Da guerra nuclear e com a
Coreia
Na década de 50, reinado de JK em Minas, a possibilidade de guerra
nuclear não era algo inimaginável. Mas, a Alemanha estava derrotada, a União Soviética tinha a bomba atômica, mas ainda não tinha usado, e os Estados
Unidos tinham a bomba e tinham usado. As pessoas acreditavam que a guerra
poderia continuar e que ataques nucleares eram prováveis. As casas eram construídas com abrigos anti-atômicos e as cidades eram testadas para serem menos vulneráveis aos ataques nucleares. Belo Horizonte, por razões que desconheço, foi escolhida uma das
cidades mais seguras no caso de ataque nuclear. Mas, isso não impediu que um refugiado de guerra europeu construísse no bairro da Floresta uma casa com abrigo ante-nuclear e que a
Universidade de Minas Gerais instalasse o Instituto de Pesquisas Radioativas,
IPR, onde o professor Chico Bomba Atômica e José Israel Vargas, entre outros ilustres cientistas, faziam
experimentos que levavam os americanos a acreditar que o Brasil estava fazendo
sua bomba atômica.
Mas, na mesma época estava em curso a guerra da Coreia, cujo resultado foi a
derrota dos Estados Unidos, que enfrentavam alguns anos após a segunda guerra mundial o inimigo comunista e a divisão da península coreana em dois países: o comunista do Norte e o democrático do Sul. E o mundo foi
caminhando com toda a tranqüilidade para um mundo
nuclear multipolar, onde, além dos já mencionados, possuem boba atômica também o Paquistão, India, França, Reino Unido e Coreia do Norte. Esta mesma Coreia que derrotou há sessenta anos os Estados Unidos e que após um exercício militar norte-americano
na região, com aviões com carga nuclear, ameaça o mundo com um novo
conflito.
Subestimar o ímpeto bélico dos norte-coreanos,
que têm bomba atômica e armas comparáveis às melhores dos Estados Unidos, pode ser um erro cujas consequências são imprevisíveis. Se os Estados Unidos, sob seu comandante supremo Obama,
fizeram exercícios militares na península coreana com armas nucleares e não previram a reação norte-coreana, como
aconteceu, foi um erro de liderança gravíssimo. Mas se os comandantes militares americanos, que têm muita autonomia, fizeram esses exercícios no meio da troca do comando do Pentágono, para mostrar independência com relação à Casa Branca e sem o
conhecimento do Obama, é ainda mais grave.
Mesmo que a Rússia e a China peçam calma e não autorizem os norte-coreanos a iniciar uma guerra, e a Casa
Branca mantenha relativa calma, um conflito pode acontecer. E aí, já com a crise econômica em curso, com as ambições chinesas no Mar Amarelo,
com a Índia e o Paquistão brigando, com o Afeganistão inquieto, o cenário para a confusão está feito. E desprezar a
belicosidade do jovem líder norte coreano é ignorar a realidade. A
Coreia do Norte não esta só nesse discurso, terá ajuda nas ações.
Stefan B.Salej