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Monday, 6 July 2020

É A EDUCAÇÃO, ESTÚPIDO

É A EDUCAÇÃO, ESTÚPIDO Neste bendito Brasil, há sempre e em todos os lugares um comentário de que o povo brasileiro não tem educação. E que todas as nossas mazelas têm origem na falta de educação do povo. Bem, primeiro cabe perguntar quem é o povo e definir o que é a educação. Que certo segmento do povo tem demonstrado uma educação bem própria, está comprovado no vídeo da Val Marchionni com a Bia Doria, primeira dama de São Paulo. Ali não tem nada de novo, mas é um padrão de comportamento, e não de educação que estamos falando. Comportamento respeitoso faz parte de educação. Nesta epidemia, uma parte da população pertencente à classe da Val, tem demonstrado um desdém com os demais segmentos da sociedade brasileira que é assustador. Epidemia é para pobre, e o rico não precisa usar nem mascara, nem respeitar os outros. Esse tipo de comportamento, independe de educação formal, depende de educação que chamávamos antigamente “de casa”. E ele não está restrito a uso de mascaras, ao desdém com o vírus, mas impregna também o comportamento empresarial e social, como um todo, das pessoas. Ainda bem que a maioria empresarial não é composta por valetes dorianas e que tem feito um trabalho formidável na área social. Se não fosse assim, e prevalecendo os e as valetes, a situação seria bem pior. E para ter honra e respeito, o certificado não é dinheiro, mas caráter. Tem ou não tem. Mas, por que o brasileiro não tem educação, eis a questão. De um lado, muitos avanços foram feitos com programas de alfabetização, melhorias na qualidade de ensino e sua expansão. Há sim um esforço no país, mas sobre tudo há na sociedade brasileira uma consciência cristalina de que a mobilidade social passa por educação. Você só progride na vida com conhecimento. Mas, mesmo assim o grau de penetração de oportunidades de educação na sociedade brasileira e sua qualidade em geral (veja sobre isso os estudos do Prof. Simon Schwartzman), não são satisfatórios. Em qualquer pesquisa que fizer, a educação está em primeiro lugar como preocupação de qualquer brasileiro. E por que não avançamos mais? Simples, porque fora de palavras e mais palavras de todos os governos e de todos políticos, a educação na prática nunca foi prioridade. Do JK, foram estradas e energia, do FHC , foi consolidação da estabilidade monetária com o Plano Real, dos militares, foi dominar a estudantada rebelde, e no governo do Lula, foi dar oportunidade de diploma universitário, através do setor privado virando bilionário, e da expansão do sistema federal de ensino, empobrecendo o que existia e piorando a qualidade. Sem falar do desastre do Ciência sem Fronteiras, cuja ideia, ainda da época do FHC, foi mal gerida e administrada, enriquecendo as universidades privadas no exterior e vendendo ilusão de conhecimento ao estudante brasileiro. E chegamos aos dias de hoje. Sem comentários. Mas, há uma conclusão clara: o maior crime, além dos milhares de mortos pela gestão da pandemia, é a oportunidade perdida para uma geração inteira na área da educação. Isso vai ter consequências gravíssimas não só na área social, mas também na área econômica, que na reestruturação pos-covid vai precisar de mais e mais pessoas capacitadas para trabalhar. A pandemia piora sim e em muito as possibilidades de gestão na área. Mas, justamente, uma situação de crise exige uma gestão ainda melhor. Em todos os níveis do sistema educacional, claro com algumas exceções honrosas, estamos vivendo um desastre pior do que a Covid-19. Esse vírus da inépcia na área se alastra há dezenas de anos e só piora e piora. Não custa lembrar que a Imperatriz Maria Thereza da Áustria editou uma Lei escolar em 1792, que foi a base até hoje de um sistema escolar eficaz e eficiente. Os portugueses, como bons colonizadores, não queriam um povo educado. Mas, também já se passaram 200 anos que eles foram embora, e os nossos governantes continuam querendo ter um povo mal formado e pouco educado. Se todos estamos de acordo em que a educação é primeira, segunda e terceira prioridade nacional, então espera-se que a sociedade expresse isso. Não cabe dizer, antes que seja tarde, porque tarde já é. Parafraseando James Carville, estrategista da campanha de Clinton, (It’s economy, stupid), É a educação, estupido . Stefan Salej