Do Nobel para a União Européia
Prestigioso prêmio concedido pela Noruega pelos esforços em prol da paz mundial, teve ganhadores dos mais diversos, mas
o prêmio continua sendo o de maior prestigio no mundo. Este ano foi
concedido à União Européia, o conjunto de 27 países europeus, por terem suplantado suas diferenças e conseguido passar um longo período sem guerra, se
excluirmos a guerra da Iugoslávia, que nesta hora esta
sendo julgada através de um dos seus líderes assassinos, Karadzic, no tribunal internacional de Haia. Dos
destroços da Segunda Guerra
Mundial, dos campos de concentração, entre outros, na
Alemanha, Polônia, Croácia, da divisão da Europa entre Leste e
Oeste, nasceu uma União Européia.
O tamanho econômico e as dificuldades financeiras que vive hoje essa Europa não diminuem seu tamanho histórico e a sua grandeza. Não se pode negar que a crise vivida é grave, profunda e de difícil solução. As soluções estão surgindo lentamente e sem
muito efeito. Pior, sem a credibilidade necessária para que o mundo
acredite que União Européia é capaz de achar uma saída para a crise. Os milhões de desempregados na
Europa, dos quais gregos e espanhóis são hoje a face mais visível, certamente não estão impressionados com o prêmio e nem convencidos de que essa organização poderosa, burocrática e insensível merece. A burocracia de Bruxelas, sede da União Européia, é o símbolo de prepotência anti-democrática e burocrática.
A pergunta é outra: e se não existisse essa tal da UE?
Como estaria hoje a Europa e o mundo? Pense, imagine, reflita. Quantas guerras
a mais teríamos? Quanta desgraça econômica a mais? E quanta miséria humana e fome? A União Européia substitui de certa maneira os grandes impérios guerreiros europeus por uma união de estados democráticos. E só isso já vale a pena. Os europeus pagam qualquer preço para não ter guerra.
E o que significa para o
Brasil a União Européia? Essa União que mantém ainda no século 21 colônias no continente? A sua crise nos afeta em investimentos, no comércio, em fluxo migratório. A crise européia, ou a eventual ausência da União Européia, não é benéfica para o Brasil. É certo que a UE e o
MERCOSUL não conseguem fazer um acordo e provavelmente não o farão tão cedo. Ninguém quer perder os anéis, mas as relações políticas e econômicas continuam fluindo
bem, através da parceria estratégica. Merecendo ou não o prêmio, União Européia é uma realidade geopolítica com a qual o Brasil só pode se beneficiar,
principalmente se não houver guerra. Mas o
processo de integração européia ainda tem um longo
caminho de consolidação à sua frente.
Stefan B.Salej
17.10.2012.