A geologia empresarial
Os movimentos geológicos subterrâneos, que produzem petróleo e provocam maremotos e terremotos, são difíceis de detectar e de
prever. O que vemos em geral são os efeitos externos
desses fenômenos, que na maioria das
vezes são desastrosos para as vidas
humanas e também para a economia. Os
desastres naturais podem ser fatais, mas existem a prevenção e cuidados para reduzir suas consequências.
Na economia real, e em
especial a brasileira, também conhecemos esses fenômenos subterrâneos e assistimos
diariamente às suas manifestações visíveis. A situação passa a ser problema quando vemos os maremotos, trovoadas e
outros fenômenos econômicos e achamos que após a trovoada vem a bonança ou que tudo não passa de chuvas de março. E enquanto há poucos prevendo o clima, há muitos prevendo a economia. Gente com experiência de governo e internacional, acadêmicos, alguns que nunca pagaram uma conta na vida e outros que
quebrariam um carrinho de pipoca com a sua capacidade gerencial. Em resumo, além de muita gente escrevendo e falando, e na época das eleições isso aumenta muito, é fundamental que o executivo e o empresário, além do conhecimento próprio para julgar, saibam que os erros dessas leituras terão que ser pagos por eles.
Nos subterrâneos da economia real brasileira, há um movimento cujas consequências podem ser desastrosas para o país, que é a brutal redução de lucros das empresas. Setores completos, como siderurgia, têxtil, celulose e papel,elétrico, aviação, eletro-eletrônico e outros, têm participado de um campeonato de prejuízos nefasto nunca visto antes. As justificativas não convencem e não substituem lucros. Parece
que os gestores têm de um lado enfrentado
desafios nunca vistos antes, mas de outro também não se preparam para mudanças.
Os grandes conglomerados
criados na base de conjuntura do mercado como o sistema X do Eike Batista, e
que foram num determinado momento símbolo de capacidade
empreendedora do brasileiro, levarão para o fundo do mar
consigo um exército de trabalhadores, investidores,
bancos e fornecedores. E voltamos para o sistema de ajuda do governo, que tanto
foi criticado e nefasto no passado? A solução vai requerer muita
sabedoria e criatividade, mas, principalmente, responsabilidade com a nação.
O setor público empresarial, que tinha uma excelência de classe mundial, se esfacelou com o susto que estamos
passando com a PETROBRAS. Mas, muito pior está a situação da ELETROBRAS, que declara um prejuízo fenomenal e alega que não estava preparada para a
redução de custo de energia promovida pelo seu dono, o governo. E no
mesmo dia apresenta um plano de ajuste, que eleva suas ações em alguns pontos e ganhos para os amigos especuladores.
Tudo é competência gerencial! Os bons
executivos têm que saber ler e prever
esses fenômenos. Esse caso mostra
tipicamente que não sabiam ou não queriam. Há o ambiente político com o qual o empresário tem que lidar, mas
antes de mais nada há competência gerencial. É ela que faz o lucro,
inclusive socialmente responsável.
Stefan B.Salej