo muda na economia e na vida das pessoas.

Enquanto o processo de ratificação do acordo vai correndo pelos parlamentos nacionais lá e cá, a Comissão Europeia, representando a UE,  terá que convencer, em especial França, de que não tinha alternativa: ou fechava um acordo, após o conflito com a Rússia, o crescimento da China e a vinda de Trump, todos elementos que enfraquecem a economia europeia , acrescentando um mercado importante, ou perdia a oportunidade. O acordo é muito, mas muito mais importante para a UE do que para Brasil.

Vamos tomar como exemplo a indústria automobilística. Na Europa, numa crise sem precedentes. No Brasil, xodó do desenvolvimento, com motores de combustão, flex, etanol. Lá terão que fabricar outros modelos,  para que possam transferir para os países do MERCOSUL maquinário, peças e modelos que ainda serão bem aceitos no mercado local. E isso vale para  toda a indústria. O Brasil vai importar equipamentos e tecnologias  de segunda geração. Além do mais, a indústria europeia é mais competitiva do que a brasileira, e portanto, com a eliminação de tarifas, mesmo em 12 anos, vamos importar mais e mais.

Exportar? Os  Europeus vão continuar criando todo tipo de dificuldade para importar nossos produtos agrícolas. Mesmo com o reconhecimento de 350 produtos com origem, como alguns vinhos e queijos, teremos que fazer um esforço mercadológico, o que hoje não estamos fazendo, para colocar produtos industrializados no mercado europeu. No café, por exemplo, ao contrário dos colombianos, não temos marcas internacionais e a exportação de cafés especiais é ínfima comparando com café em grão.

Se quisermos aproveitar bem o acordo, temos um trabalho gigante à frente. Primeiro, preparar-nos do ponto de vista jurídico. Não confundir direito internacional com direito da UE. Conhecer bem a dinâmica da UE, estabelecer pontas em Bruxelas. É incrível que nossas entidades empresariais não tenham escritórios lá e nem planos pós-acordo par preparar seus associados para um modelo econômico gerado pelo acordo bem diferente dos que temos hoje.

Os belgas trouxeram uma missão de 400 pessoas para aumentar o comércio pós-acordo . Até a Eslováquia trouxe o Primeiro-Ministro. E quantas missões brasileiras foram à UE vender? Acabou, agora tem que trabalhar.

 

O governo Lula vai ficar com os louros de que assinou o acordo, más também não tem nenhum plano para fazer do limão a limonada. E se não nos prepararmos, vamos virar uma colônia diferente mas ainda colônia dos europeus, na indústria e na tecnologia.

O acordo é também um chute nos nossos melhores parceiros, China e Estados Unidos. Os dois aparentemente perderam espaço, mas vão reagir. Com a presidência Argentina do Mercosul, um aliado íntimo de Trump,  não é de estranhar se insistirem em um  acordo comercial com os Estados Unidos. A China tem um plano B e vai concorrer com todas as forças para manter seus mercados na América do Sul. E pelo visto, até agora, os europeus perderam essa batalha.

Cada empresa tem que ver como será o seu futuro. Não subestime a necessidade que os europeus têm de um mercado como o brasileiro. Croissant vem da França congelado, maçã vem da Itália, os franceses têm redes de distribuição de alimentos, hotelaria, material de construção, os espanhóis concessões de todos os tipos, italianos comunicações, automóveis , energia e os alemães, indústria de todo tipo. E você pode ter certeza de que todos eles vão aumentar as compras de suas matrizes e de seus parceiros europeus.

Esse acordo muda totalmente a nossa economia, principalmente porque o parceiro é muito mais eficiente e até agressivo nos negócios do que nós. Boa sorte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Thursday, 12 December 2024

ARGENTINA AND ECONOMIC TANGO

 OF ETERNAL HOPE: Argentina

(Directly from Buenos Aires)


Arriving in the marvelous city of Buenos Aires after a meeting with Argentina’s Minister of Economy at FIESP and still savoring the Botafogo victory, during the week marking one year of flamboyant Milei’s government, is an unprecedented experience. Everything is clean, beautiful, with crowded restaurants, excellent security, and a terrible exchange rate—1 dollar equals 1,000 pesos. Everything is expensive (a breakfast at the famous La Biela costs 150 reais per person). This is an Argentina that saw 20.6% inflation in January, which dropped to 3.2% in November. The exchange rate is stable, commercial import debts have been paid, and a president who brought the conservative world to Buenos Aires for a global meeting is now the star of the moment. The entire world is watching the “second half” of the chainsaw-wielding president’s term, whose rhetoric bears striking similarities to the speeches of Hitler and Mussolini.


Countries caught in inflationary spirals and profound economic and social crises often see democratically elected saviors turn into democracy’s destroyers and eventual dictators.


The first year of budget cuts, targeting the excesses of public administration and the mismanaged public finance system accumulated over decades, was relatively easy. It’s easy to hit retirees, the unemployed, the cultural sector, universities (it’s worth watching an excellent Argentine film on the subject, Puan), researchers, and public servants. The real challenge will be to restore economic growth. The prospects for economic development in a country plagued by massive poverty, unemployment, hunger, and social disparities—favoring agriculture and mining, sectors that do not generate many jobs—are not promising.


Despite having a solid industrial base, it lacks competitiveness, and nothing suggests that the current government’s policies will create new jobs. There’s also a labor shortage, as many young, qualified professionals have emigrated. The country needs more than radical rhetoric and chainsaw-like cuts to public finances; it requires a sustainable growth plan.


Some say Milei’s violent rhetoric should be ignored, asserting that he is pragmatic, particularly in his approach to China and Brazil. Undoubtedly, he enjoys full support from Trump, which translates to the IMF, to which Argentina owes $45 billion. However, this external pragmatism is coupled with radical ideological actions internally, dividing the country, which will face its first major test in the midterm elections next year. If Milei succeeds, his example could influence Brazilian elections as well.


The Argentine people’s patience with Milei’s government—despite basic staples like beef (a dietary essential) rising 9% in November and 14% in early December—is born out of despair. While Milei’s approval ratings are high, so is the cost of living, with wages remaining frozen.


Anyone familiar with the economic patterns of South America might feel they’ve seen this movie before: Martínez de Hoz, Domingo Cavallo, Dilson Funaro, Zélia, and, last but not least, the Plano Real. After the deluge, there’s hope for sunlight. Even with Trump and the IMF’s backing, it will be harder next year to keep inflation low and sustain growth. Rhetoric must translate into concrete actions, requiring political skill, public support, and consistent technical foundations.


The results Milei’s government may achieve represent the hope of conservatives worldwide—especially in Brazil. Foreign investments might choose Argentina over Brazil, and positive economic effects could reinforce the belief that these policies are also suitable for other countries. Until 2026 arrives, watching this thousandth Argentine experiment unfold—while it chairs Mercosur and insists on deals with the U.S., failing to realize that a thriving Argentina also benefits Brazil—will remain the favorite sport of economists and those footing the bill.


Stefan Šalej

December 12, 2024

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DA ESPERANÇA ETERNA: Argentina

 




DA ESPERANÇA ETERNA: Argentina

(Direto de Buenos Aires )

 Chegar à maravilhosa cidade de Buenos Aires após um encontro com o Ministro da Economia da Argentina na FIESP e ainda com o cheiro da vitória  do Botafogo, na semana de um ano do governo do flamboyantMilei, é uma experiência inédita. Tudo limpo, bonito, restaurantes cheios, segurança excelente, um câmbio ruim, 1 dólar por mil pesos, tudo caro (um café da manhã na famosa La  Biela, 150 reais por pessoa). É uma Argentina que em janeiro teve inflação de 20.6 % e em novembro, 3.2 %. Câmbio estável. Dívidas comerciais de importações pagas e um Presidente que trouxe o mundo conservador a Buenos Aires para uma reunião mundial, estrela do momento. O mundo inteiro está observando como será o segundo tempo do mandato do motoserra, cujo discurso parece e muito com os discursos de Hitler e Mussolini. Países em espiral inflacionária e crise econômica e social profunda, cujos salvadores democraticamente eleitos se tornam destruidores da democracia e ditadores.

O primeiro ano de cortes no orçamento público, que atingiram as gorduras da administração pública e o sistema corrompido do ponto  de vista da gestão temerária por dezenas de anos de finanças públicas, foi fácil. É fácil bater nos aposentados, desempregados, na cultura, nas universidades ( vale a pena ver um filme argentino excelente sobre  o assunto, Puan), pesquisadores e funcionários públicos. Complexo e difícil será recompor o crescimento da economia. As indicações de desenvolvimento econômico num país de enorme miséria, desemprego, fome e diferenças sociais, que privilegia o agro e a mineração, que não geram emprego, não são muito auspiciosas.

Apesar de uma base industrial boa, mas não competitiva, nada indica que o projeto da atual governo vá criar novos empregos. Há também uma crise de mão de obra, já que houve uma enorme emigração de jovens qualificados. O país precisa mais do que de discurso radical e motoserra nas financas públicas, um projeto de crescimento sustentável.

Dizem que o discurso violento de Millei é para ser ignorado. Que ele é pragmático e que assim age em relação à China e ao Brasil. Sem dúvida tem todo o apoio de Trump, leia-se FMI, ao qual a Argentina deve 45 bilhões de dólares. Mas, o pragmatismo externo é também uma ação ideológica muito radical no plano interno, que divide o país que terá seu teste nas eleições intermediárias daqui a um ano. E Millei dando certo, o exemplo dele terá reflexo também nas eleições brasileiras.

A santa paciência dos argentinos com o governo Millei, a carne, que é alimento básico, subiu em novembro 9 %, e no início de dezembro, 14 %, é resultado do desespero. A aprovação de Millei  é alta, mas o custo de vida, também, e os salários estão congelados.

Alguém que já vagou pelas economias sul americanas, tem impressão que já viu este filme. Martinez de Hoz, Domingos Cavallo, Dilson Funaro, Zélia, last but not least Plano Real. Depois de dilúvio, esperança do sol.Mesmo com apoio do Trump e FMI, no próximo  ano será mais difícil para manter a inflação baixa e manter crescimento. O discurso terá que se transformar em ações concretas exigindo habilidade política, apoio de população e bases técnicas consistentes.

Os resultados que governo Millei pode obter são a esperança dos conservadores no mundo inteiro. E em especial dos brasileiros. Os investimentos estrangeiros podem escolher Argentina invés do Brasil, mas os efeitos econômicos positivos podem também gerar a certeza que essas políticas são as mais adequadas também para outros países. Enquanto não chega 2026, observar o experimento número mil na Argentina presidindo Mercosul e insistindo fazer acordo com Estados Unidos e não no final de contas entender que se Argentina vai melhor, também o Brasil melhora, será um esporte preferido dos economistas e dos que pagam a conta.

 

Stefan Šalej

12.12.2024.

Www.salejcommment.blogspot.com