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Monday, 28 June 2021
DE BRIGA DOS SUB CACIQUES DA INDUSTRIA BRASILEIRA
DE MINAS EM PRIMEIRO LUGAR. PARA ALGUNS, SIM E PARA OUTROS....
Dizem as leis não escritas, em Minas, que, sendo mineiro, primeiro Minas. E assim se julga as pessoas, principalmente as que ocupam cargos públicos de qualquer natureza em Minas. Às vezes se perdoam deslizes no amor à terra, mas não se esquece jamais nem se perdoa alguém que colocar interesses pessoais ou interesses de terceiros acima desse amor infinito com as terras de Minas.
Minas foi pioneira na industrialização do Brasil. Primeira usina siderúrgica, primeira usina hidroelétrica e assim por diante, foi se formando um parque industrial, se não o maior do Brasil, sem dúvida dos mais competitivos em qualidade e competitividade. Não só grandes complexos industriais, mas até produtos artesanais, como cachaça e queijo, viraram a marca de Minas. E dentro desse contexto, a entidade empresarial da indústria, a FIEMG, pioneira inclusive na implementação dos clusters no Brasil ou APL (dos quais se destaca o Vale da Eletrônica) tem um papel fundamental no contexto econômico-social do Estado.
É uma entidade pública no sentido da responsabilidade política e social, além da sua função econômica. Aliás participou da vida política desde sua fundação há 85 anos de forma ativa e participativa . Portanto, os atos praticados lá, independentemente de sua natureza legal, não são fatos de ordem interna. São sim fatos que afetam o estado como um todo e cada cidadão mineiro, seja da indústria ou não. Pelo menos assim pensavam e agiam dois dos ex-Presidentes da entidade, Nansen Araújo e José Alencar, e seu sucessor.
Os eventos das últimas semanas, onde os dois atuais ocupantes dos cargos na entidade nacional da indústria e na estadual, onde acusações de parte a parte saíram das salas de reuniões e se tornaram públicas, dizem diferente. Os dois mineiros ocupantes dos cargos da suposta liderança industrial se estranharam num assunto fundamental para a vida dos brasileiros: ficar ou não mais tempo na presidência da entidade nacional. O que está lá, atuando há mais de quarenta anos em entidades empresariais, dos quais oito na presidência da FIEMG e doze na CNI deseja, por voto da maioria dos seus 27 pares, ficar mais um ano. Mudou o estatuto uma vez para ficar mais quatro anos, e, apesar de não ser mais representante de Minas na entidade, quer prorrogar seu mandato por mais um ano. Por que? As respostas são variadas, mas vão desde a necessidade de terminar seus projetos (doze anos não foram suficientes), evitar que a eleição ocorra em ano eleitoral brasileiro, para não ser contaminada por políticos (como se já não estivesse) e esperar que o candidato preferido dele concorra na eleição no seu estado e, se não ganhar, junte os votos das federações do Nordeste e se eleja de novo.
O príncipe mineiro, que justiça seja feita, não vai provocar a mudança de estatuto para prorrogar o mandato, está contra e tem apoio das federações da indústria de São Paulo e do Rio Janeiro. Ou seja, 75% do PIB está contra essa prorrogação, o que não vale nada porque os que não têm peso industrial têm votos. Assim é o sistema que movimenta bilhões de reais por ano e nunca, nem em Brasília e nem em Minas nos últimos vinte anos, publicou um balanço sequer. Total falta de transparência, da qual o cúmplice é o Tribunal de contas da União. Mas isso não tem nenhuma importância porque as pessoas lutam por esses cargos pelos benefícios que oferecem e prestígio por politico e benefícios para seus negócios e não pelo bem da indústria.
Aliás, a pergunta que fica é o que os dois fizeram para que a indústria crescesse ao invés de ir ladeira abaixo. E o que os dois, quando eram amigos, fizeram mesmo para o crescimento da competitividade da indústria mineira e brasileira.
Enquanto a indústria está minguando, temos pandemia, 500 mil mortes e crise de energia, dois mineiros resolvem brigar publicamente ao invés de se unirem e fazerem algo de bom para Minas e para o país. O motivo de brigarem pode até estar correto, em especial quando se fala em prorrogação dos mandatos. A distorção que vivemos no mundo das entidades de classe é assustadora. De um lado um mundo real, de dificuldades para sobreviver, de outro lado, briga de poder. Apesar de que a previsão de crescimento do PIB industrial mineiro este ano seja de 7 %, a pergunta é se isso é resultado da conjuntura internacional ou de ações das entidades de classe. Coisa de caudilhos empresariais que consideram que ser presidente de entidade e atuar quarenta anos é mais lucrativo do que ser empresário. Caudilhismo empresarial que se estende pelas corporações como conselhos profissionais, outra área que merece destaque nos custos das empresas e cidades.
Mostrar que queremos bem ao país é dar resultados e dois mineiros só brigarem se for para Minas ficar melhor. E com Minas, o Brasil. E se não forem capazes de resolver as divergências de forma civilizada, então o questionamento fica para o tribunal da cidadania mineira.
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