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Tuesday, 18 January 2022

DA NATUREZA MAL TRATADA

Começando por listar os desastres que estão assolando o país , a tristeza das pessoas atingidas por enchentes, secas, raios, e tudo mais, este artigo não acaba nunca. Ou a força divina está castigando este Brasil que acreditávamos que era imune a toda desgraça, ou então tem algo na natureza do homem de não querer entender o que está acontecendo. De um lado, é no país inteiro que estão acontecendo os chamados desastres naturais. Do Oiapoque ao Chuí. Até neve tivemos. Esquecemos geadas e quebra de safra de café há alguns meses. Esquecemos queimadas há pouco no Centro Oeste. E nos fazemos cegos pelo desmatamento da Amazônia, o maior nos últimos dez anos. Não tem nenhum pedaço do Brasil que não tenha sido atingido por algum tipo de chamado desastre natural. Até terremoto temos. Há enormes prejuízos econômicos, e um custo econômico quase que incalculável em todos os setores , mas há um custo humano ainda maior. Se a isso tudo somarmos a epidemia do coronavírus, sem falar em zica, tuberculose, e outros males, como a nova variante da gripe, chegamos à simples conclusão de que temos um país diferente , que precisa ser olhado e planejado de forma diferente. A discussão sobre a origem destes fenômenos é interminável. Definitivamente alguns deles poderiam ser evitados por políticas públicas em todos os níveis. O negacionismo do governo federal de fenômenos com queimadas na Amazônia, desmantelamento de instituições científicas e de pesquisa como o INPE e a falta de ação quando acontece, de resposta à crise, contribuíram para que os desastres fossem maiores. A defesa civil, que funciona a posteriore, depois do desastre, como também os bombeiros, tem recursos limitados e parte da história deles é também o lamentável episódio do treinamento no interior em São Paulo, quando morreram os recrutas numa gruta por falta de cuidado da própria guarnição. A situação em Minas ainda é mais critica por causa de configuração geográfica e suas riquezas minerais. Os mineiros permitiram através de séculos que os ganhos a curto prazo deixassem para próximas gerações buracos, mortes, como as de Mariana, Macacos, Brumadinho, entre outras, e um estado que esta se tornando economicamente inviável e difícil de viver. É impressionante a fragilidade estrutural de norte a sul de Minas. Uma hora de chuva em uma das cidades mais bem organizadas, como Uberlândia, destrói a cidade. As pontes e estradas parece que foram construídas para facilitar que sejam reconstruídas de tão frágeis que parecem. Minas teve uma das melhores escolas de engenharia, empresas de construção que apesar do escândalo da Lava Jato, construíram no mundo inteiro, e parece o que foi projetado e construído em Minas não aguenta chuva forte. E chove todo ano e chove forte todo ano. Todos só reagem aos desastres. Os que tem conhecimento científico para prever não são ouvidos. Os que gritam são tachados de chatos, inconvenientes e doidos. Inclusive assim foi com o lendário ambientalista Hugo Werneck. Os políticos se beneficiam dessa desgraça prometendo e não resolvendo nada. O Estado como ente administrativo não tem um projeto com visão a longo prazo para aliviar o que esta acontecendo. E isso não será parte do debate eleitoral porque não ha visão sistêmica, mas soluções a posteriore, no máximo má gestão de desastres. Em resumo, os jovens não protestam, os velhos somos chatos, as entidades empresariais cheias de dinheiro exploram ainda mais essa situação para defender empregos que não são empregos, mas aumentam a riqueza de alguns para gerar a desgraça dos muitos. Minas já foi melhor do que isso. É triste, mas é verdade. E pode sair dessa situação, porque os que sabem como fazer não faltam. Mas tem que ter coragem para lutar. A natureza por si só não é um desastre, é bela, é linda, nos alimenta, mas temos que cuidar dela.

Tuesday, 21 December 2021

DO RETRATO E FILME DO BRASIL EM 2022

DO RETRATO E FILME DO BRASIL EM 2022 O orçamento da Republica Federativa do Brasil aprovado e desaprovado, discutido e pouco conhecido, para 2022 é o retrato de um Brasil redesenhado pelos nossos lideres políticos do momento. Ou seja, nos temos um orçamento que reflete crescente poder de uma casta politica que se apropria de dinheiro publico, o administra segundo seus interesses e sua visão do pais, seu desenvolvimento e suas necessidades. É muito simples entender isso. Os deputados e senadores terão um orçamento secreto, ou seja um orçamento sem nenhum controle seja da sociedade, seja dos órgãos do governo como Tribunal de contas, Controladoria geral da União, órgãos de controle dos ministérios, Tribunal superior eleitoral, ou seja os representantes da cidadania, que soma entre orçamento secreto de 16.5 bilhões, fundo eleitoral 5.1 bilhões, fundo partidários de 5.7 bilhões com adicional de 1.1 bilhão, miseráveis 28.4 bilhões de reais , aprox. 5.5 bilhões de dólares. Este dinheiro será basicamente administrado por 594 parlamentares e seus parceiros nos partidos. Teoricamente isso da um valor de 9 milhões de dólares por parlamentar por ano, ou seja 32 milhões de dólares no mandato de 4 anos, ou 62 milhões de dólares por senador no mandato de 8 anos Se compararmos esses recursos com o dinheiro destinado a ajuda sob nome Auxilio Brasil de 400 reais por família, no total 17 milhões de famílias, famintas e em estado de pobreza que envergonha todos nos, no total de 68 bilhões de reais, vemos bem o retrato do Brasil. É impressionante como se criticam os programas sociais, sejam de qual governo for, e como se tapa sol com a peneira, quando tratamos de gestão de recursos públicos pelos políticos. Nos dois programas tem exceções que mostram boa gestão e tem falhas a serem corrigidas, mas a desproporcionalidade e modos operandi são bastante contraditórias. E ai a estória não acabou. Para investimentos o governo e Congresso destinaram 44 bilhões de reais. Ou seja no ano que vem o governo não será a locomotiva de desenvolvimento. Na área de ciência e tecnologia teremos 756 milhões de reais ou aproximadamente 140 milhões de dólares. No ano de epidemia aliada ao dengue, Zica, paralisia infantil, Aids teremos 4.7 bilhões de reais e torcendo para que não sejamos atacados pela Bolívia, na área de defesa de um território que representa 2/3 da Europa, 8.8 bilhões de reais. Em resumo, este orçamento e com expressão incorreta, mas que mais expressa o seu retrato, Samba de doido. Juntando todos os dados econômicos, sempre muito bem analisados pelo Mercado comum, temos uma situação econômica e fiscal, apavorante para próximos anos. Os pretendentes ao trono, todos assessorados por economistas com soluções da lavra da Zélia Cardoso de Mello com nomes diferentes, mas todos olhando retrovisor e não o futuro do Brasil, terão que enfrentar o eleitorado com mais do que promessas. E mais: não basta falar agradar o mercado, porque esse sempre ganha. Terão que achar através de um consenso politico as soluções que de fato levam a melhoria de renda da maioria de população como força motriz de nosso desenvolvimento. Todas as analises da conjuntura econômica de hoje, orçamento e um retrato dela, levam a crer que os políticos estão usufruindo da fraqueza do governo para quebrar o pais na crença que forcas divinas vão salvar o Brasil. Eles com alguns empresários aliados vivem o filme do Baile da Ilha fiscal. Stefan Salej

Sunday, 19 September 2021

DOS 20 ANOS DO SETEMBRO

DOS 20 ANOS DO SETEMBRO Para o Brasileiro, que Deus proteje, um ataque aéreo é coisa de filme. Ficçāo pura. Para europeus e asiáticos, que infelizmente experimentaram guerras, não é. E nem para os americanos dos Estados Unidos, que foram agredidos pelos japoneses em Pearl Harbor e no 11 de setembro 2001 em Nova Iorque e Washington, também não é ficção. Uma brutal realidade que nas duas ocasiões mudou o mundo. Na primeira, foi a entrada dos Estados Unidos numa guerra da qual tentavam se esquivar, e, no segundo caso, uma guerra com um inimigo previsível mas que apareceu com uma força aliada à invisibilidade: o terrorismo islâmico. Os vinte anos que se seguiram, e que a nossa geração viveu, mudaram muito o mundo. Os Estados Unidos usaram a estratégia de que a melhor defesa é o ataque e, com alto custo humano e financeiro, conseguiram alguns resultados. A guerra no Iraque e Afeganistão e conflito no Oriente Médio, cuja face mais visível hoje é a Síria e a Líbia, podem ser totalmente inúteis do ponto de vista de quem não foi atacado, mas a lógica de quem sofreu um ataque como foi a destruição das torres gêmeas de Nova Iorque é totalmente diferente. Essa concentração de esforço de defesa dos Estados Unidos em todas as suas políticas, não só a externa, se fez sentir num rearranjo do mundo. De um lado, houve uma tremenda mudança tecnológica nestes 20 anos e o surgimento de uma China e uma União Europeia bem mais fortes do que no início deste século. As mudanças tecnológicas e o crescimento da China são interligadas. O crescimento da China nesse ambiente de guerra também permitiu que osEstados Unidos se fortalecessem. Agora, inclusive em função da epidemia de COVID 19, temos um mundo cujo desenho é bem diferente do que estávamos vendo no tempo após a Segunda Guerra Mundial. Em primeiro lugar, o terrorismo islâmico em formas e modos diferentes, continua sendo um inimigo da paz e da tranquilidade. Mesmo com a morte do líder dos atentados nos Estados Unidos, esse mal do nosso século não desapareceu, como foi o caso do nazismo ( apesar do ressurgimento de extrema direita em várias partes do mundo) após 1945, mas aparece com violência e brutalidade em vários lugares do mundo. Será sem dúvida alguma a preocupação de segurança das mais promitentes da nossa época. O Brasil se saiu menos ferido nessa guerra. Com total desprezo pela situação que passaram os Estados Unidos, o Brasil não se envolveu em nenhum conflito militar. E muito menos deu um basta à expansão de células terroristas na fronteira tríplice com a Argentina e o Paraguai. E mais, não consegue acabar com as alianças dos terroristas islâmicos com o narcotráfico. Essa nossa fragilidade, que também advém da falta de recursos financeiros exigidos para esse tipo de combate, pode custar muito, mas muito mesmo, para o futuro do país. Só uma pergunta simples: estamos preparados para evitar um ataque do tipo que aconteceu na França há dois anos na boate Bataclan, ou em Nice, ou na Espanha, ou Alemanha? Aconteceu também um outro cenário, aparentemente econômico, mas de repercussões geo-políticas importantes. Nos trocamos a parceira econômica com Estados Unidos por uma parceira com a China. China não só se tornou nosso principal parceiro no comércio exterior e nos nossos investimentos, mas falando de forma branda, salvou a pátria. Os saldos positivos obtidos nas trocas comerciais salvaram de todo o desdém de gestão pública dos governos Lula, Dilma, Temer e atual. Sem a China estaríamos falidos e a mercê das missões do FMI e credores externos. Para podermos avaliar os próximos 20 anos, temos que entender bem os passados 20 anos. A presença do terrorismo no mundo, mesmo que por graça divina não aconteça aqui, deve ser a nossa preocupação. Essa ameaça também tem consequências para uma economia estruturalmente frágil como a nossa. Então não basta estar feliz porque aparentemente nada aconteceu. Aconteceu e não percebemos. E a felicidade dos poucos com os preços do minério e da soja, além do milho nas alturas, não substitui o perigo que nos ronda e que insistimos em ignorar. Stefan Salej

Monday, 19 July 2021

DE MINAS PARA FRENTE E PARA TRÁS : 5G

DE MINAS PARA FRENTE E PARA TRÁS As terras mineiras escondem nas suas profundezas complexidades pouco vistas em outras regiões. Não se trata só de diferenças sociais visíveis pelo país afora, mas, principalmente, de seus avanços tecnológicos, e de seus atrasos. Parece que se insiste em Minas em sempre começar de novo e de novo , ao invés de construir e renovar. Mas, como sempre, também neste assunto há exceções que confirmam a regra. O mundo está vivendo uma revolução tecnológica que melhor se expressa pelas adoção da tecnologia de conectividade 5 G, que nem é continuidade de 4 G, nem tem nada a que ver com outras tecnologias, que alguns inadvertidamente já estão chamando de 6 G. É conectividade mais eficaz, mas que permite ligar sistemas de dados, controles, sensores e mais e mais. Muda o funcionamento da indústria, do agro, da medicina, da educação, das cidades, muda tudo, muda o nosso viver de hoje. Mas, não basta conectar, algo que está em curso com os leilões de frequências pelo governo federal. É necessário um plano para que as conexões funcionem, facilitando a vida dos cidadãos, do governo e das empresas. E aí, Minas foi pioneira, estabelecendo um grupo de trabalho coordenado pelo Vice-Governador do Estado. Em resumo, Minas, que já fez duas vezes o Diagnostico da Economia Mineira (com Fernando Roquette Reis e Carlos Alberto Teixeira nas presidência do BDMG), o projeto Cresce Minas de introdução da metodologia de clusters feito pela FIEMG, está se organizando para dar um novo salto na sua percepção do futuro . Nenhum estado brasileiro tem condições tão favoráveis de aproveitar esta revolução tecnológica 5 G como Minas. Começa com uma infra-estrutura de pesquisa com dois pilares, a UFMG e o INATEL. Continua com um parque industrial na área de telecomunicações que é o Vale da Eletrônica, e tem a única empresa de telecomunicações de comando nacional e excelência impar, a Algar. Também tem um centro de pesquisa da Google, o Sao Pedro Valey, cluster de empresas de informática e mais alguns outros projetos importantes. Tem também um mercado onde essa tecnologia pode ser aplicada extraordinariamente. O uso de redes privadas, além da expansão das redes públicas pelas operadoras, é o “X” do problema no assunto.Ou seja, sistemas agrícolas como cooperativas, minerações, sistemas de saúde e de educação, são o mercado natural para o uso dessas tecnologias. E Minas tem exatamente isso. Se tudo está assim maravilhoso, onde então as coisas estão emperradas? Por onde Minas anda para trás, ao invés de para a frente? Um projeto dessa natureza tem que ser consensual e compreendido por todas as lideranças no estado. Tem que mudar o paradigma, parar de pensar só em arrumar o caixa do estado, emprestar dinheiro para projetos que não adotam as últimas tecnologias, aliás o que vale para incentivos fiscais, parar de chorar sobre o governo federal e sua inépcia, achar que infra-estrutura é só estrada e trem. É um mundo novo para cuja construção tem que ter adesão de todos. De que adianta fazer um grupo de trabalho que tem bloqueio da FIEMG, se a indústria, caso não mudar de paradigma tecnológico, não terá nenhum futuro? E mais, a adaptação dessa tecnologia vai depender de municípios que regulamentam o uso de antenas. E aí, se os prefeitos e os vereadores não entenderem de que se trata ou acharem que é mais uma oportunidade para seus objetivos e não para o povo que representam, vai tudo para brejo. Se pensarmos bem, os obstáculos são essencialmente de natureza de liderança politica. Trata-se de colocar todos os atores num projeto só, com resultados visíveis para a melhoria de vida da população. É só querer e trabalhar.

Monday, 28 June 2021

DE BRIGA DOS SUB CACIQUES DA INDUSTRIA BRASILEIRA

DE MINAS EM PRIMEIRO LUGAR. PARA ALGUNS, SIM E PARA OUTROS.... Dizem as leis não escritas, em Minas, que, sendo mineiro, primeiro Minas. E assim se julga as pessoas, principalmente as que ocupam cargos públicos de qualquer natureza em Minas. Às vezes se perdoam deslizes no amor à terra, mas não se esquece jamais nem se perdoa alguém que colocar interesses pessoais ou interesses de terceiros acima desse amor infinito com as terras de Minas. Minas foi pioneira na industrialização do Brasil. Primeira usina siderúrgica, primeira usina hidroelétrica e assim por diante, foi se formando um parque industrial, se não o maior do Brasil, sem dúvida dos mais competitivos em qualidade e competitividade. Não só grandes complexos industriais, mas até produtos artesanais, como cachaça e queijo, viraram a marca de Minas. E dentro desse contexto, a entidade empresarial da indústria, a FIEMG, pioneira inclusive na implementação dos clusters no Brasil ou APL (dos quais se destaca o Vale da Eletrônica) tem um papel fundamental no contexto econômico-social do Estado. É uma entidade pública no sentido da responsabilidade política e social, além da sua função econômica. Aliás participou da vida política desde sua fundação há 85 anos de forma ativa e participativa . Portanto, os atos praticados lá, independentemente de sua natureza legal, não são fatos de ordem interna. São sim fatos que afetam o estado como um todo e cada cidadão mineiro, seja da indústria ou não. Pelo menos assim pensavam e agiam dois dos ex-Presidentes da entidade, Nansen Araújo e José Alencar, e seu sucessor. Os eventos das últimas semanas, onde os dois atuais ocupantes dos cargos na entidade nacional da indústria e na estadual, onde acusações de parte a parte saíram das salas de reuniões e se tornaram públicas, dizem diferente. Os dois mineiros ocupantes dos cargos da suposta liderança industrial se estranharam num assunto fundamental para a vida dos brasileiros: ficar ou não mais tempo na presidência da entidade nacional. O que está lá, atuando há mais de quarenta anos em entidades empresariais, dos quais oito na presidência da FIEMG e doze na CNI deseja, por voto da maioria dos seus 27 pares, ficar mais um ano. Mudou o estatuto uma vez para ficar mais quatro anos, e, apesar de não ser mais representante de Minas na entidade, quer prorrogar seu mandato por mais um ano. Por que? As respostas são variadas, mas vão desde a necessidade de terminar seus projetos (doze anos não foram suficientes), evitar que a eleição ocorra em ano eleitoral brasileiro, para não ser contaminada por políticos (como se já não estivesse) e esperar que o candidato preferido dele concorra na eleição no seu estado e, se não ganhar, junte os votos das federações do Nordeste e se eleja de novo. O príncipe mineiro, que justiça seja feita, não vai provocar a mudança de estatuto para prorrogar o mandato, está contra e tem apoio das federações da indústria de São Paulo e do Rio Janeiro. Ou seja, 75% do PIB está contra essa prorrogação, o que não vale nada porque os que não têm peso industrial têm votos. Assim é o sistema que movimenta bilhões de reais por ano e nunca, nem em Brasília e nem em Minas nos últimos vinte anos, publicou um balanço sequer. Total falta de transparência, da qual o cúmplice é o Tribunal de contas da União. Mas isso não tem nenhuma importância porque as pessoas lutam por esses cargos pelos benefícios que oferecem e prestígio por politico e benefícios para seus negócios e não pelo bem da indústria. Aliás, a pergunta que fica é o que os dois fizeram para que a indústria crescesse ao invés de ir ladeira abaixo. E o que os dois, quando eram amigos, fizeram mesmo para o crescimento da competitividade da indústria mineira e brasileira. Enquanto a indústria está minguando, temos pandemia, 500 mil mortes e crise de energia, dois mineiros resolvem brigar publicamente ao invés de se unirem e fazerem algo de bom para Minas e para o país. O motivo de brigarem pode até estar correto, em especial quando se fala em prorrogação dos mandatos. A distorção que vivemos no mundo das entidades de classe é assustadora. De um lado um mundo real, de dificuldades para sobreviver, de outro lado, briga de poder. Apesar de que a previsão de crescimento do PIB industrial mineiro este ano seja de 7 %, a pergunta é se isso é resultado da conjuntura internacional ou de ações das entidades de classe. Coisa de caudilhos empresariais que consideram que ser presidente de entidade e atuar quarenta anos é mais lucrativo do que ser empresário. Caudilhismo empresarial que se estende pelas corporações como conselhos profissionais, outra área que merece destaque nos custos das empresas e cidades. Mostrar que queremos bem ao país é dar resultados e dois mineiros só brigarem se for para Minas ficar melhor. E com Minas, o Brasil. E se não forem capazes de resolver as divergências de forma civilizada, então o questionamento fica para o tribunal da cidadania mineira.

Sunday, 16 May 2021

DO MEIO AMBIENTE E AMBIENTE ALGUM

DO MEIO AMBIENTE E AMBIENTE ALGUM Um país abençoado, que canta no seu hino nacional os encantos naturais e suas belezas, além de ter na sua bandeira as cores verdes de suas florestas, está na encruzilhada histórica de definir se o meio ambiente será meio ambiente inteiro ou só a metade do complexo chamado mudança climática e meio ambiente. As discussões confusas no país sobre o tema, que um dia privilegiam o debate sobre queimadas na Amazônia, depois o tema de águas, e de vez em quando os temas de embalagens, reciclagem, economia reversa e circular e não sei quantos assuntos mais, se multiplicam sem termos uma política nacional consensual sobre o tema. E nem o tema foi ou, pelo que parece, será um dia de destaque nos debates eleitorais. Nesta confusão mental que predomina, o cidadão médio brasileiro, aquele que vive no dia a dia, sem emprego ou com subemprego e com todas as dificuldades, não tem nenhuma chance de se preocupar com o meio ambiente, cuja degradação o atinge em cheio. Para começar com falta de água potável e esgoto, sem falar na moradia e falta de educação. Mas, essa poluição da miséria não desobriga a outra parte da sociedade, inclusive beneficiária ilusória da miséria da maioria dos brasileiros, de não ter a responsabilidade de se preocupar com o assunto como parte absolutamente fundamental do futuro do país. O atual estágio de degradação do meio ambiente, apesar de alguns sucessos, como a matriz de energias limpas, inclusive etanol (e aí vai a nossa homenagem ao recém falecido engenheiro Camilo Penna, criador, quando Ministro de Indústria e Comércio, do Proálcool), é a certeza de um país inviável daqui a trinta anos. O alto grau de urbanização, que demanda situações próprias na área do meio ambiente, com soluções adequadas na área de transporte, saneamento, energia, águas e outros, já é um problema. As cidades, com raras exceções, entre elas São Paulo e Salvador, não possuem planos de mudanças climáticas e programas para enfrentar as crises oriundas de gestão adequada nesta área. A poluição urbana bate direto na saúde de seus cidadãos. E qualquer mudança na área de transporte esbarra no lobby das concessionarias de transporte, que elegem os políticos e mandam neles. Enquanto em Santiago de Chile rodam 1000 ônibus elétricos, em Sāo Paulo estão em experiências 17 ônibus. E os movidos a diesel poluem e provocam doenças e mais doenças respiratórias. Outra área de debate marginalizada ainda é a poluição no sentido mais amplo das poucas indústrias que sobraram no país. Estamos falando de produtos abaixo dos padrões internacionais e nocivos à saúde e ao meio ambiente ainda no nosso mercado. As grandes empresas multinacionais estão em geral cheias de discursos sobre meio ambiente, mas suas fabricas e seus produtos não seguem os padrões ambientais dos países mais desenvolvidos. Aproveitam com maior tranquilidade as brechas legais para aumentar a sua rentabilidade. Na área rural, onde por exemplo na pecuária tem problema de emissões de metano, a situação ainda é mais complexa. De um lado tem um código florestal exemplar, de outro lado um grupo depredador que deixa mal todos os demais. Mencionar as minerações, que vivem hoje um boom de preços e demanda, é um verdadeiro pleonasmo econômico. As grandes fazem o que querem, veja os desastres de Mariana, Brumadinho ou no Para , pagam as multas e declaram mea culpa, mea máxima culpa, e continuam fazendo o que sempre fizeram. As minerações menores e as da região amazônica fugiram ao controle e proliferam nos esquemas de alianças políticas e com controladores sem dúvida nenhuma não éticos nem aceitáveis numa sociedade organizada e democrática, e também fazem o que querem, pouco ligando para as leis e a sociedade. Neste item, esquecer os madeireiros da região amazônica, é fazer injustiça aos todos demais depredadores e usurpadores do meio ambiente brasileiro. Estes sim, internacionalmente reconhecidos, são os campeões de degradação brasileira. A essa situação dramática deve-se que juntar a questão legal e o exercício do poder do estado em todos os níveis no Brasil. Temos uma complexidade jurídica e um sistema de controle do meio ambiente que vai de promotores a fiscais, de enlouquecer qualquer um. Um sistema que alimenta desvios de todos os tipos e para os quais não faltam nem beneficiários e nem artimanhas mais fantasiosas possíveis. Não falamos de corrupção simplesmente porque a sua inserção no sistema é, como dizem alemães, subentendida. Minas foi, com Hugo Werneck e outros movimentos, pioneira neste item de meio ambiente. A USIMINAS, na gestão de Rinaldo Campos, foi a primeira siderúrgica no mundo com ISO 18.000, padrão altíssimo em termo ambientais e sociais. Também movimentos radicais contra a poluição da Mannesmann levaram à melhoria significativa dos padrões ambientais. Mas, os desastres de Macacos, Mariana e Brumadinho, entre outros, mostraram a mudança no comportamento das empresas, dos empresários e do governo. Soluções como acordo financeiros só beneficiam os bolsos de seja quem for. Mas, se não houver mudança de fato, liderada pelos empresários responsáveis e cidadãos conscientes , não adianta nada. Os industriais tiraram de sua marca as chaminés, mas, através de sua entidade maior, apoiam com mão na cintura a depredação ao invés de uma gestão ambientalmente e socialmente responsável em prol do desenvolvimento do estado. A proposta de nova legislação que elimina as licenças ambientais, com apoio de maioria dos deputados eleitos com dinheiro dos depredadores ambientais e entidades empresariais da indústria, será a grande vitória do mal sobre o bem. Será um bomba atômica destruindo o futuro do Brasil. Precisamos sim de uma legislação que preserve o meio ambiente para que seja força motriz do nosso desenvolvimento. E por que não a fazem? Porque não a querem. Porque querem ganhar dinheiro agora, sem se preocupar com o futuro das próximas gerações. Há honrosas exceções no país, verdadeiros exemplos mundiais de boas praticas, mas eles estão sendo atropelados por bandidos ambientais que não percebem que estão atirando no seu próprio pé. Só quando perdermos os mercados internacionais e estivermos como Cesar na peça teatral, nus no meio de deserto, talvez acordemos para como fomos tolos, omissos e participes de nossa própria destruição. Stefan Salej

Sunday, 11 April 2021

DO “HAY GOBIERNO, SOY A FAVOR, CONTRA E MUITO PELO CONTRARIO”

DO “HAY GOBIERNO, SOY A FAVOR, CONTRA E MUITO PELO CONTRARIO” O Brasil, na sua base econômica, não difere muito da República Popular da China. Nāo no seu desempenho como estado ou país. Aí a diferença é brutal. Mas a dependência da economia brasileira, seu entrelaçamento com o tecido político e o sistema de governança, ultrapassa qualquer definição de economia de um estado democrático. A intromissão do estado na economia através do sistema político e do governo ultrapassa a imaginação de qualquer analista e nos ilude pela sua complexidade. É fácil dizer que China é dominada por um partido comunista e tem a gestão de sua economia dominada por esse partido. Quando então se comparam quanto este partido domina os destinos de economia do país com como no Brasil a aliança dos políticos e do executivo, com a complexidade jurídica e seu aparato, descobre-se que a complexidade brasileira esconde uma intervenção muito maior e, por incrível que pareça, com resultados bem diferentes. Nós somos prisioneiros de um falso sistema construído através de séculos, veja as leis da Província de Minas de 1848, que a Mercado Comum publicou, onde o estado domina totalmente a economia do país. Somos um país abusado, violentado. Esse tecido econômico, essa aliança espúria de políticos, governo e sistema judiciário, determina o relacionamento entre os empresários e os poderes da República. A empresa no Brasil só cresce e sobrevive na sombra dessa aliança espúria de políticos e governantes. Essa sombra do poder ilimitado a estes atores , dado inclusive de forma democrática nas eleições, atinge todo o tecido econômico, independentemente de sua localização, ramo de atividades ou tamanho. E a isso se junta o sistema judiciário, vasto, enorme, guardião de justiça que zela para que o sistema se mantenha vivo. Em nenhum país do mundo a intervenção da justiça na vida das empresas, seja trabalhista, fiscal, criminal, ambiental e não sei mais o que, interfere, regulamenta, ameaça e alimenta injustiça, como o sistema brasileiro. Nesse retrato, que ainda leva na sua relação, empresas versus sistema político governamental, a nossa jabuticaba, ainda tem duas ferramentas infalíveis: o castigo e o estímulo. Para os amigos tudo, e para os demais a lei. No momento em que atingimos o triste recorde de quase 400 mil mortos em decorrência da epidemia, fome e miséria, também somos o país onde cresceu, mesmo com a desvalorização brutal do real, o maior numero de bilionários, 11 novos bilionários em dólar, no ano de 2020. Esse é sistema para o qual aderem com afinco e força políticos todas as matizes ideológicas no país. De um ao outro extremo. A história do Mensalão, da Lava Jato, e outros dezenas de exemplos, mostra o funcionamento dessa aliança de interesses econômicos e políticos e de manutenção do sistema. E aí, quem será contra? As chamadas lideranças empresariais querem e se esforçam para fazer parte do sistema. Lutam ferozmente para serem incluídos na base política, para fazerem as mudanças que levem a mais benesses. Sāo poucos os que têm projeto de melhorar a competitvidade do seu setor, do seu estado, ou ainda um projeto de melhorar o país como um todo. As criticas ao governo sāo feitas para negociar melhor o que interessa e nāo para resolver o problema. A falta de reforma tributária nāo faz falta porque a desordem fiscal alimenta um sistema perverso mas muito lucrativo, tanto para o estado como para um sem numero de advogados, juízes, e, também, empresários. O empresários numa democracia representativa e economia de mercado têm voz e responsabilidade na condução de política. No Brasil sempre foi assim, sem precisarmos lembrar o golpe de 64 e nem o Manifesto de oito empresários a favor da democracia dez anos depois. E hoje continua assim. É o sistema que temos. Esse sistema é do antes do muito pelo contrário . Ele historicamente ja mostrou para onde o país vai. E as mudanças radicais, seja o evento de 64, sejam tentativas contra, também demonstraram que não é esse o caminho. Se as lições da nossa história e do nosso desastre de hoje nāo nos induzirem a pensar como sermos diferentes dentro de mudanças que o sistema democrático nos permite, então nāo haverá mudanças. E esse sistema de fato fará o sistema econômico brasileiro produzir melhores resultados financeiros, por quanto tempo mais? Ou tecido social, desprezado nessa equação com suas variáveis, como o meio ambiente, é um acelerador de benefícios econômicos ou vai se tornar ainda mais um peso que freia o desenvolvimento como um todo. A passividade e adesão do sindicalismo brasileiro, seja empresarial, mas principalmente dos trabalhadores, a esse modelo, nāo convence que o futuro do modelo está garantido. É uma ilusão de ótica da melhor qualidade. Os empresários e as novas gerações terão que refletir sobre isso, e mais, deverão ter na sua mente e em suas ações coletivas com clareza qual modelo político proporciona melhores resultados coletivos. Vejam como estão reagindo as grandes corporações americanas às limitações que os republicanos estão impondo aos eleitores. O empresário nāo representa somente o capital, mas toda a comunidade que gira em torno desse capital e tem que estar atento a isso. Ou seja, em torno da empresa há um mundo, assim como a empresa também está no mundo, seja no próprio país, seja no mundo globalizado. E não no final de contas as mudanças tecnológicas que estamos vivenciando agora também batem na porta. Há uma mudança tecnológica em curso, mas ela inexoravelmente leva a mudanças sócias e econômicas. O mundo se move com mudanças.