Da Alemanha forte
A dúvida não existe mais e é melhor acreditar. A Alemanha, que já era potência econômica mundial, assumiu de vez o seu papel como potência política mundial. O conflito entre Rússia e Ucrânia, estimulado pelos Estados Unidos e alguns aliados europeus, estava prejudicando os negócios alemães na região e criando um sério obstáculo para a retomada do crescimento econômico na região. E claro, com mais de 5 mil mortos e a destruição de cidades, tornava-se um perigo que alastrava o medo de guerra pela Europa. E ninguém esquece a ultima guerra nos Balcãs e seus massacres.
Como as sanções econômicas contra a Rússia não deram o resultado desejado e com a ameaça do Obama de fornecer armas aos ucranianos para intensificar o conflito, a Chanceler alemã assumiu o comando da situação. Dispensou a burocracia ineficaz da União Européia e desenhou seu próprio caminho para a solução. Convidou o enfraquecido presidente francês Hollande para ser parceiro, marcou os encontros com os presidentes da Ucrânia e Rússia em Minsk, capital da Bielorussia, onde manda o ditador Lukashenko, visitou Washington para que os americanos não fossem totalmente contra, e após dezesseis horas de negociações, concluíram um acordo de paz.
O presidente russo disse que a noite foi difícil mas a alvorada foi melhor, referindo se ao acordo. Um acordo frágil, o possível dentro do impossível, e com todos os cuidados agora para que aconteça a sua implementação. E aí, a super Angela enfrentou o segundo problema na semana: a renegociação da dívida grega. Firme em não permitir que os acordos sejam descumpridos, mas flexível em achar a solução. De novo a Alemanha assume a liderança das negociações, permite que a União Européia faça seu show, mas quem dita as regras do jogo e o ritmo da dança é a Alemanha.
Mas, há também um terceiro momento dessa semana alemã no cenário mundial : a visita do seu ministro de relações exteriores ao Brasil. À Alemanha interessa a paz na região e sobretudo o sucesso econômico. São Paulo é a segunda maior cidade industrial alemã. As empresas alemãs são as que mais investem em produção com tecnologia, portanto geradoras de empregos de qualidade no país. É absolutamente gol de placa esta visita, inclusive às vésperas da Feira de Hannover, onde, caso excepcional, os industriais do Vale da Eletrônica vão em massa apresentar oportunidades de investimentos no Brasil.
Minas, que já foi palco de reuniões da Comissão Mista Brasil Alemanha, e recebeu na década de 50 os primeiros investimentos alemães no Brasil, está fora desse circuito de up grade da Alemanha no mundo. Primeiro, a Alemanha que conhecíamos não existe. E segundo, com a nova Alemanha, o diálogo tanto no nível internacional como regional terá que ser outro. O mundo será de novo diferente.
Stefan Salej
12.2.2015.
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