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Sunday, 11 April 2021
DO “HAY GOBIERNO, SOY A FAVOR, CONTRA E MUITO PELO CONTRARIO”
DO “HAY GOBIERNO, SOY A FAVOR, CONTRA E MUITO PELO CONTRARIO”
O Brasil, na sua base econômica, não difere muito da República Popular da China. Nāo no seu desempenho como estado ou país. Aí a diferença é brutal. Mas a dependência da economia brasileira, seu entrelaçamento com o tecido político e o sistema de governança, ultrapassa qualquer definição de economia de um estado democrático. A intromissão do estado na economia através do sistema político e do governo ultrapassa a imaginação de qualquer analista e nos ilude pela sua complexidade. É fácil dizer que China é dominada por um partido comunista e tem a gestão de sua economia dominada por esse partido. Quando então se comparam quanto este partido domina os destinos de economia do país com como no Brasil a aliança dos políticos e do executivo, com a complexidade jurídica e seu aparato, descobre-se que a complexidade brasileira esconde uma intervenção muito maior e, por incrível que pareça, com resultados bem diferentes. Nós somos prisioneiros de um falso sistema construído através de séculos, veja as leis da Província de Minas de 1848, que a Mercado Comum publicou, onde o estado domina totalmente a economia do país. Somos um país abusado, violentado.
Esse tecido econômico, essa aliança espúria de políticos, governo e sistema judiciário, determina o relacionamento entre os empresários e os poderes da República. A empresa no Brasil só cresce e sobrevive na sombra dessa aliança espúria de políticos e governantes. Essa sombra do poder ilimitado a estes atores , dado inclusive de forma democrática nas eleições, atinge todo o tecido econômico, independentemente de sua localização, ramo de atividades ou tamanho. E a isso se junta o sistema judiciário, vasto, enorme, guardião de justiça que zela para que o sistema se mantenha vivo. Em nenhum país do mundo a intervenção da justiça na vida das empresas, seja trabalhista, fiscal, criminal, ambiental e não sei mais o que, interfere, regulamenta, ameaça e alimenta injustiça, como o sistema brasileiro.
Nesse retrato, que ainda leva na sua relação, empresas versus sistema político governamental, a nossa jabuticaba, ainda tem duas ferramentas infalíveis: o castigo e o estímulo. Para os amigos tudo, e para os demais a lei. No momento em que atingimos o triste recorde de quase 400 mil mortos em decorrência da epidemia, fome e miséria, também somos o país onde cresceu, mesmo com a desvalorização brutal do real, o maior numero de bilionários, 11 novos bilionários em dólar, no ano de 2020.
Esse é sistema para o qual aderem com afinco e força políticos todas as matizes ideológicas no país. De um ao outro extremo. A história do Mensalão, da Lava Jato, e outros dezenas de exemplos, mostra o funcionamento dessa aliança de interesses econômicos e políticos e de manutenção do sistema.
E aí, quem será contra? As chamadas lideranças empresariais querem e se esforçam para fazer parte do sistema. Lutam ferozmente para serem incluídos na base política, para fazerem as mudanças que levem a mais benesses. Sāo poucos os que têm projeto de melhorar a competitvidade do seu setor, do seu estado, ou ainda um projeto de melhorar o país como um todo. As criticas ao governo sāo feitas para negociar melhor o que interessa e nāo para resolver o problema. A falta de reforma tributária nāo faz falta porque a desordem fiscal alimenta um sistema perverso mas muito lucrativo, tanto para o estado como para um sem numero de advogados, juízes, e, também, empresários.
O empresários numa democracia representativa e economia de mercado têm voz e responsabilidade na condução de política. No Brasil sempre foi assim, sem precisarmos lembrar o golpe de 64 e nem o Manifesto de oito empresários a favor da democracia dez anos depois. E hoje continua assim. É o sistema que temos.
Esse sistema é do antes do muito pelo contrário . Ele historicamente ja mostrou para onde o país vai. E as mudanças radicais, seja o evento de 64, sejam tentativas contra, também demonstraram que não é esse o caminho. Se as lições da nossa história e do nosso desastre de hoje nāo nos induzirem a pensar como sermos diferentes dentro de mudanças que o sistema democrático nos permite, então nāo haverá mudanças. E esse sistema de fato fará o sistema econômico brasileiro produzir melhores resultados financeiros, por quanto tempo mais? Ou tecido social, desprezado nessa equação com suas variáveis, como o meio ambiente, é um acelerador de benefícios econômicos ou vai se tornar ainda mais um peso que freia o desenvolvimento como um todo. A passividade e adesão do sindicalismo brasileiro, seja empresarial, mas principalmente dos trabalhadores, a esse modelo, nāo convence que o futuro do modelo está garantido. É uma ilusão de ótica da melhor qualidade.
Os empresários e as novas gerações terão que refletir sobre isso, e mais, deverão ter na sua mente e em suas ações coletivas com clareza qual modelo político proporciona melhores resultados coletivos. Vejam como estão reagindo as grandes corporações americanas às limitações que os republicanos estão impondo aos eleitores. O empresário nāo representa somente o capital, mas toda a comunidade que gira em torno desse capital e tem que estar atento a isso. Ou seja, em torno da empresa há um mundo, assim como a empresa também está no mundo, seja no próprio país, seja no mundo globalizado. E não no final de contas as mudanças tecnológicas que estamos vivenciando agora também batem na porta. Há uma mudança tecnológica em curso, mas ela inexoravelmente leva a mudanças sócias e econômicas. O mundo se move com mudanças.
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