Das Nações Unidas
As duas notícias se repetem todo
setembro. A primeira é que um grupo privilegiado
de parlamentares brasileiros vai fazer
as compras de Natal antecipadas em Nova Iorque. E as despesas de viagem, de
valores astronômicos, são pagas pelo contribuinte.
E a justificativa para esse passeio maravilhoso é a participação na Assembléia Geral da ONU.
A segunda noticia é que a Assembléia é aberta tradicionalmente pelo Presidente do Brasil e no ano
passado a Presidenta Dilma foi a
primeira mulher na história da Organização a abrir o evento. Os chefes de Estado e de Governo usam a
tribuna da ONU, hoje presidida pelo Ministro sérvio dos Negócios Estrangeiros, para expor suas visões sobre problemas mundiais e também para agradar seu
eleitorado. Neste ano, pelo menos três temas vão dominar debates: a situação na Síria, o armamento nuclear do
Irã e a crise econômica, principalmente na
Europa. Um quarto tema recorrente é a situação na Palestina.
Nos dois primeiros temas, Síria e Irã, a ONU mostra toda sua
incapacidade de agir. Massacre sem fim, incentivado pela introdução da chamada democracia ocidental, que no fundo esconde os
interesses econômicos ocidentais, e vetos
da Rússia e da China contra qualquer solução pacifica, representam uma
vergonha para o mundo de hoje. Morrem inocentes e mais inocentes e a organização que foi criada para resolver ou até evitar estes conflitos, não consegue evitar uma morte sequer.
A construção de bomba atômica iraniana, com fim
específico de destruir Israel aos
olhos nus da humanidade e da própria ONU, é outro atestado de incompetência e impotência da ONU. O mundo
espera, como aconteceu na véspera da Segunda Guerra
Mundial, que exploda o conflito, e depois limpa o sangue. O problema da construção de bomba atômica iraniana, não é só Israel, mas a mudança de equilíbrio mundial através de uma arma terrível.
A questão palestina é de difícil solução, mas será ainda mais difícil de ser solucionada sob
a égide da crise no mundo árabe ou o vendaval imprevisível da primavera árabe e a ameaça iraniana. E crise européia? Tem que ser solucionada, mesmo alguns perdendo muitos anéis. No fundo, é uma disputa dentro do
sistema capitalista entre o setor financeiro incontrolável e a sociedade. E ainda fica a pergunta, para que serve ONU, além da desculpa de nossos parlamentares para fazer compras em Nova
Iorque?
Há muitos trabalhos positivos das agências especializadas como a UNESCO, UNICEF, de refugiados, de
direitos humanos e outros. Mas é fundamental para o futuro
do mundo que a ONU se reforme, e em especial seu Conselho de Segurança. Sem reforma, a organização perde seu valor básico, que é promover a paz e o
desenvolvimento.
Stefan B. Salej
25.9.2012.