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Sunday 5 February 2023

A SIMPLICIDADE E COMPLEXIDADE DO BRASIL NO MUNDO

 A SIMPLICIDADE E COMPLEXIDADE DO BRASIL NO MUNDO


Há uma euforia enorme nos vários setores políticos e econômicos no Brasil, afirmando que o Brasil voltou. A interpretação dessa frase é que o mundo está alegre e feliz com o  novo governo que dialoga e apresenta valores que a maioria dos países aceita. O fato é que a agenda externa está cheia: veio o Chanceler alemão, Lula foi à Argentina e ao Uruguai, veio a Ministra de Negócios Estrangeiros da França (o antecessor dela não foi recebido pelo Bolsonaro, que mandou foto cortando o cabelo no horário que havia marcou o encontro com ele), Lula vai aos Estados Unidos e depois à Índia e China e mais e mais. A Noruega e  a Alemanha voltaram a investir no Fundo Amazônia e a imprensa mundial toma nota das ações do novo governo com uma atenção pouco vista nos últimos anos.


AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE UM PAÍS SÃO DE UMA COMPLEXIDADE INCRÍVEL E DE DIFÍCIL COMPREENSÃO PELO ELEITORADO. MAS ELAS SE RESUMEM A UMA SIMPLICIDADE COMPREENDIDA POR TODOS: A DEFESA DO INTERESSE NACIONAL. OU SEJA, QUALQUER POLÍTICA EXTERNA QUE GOVERNO LULA TIVER TERÁ QUE SE BASEAR NOS INTERESSES NACIONAIS.


E aí entra a questão crucial que é a definição dos interesses nacionais. Um belo exemplo disso é a compreensão distinta entre o governo e o público em geral sobre o  anúncio de um empréstimo para a construção de um gasoduto na Argentina, durante a visita do Presidente Lula a Buenos Aires. Enquanto o governo entende que é do interesse brasileiro financiar e com isso criar emprego no Brasil e ter acesso a mais gás, a opinião pública se espanta e pergunta por que financiar lá, se há tanta necessidade de investir no Brasil.


Ou seja, a política externa tem que estar alinhada com a política interna. A do governo Lula nessa área é extensa e clara, atendendo ao que consideram que são os nossos interesses. E o principal interesse do Brasil é o aumento de suas exportações e de investimentos. A ação política e diplomática é a base dessa premissa, claro que incluindo aí outros itens de igual importância.


É uma maravilha para qualquer presidente visitar outro país, ser recebido com tapete vermelho e com guarda presidencial perfilada. Mas, a realidade, depois que sai do tapete vermelho é outra, é a mostra dos interesses recíprocos e antagônicos. 


Na sua visita a Washington, devemos ter em mente como funcionam os Estados Unidos. Por exemplo, lembrar que temos mais de meio milhão de brasileiros lá e que quando são pegos na passagem ilegal da fronteira, são devolvidos ao Brasil acorrentados no voo, sejam crianças, adultos ou mulheres. Tudo dentro do melhor respeito aos direitos humanos. Também vale a pena lembrar do escândalo de espionagem da própria Presidente Dilma pelos serviços de inteligência norte-americanos na véspera da visita de estado (mais alto grau de visita presidencial). E o presidente lá era nada mais e nada menos do que Obama, democrata e querido por todos.


Talvez mais ilustrativa dessa relação foi a resposta que deu Robert Zoellick, alto funcionário do governo norte-americano americano e posteriormente presidente do Banco Mundial, quando reunido no Restaurante Maxim em São Paulo com cinco empresários e um banqueiro, na véspera de eleições presidenciais em 2002  ( Lula X José Serra): Gosto e respeito o José Serra. O trabalho que fez com remédios contra a AIDS e pelos genéricos em Doha (reunião de OMC naquele ano) foi extraordinário.Mas, Lula vai precisar mais dos Estados Unidos para governar do que o Serra.


No capítulo da vista aos Estados Unidos, está a postura do governo dos Estados Unidos com relação à permanência de ex-Presidente brasileiro lá. Ele está no território republicano da Flórida e com status não muito claro. O que convém hoje ao governo Lula, só Lula sabe. E se convém que o Bolsonaro fique por lá, Biden tem que estar de acordo.





Essa tônica de que o governo Lula precisa de apoio do exterior para se firmar na sua governabilidade é dúbia. Aliás, Lula foi claro na entrevista com o Chanceler alemão, dizendo que o Brasil está sim interessado em ser membro da OCDE, mas não como espectador, senão como ativo participante das decisões mais importantes. Neste item deve ser mencionada também a Amazônia. O mundo se preocupa com o meio-ambiente sim, com o pulmão do mundo, mas dentro de interesses deles (é só lembrar a expedição do ex-Presidente  norte-americano Ted Roosevelt na década de 1920 à Amazônia). 


Isso vale também para o acordo Mercosul-União Europeia. Sem dúvida alguma, esse acordo, por melhor que seja negociado pelos países do Mercosul, é fundamental para os europeus expandirem suas fronteiras econômicas e consolidarem suas posições. Portanto, como disse Presidente o argentino, no acordo, do jeito que está, estamos começando o jogo perdendo quatro a zero. Aliás, achar um equilíbrio de interesses nesse acordo e concluí-lo será a tarefa mais árdua da diplomacia brasileira neste ano, quando a melhor chance para fazer isso será durante a presidência espanhola do Conselho da EU e a do Brasil, no do Mercosul.


Nessa extensão de interesses brasileiros vale a pena prestar atenção no mapa abaixo. China, China, China. E aí está nosso principal parceiro de comércio exterior e de  investimentos. Não só nosso, mas de toda a América Latina. A visita presidencial a Beijing vai determinar o nosso futuro e principalmente se a proposta de uma acordo entre Mercosul e China for adiante. E se a isso se  adicionar a nossa participação nos BRICS, temos uma reviravolta histórica. E como os Estados Unidos tem uma relação concorrencial com China, podem estar efetivamente preocupados com a mínima chance de essa ideia  se realizar.


Nesse tabuleiro faltam muitas peças, como nossas relações com os países da América Latina, a reativação do Celac e da Unasul, com a África e com o Leste Asiático como um todo. E, na transversalidade, a nossa posição em relação ao  conflito armado entre Rússia e Ucrânia, Oriente Médio, direitos humanos entre outros.


Mesmo que no Brasil o único lobby organizado para influenciar a política externa seja de empresários, sendo a participação de outros atores, como partidos políticos e sociedade civil, pífia, há neste momento dois elementos fundamentais para termos a tranquilidade de  que a política externa vai estar alinhada aos interesses do Brasil: a alta qualidade de diplomacia brasileira, ou seja, o Itamaraty, e um Presidente que sabe onde fica o mundo e o Brasil neste mundo. Mas nunca é demais lembrar que se os eventos na área externa não forem bem entendidos pelo eleitorado, por melhores que sejam os resultados que apresentem, tornam se prejudiciais ao  invés de se adicionar às vitórias.





 








 

Monday 30 January 2023

DA VACA MUERTA AO SAMBA, Relações argentino -brasileiras

DA VACA MUERTA AO SAMBA 

Relações argentino-brasileiras


A crença popular dos brasileiros sobre os argentinos teve uma erupção vulcânica na semana da visita do Presidente Lula ao país vizinho. Que os brasileiros não amam os argentinos, e vice-versa, é um fato do folclore político mais do que conhecido. E aí as notícias que circularam nas redes sociais, desde Lula roubar a Taça  Jules Rimet até que o Brasil vai conceder financiamento à Argentina que será pago com alfajores, são mais um produto do ódio político interno do que real ojeriza dos brasileiros ao povo vizinho. A bem da verdade, não faltaram notícias sobre a visita que levantam as sobrancelhas .E a principal é sobre a moeda comum.


As visitas presidenciais são políticas e geram fatos políticos. Então a sua interpretação deve ser serena e em função dos resultados que possam gerar após a visita. A  primeira constatação nesta análise deve ser que os dois países são vizinhos e vão continuar vizinhos. A segunda constatação é que nos últimos seis anos praticamente rompemos um fluxo de relações políticas e econômicas com Argentina. E o terceiro fato é que os dois presidentes, Lula e Fernandes, são amigos pessoais. Não  se pode esquecer que Fernandes visitou Lula na prisão em Curitiba, e que foi o primeiro mandatário estrangeiro a vir visitar Lula após declarado o resultado das eleições.


Apesar de que Brasil nos últimos dois governos perdeu espaço no comércio entre os dois países, vale a pena salientar que mesmo assim tivemos um superávit comercial no ano passado superior a 2 bilhões de dólares num intercâmbio superior a 28 bilhões de dólares. Provavelmente o balanço de pagamentos também seja favorável ao Brasil, devido ao grande fluxo de turistas e serviços.


Um presidente e seu governo têm que entender que o país só exporta se tiver um mínimo de competitvidade da indústria para exportar. E o mercado argentino, sempre em crise e volátil, é um mercado em que a indústria brasileira, já que no agro somos concorrentes e grandes importadores de trigo, é competitiva. E é dever do governo brasileiro achar meios para proteger nossos exportadores e aumentar os negócios.


Portanto a missão de Lula foi indicar essas soluções. O Brasil perdeu muitos negócios  por falta de mecanismo de crédito nas suas exportações de manufaturados, que geram mais empregos no país. E é absolutamente inverosímil que as exportações de engenharia para Cuba e Venezuela representam default e que devem servir de referência para o futuro de nossas exportações.


O debate que se abriu durante a visita sobre a moeda única foi mal comunicado e é um fato político da visita sem uma sustentação econômica, aliás muito bem descrito pela consultoria argentina www.abeceb.com



Outro assunto é o crédito do BNDES para o projeto Vaca Muerta, que já teve a participação da Vale, que perdeu muito dinheiro e o abandonou. Esse projeto, com suas reservas de petróleo e gás, o qual recentemente todos os embaixadores dos países da União Europeia acreditados em Buenos Aires, eleva a Argentina a ser quarto maior produtor de petróleo do mundo, e o segundo de gás. Ou seja, o projeto muito bem explicado pela consultoria McKinsey no seu site Insights, pode colocar a Argentina em um outro patamar econômico, criando mais de 240 mil empregos, mas sobre tudo numa outra posição geopolítica. E Brasil ignorar isso, é ignorar o nosso futuro.


Claro que sempre tem algum jabuti nas histórias. O de crédito para o gasoduto no valor de 689 milhões de dólares, diga-se de passagem aproximadamente 1.5 % do rombo da Americanas, seria fornecido provavelmente a uma empresa brasileira maior fabricante de tubos que pertence a uma empresa argentina. Com esse crédito, a empresa “brasileira” torna-se competitiva e pode derrotar os chineses. Vale também a pena indicar que esse financiamento é para o gasoduto que ainda não traz gás para o Brasil.


Salvo falha de memória, foi essa mesma empresa que tirou, segundo recente depoimento do empresário Benjamin Steinbruch ao Brazil Journal, a possibilidade de a CSN assumir o controle acionário da Usiminas. Foi uma decisão da então Presidente Dilma Rousseff, de ceder controle da Usiminas aos argentinos em troca de uma  presença maior da Petrobras naquele país. Para alguns especialistas no assunto, essa troca se enquadra bem no dicionário de nomes de nossas tradicionais cervejas.


Não existe nenhuma dúvida, entre os empresários, economistas e investidores, que o Brasil recebeu, mesmo com um desastroso governo, um total de investimentos externos no ano de 2021 de 46 bilhões de dólares e a Argentina, 5.7 bilhões. A dívida externa do Brasil cresceu em 10 anos de 352 bilhões para 606 bilhões e a da Argentina, de 126 para 246. Só que o Brasil tem reservas para pagar, Argentina, não. Enquanto a inflação beira 100% ao ano no país portenho, aqui está em torno de 15%. (Dados publicados pelo Banco Mundial)


Seja como analisarmos essa relação, desde que não o façamos pelos termos futebolísticos, os dois países são sócios em um projeto chamado MERCOSUL, que devem reativar inclusive com o acordo com a União Europeia. Se os  políticos tiverem um pouco de bom senso, como tiveram com a fundação de MERCOSUL, os dois países podem ser mais competitivos e com melhores índices sociais, ao aumentarem a cooperação e não ao contrário.As relações Mais tensas se deram no período de regimes militares nos dois países quando só floresceu a cooperação em tortura, Operação Condor e no governo Bolsonaro, como copycat da época do regime militar.


Se tivermos um mínimo do juízo, vamos  reconhecer que temos inúmeros campos em que podemos obter resultados significativos para os dois países. Os argentinos, por exemplo, estão muito mais avançados em tecnologias nucleares que Brasil.Há uma cooperação, mas tímida. O espaço antártico e a área de ciências exatas são outros exemplos. Na área de IT, e em especial e-commerce é só lembrar de o Mercado Livre. Há  investimentos industriais importantes bilaterais e, fora da indústria automobilística, há um espaço enorme de cooperação das cadeias de produção. Mas, temos que achar um meio de quebrar essa pretensa e idiota percepção cultural que temos uns dos outros, como se relação política e econômica fosse um jogo de futebol.De fato, os anos de política visceral que Brasil exerceu contribuiu muito para piorar essa versão cultural que predomina no nosso relacionamento.





No final do ano haverá eleição presidencial na Argentina.  Então,  a nossa amizade com o governo argentino não pode ser pessoal, mas de estado para estado, onde os dois interesses sejam convergentes, respeitando seus interesses nacionais.


No fundo, não se pode dançar tango ou samba no mesmo ritmo, mas pode-se dançar um ou outro num show de respeito e beleza.






 





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Thursday 26 January 2023

FIESP
NOTA CONJUNTA
São Paulo, 26 de Janeiro de 2023
Nas últimas semanas a FIESP passou por momentos de discusses, internas e
públicas, que representaram um dos grandes desafios na história de mais de 90
anos de nossa entidade. Diante disto, estivemos juntos refletindo sobre nossa
Federação, a situação da Indústria e sua inserção no quadro de intensas
transformações não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
Concluímos que cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências.
Assim, decidimos usar toda a nossa energia, capacidade de liderança e de
articulação para fortalecer a nossa entidade e impulsionar, a partir dela, o
processo de reindustrialização do nosso País, fundamental para o avanço
socioeconômico e a realização das mais nobres aspirações de nossa população.
Isso passa por uma gestão mais ampla e abrangente da FIESP. Acreditamos que
a participação de todos os sindicatos filiados, por meio de suas lideranças, seja
fundamental para o born funcionamento da entidade. Também é fundamental
que o reconhecimento àqueles stores formados por empress pequenas e
medias, fundamentais empregadoras, seja contínuo e representativo.
Trabalharemos juntos visando a contínua melhoria do funcionamento da nossa
entidade e buscando atingir nosso propósito de impulsionar o desenvolvimento
sustentàvel da nossa Indústria e do nosso País.
Conclamamos a todos que abandonem eventuais diferenças e se unam a nós
nesta jornada, com a certeza de que estamos fazendo o melhor pela FIESP
pelo Brasil.
Josué Gomes  da Silva
Paulo Skaf,

Sunday 22 January 2023

DOS CAMINHOS E DESCAMINHOS DA INDUSTRIA BRASILEIRA, O CASO DA FIESP.

   Dos caminhos e descaminhos da indústria brasileira


A maior preocupação da indústria hoje é como vai desenvolver o mercado. Meu negócios vão crescer se o mercado crescer. E nesse item as diretrizes governamentais têm seu peso. E a isso se juntam os juros e a inflação.O empresário precisa de rumo e estabilidade. Mesmo querendo a reforma tributária, não pode ficar pendurado na corda bamba esperando que reforma saia ou não saia. O mesmo vale pra as relações trabalhistas.


Então está claro que incerteza mata negócio. Retrai investimentos e todos saem prejudicados. Uma das forma para diminuir as incertezas é permitir a participação nas entidades empresariais. Nelas, você, com força maior, defende as causas, em especial junto ao governo, que você sozinho, grande ou pequeno, não consegue colocar em evidência.


Se a entidade empresarial não cumpre esse papel, inclusive nas negociações salariais, a pergunta é para que ela me serve. Não é que eu neste caso vá conseguir resolver sozinho, mas também a entidade fica fora do meu espaço de preocupações. 


As entidades empresariais no Brasil, que são baseadas nos sindicatos e administram o sistema S, são poderosas porque tem recursos oriundos de desconto na folha de pagamento de salários. Ou seja, falando francamente, assalariado recebe menos no seu salário para financiar sistema o S, Senac, Sesc, Sesi, Sebrae, Senai, Ápex, Embratur e mais alguns. As entidades empresariais que administram por exemplo o Senac, recebem 10 % dos recursos arrecadados. E ninguém pública o balanço dos recursos recebidos, nem confere os resultados, o TCU, que fiscaliza, faz vista grossa e ninguém diz com clareza quantos desses recursos são arrecadados no Brasil. A última estimativa, mas que não foi confirmada, é de 80 bilhões de reais ao ano.


Claro que há entidades que administram esses recursos com eficiência. Muita coisa foi bem feita nestes 70 anos dos sistema. Mas, também o sistema gera ambições e cobiça. Gera distorções, permanência longa dos seus dirigentes, envolvimento com política e distanciamento dos objetivos da indústria, sua competitividade e suas relações com trabalhadores mais equilibradas.


O recente episódio na FIESP mais parece disputa política numa república de bananas do que um debate sobre o desenvolvimento da indústria paulista. Em resumo, uma turma que dominou a entidade por 18 anos com tentativas fracassadas  de conquistar o governo do estado, elege seu sucessor, que elege o sucessor que traz um novo jeito de administrar. E aí de repente parte do grupo que o elegeu, acha nele tantos defeitos  que o transforma em São Sebastião flechado, e dos quais não sabiam nada quando o elegeram. 


Tudo muito estranho. Discussões, acusações num nível tão inconsistente e atitudes tão radicais que dão medo de estar perto da entidade. Aliás, ninguém pode acusar o acusado atual presidente da FIESP de desvios financeiros, simplesmente porque não há. As acusações que lhe são imputadas são de nível pessoal, sem substâncias e muito mais referentes a quem quer brigar e arruma razão para brigar. 

As divergências políticas, que a sociedade está tentando superar, uma parte de empresários que compõe a base sindical da entidades quer trazer para a entidade, copiando o modelo de acampamentos em frente aos quartéis.

A sociedade e inclusive a maioria dos empresários pelo Brasil afora não conseguem entender nem o nível de acusações, nem as atitudes e nem quem está brigando para ter que benefícios. A entidade vai sair tão arranhada que não será capaz de representar os interesses de seus associados numa hora crucial de re-industrialização do país. Os caciques brigam e os índios estão abandonados.


No fundo, pode-se arriscar esta previsão, no debate sobre dois conceitos de avanço da indústria: um, que mantém a entidade amarrada às ambições políticas que foram derrotadas por três vezes, e novamente nas últimas eleições, e um modelo de gestão para elevar a competitividade da indústria paulista, em um projeto com forças políticas dominantes hoje no governo.


A pergunta que não teve resposta até agora nesse conflito é o que a indústria ganha para ser mais competitiva com essa confusão. Por enquanto só perde. Em resumo, vamos parar de brigar e começar a trabalhar.[ O autor foi Presidente da Federacao de industrias de Minas Gerais de 1995 a 2002 e Vice Presidente da CNI e nunca viu coisa parecida, e olha que já viu muita coisa, do que está acontecendo hoje em dia na Av.Paulista ) 









Friday 20 January 2023

   

Quote of the Day

“The market came with the dawn of civilization and is not the invention of capitalism. If the market leads to the improvement of people’s daily lives, then there is no contradiction with socialism.”

— President Mikhail Gorbachev of the Soviet Union, in a speech to the founding congress of the new Russian Communist Party, quoted in the Washington Post (June 19, 1990)

Sunday 15 January 2023

DO ARROMBO NO PLANALTO AO ROMBO NA FARIA LIMA

   DO ARROMBO NO PLANALTO AO ROMBO NA FARIA LIMA


Janeiro deste ano merece mudar para agosto, mês tradicionalmente trágico na política brasileira. Após o arrombo na Esplanada em Brasília, cai logo em seguida uma bomba atômica na Faria Lima em São Paulo, capital financeira do país. Enquanto  em Brasília ainda estão se recuperando e descobrindo o que aconteceu e o que pode ainda acontecer, a bomba das Lojas Americanas tem o mesmo efeito mas com números mais exatos.


Quando o gato subiu no telhado e foram anunciadas inconsistências contábeis de 20 bilhões de reais, já foi assustador.E quando o gato chegou no telhado e falaram de 40 bilhões, o susto congelou. São míseros 8 bilhões de dólares. Dinheiro grande em qualquer lugar do mundo. 


A empresa, que tem 90 anos no mercado, e tem como sócios majoritários três dos maiores capitalistas brasileiros, com ramificações na área de cerveja, InBev e mais muitos outros negócios, tem um rombo desse tamanho descoberto pelo novo CEO da empresa em alguns dias. No conselho da empresa estão dois dos representantes dos acionistas majoritários, o próprio guru dos gurus Sicupira e o filho do outro sócio, o homem mais rico do Brasil, Jorge Lemann. Teoricamente, no Conselho de administração, com essa composição, ninguém detectou o que estava acontecendo. E teoricamente os auditores, além dos diretores, também não detectaram o que estava acontecendo para chegar a esse resultado tão nefasto.


Lendo o relatório anual da empresa (ri.americanas.oi) para o ano 2021, que diz que o propósito da empresa é “Somar o que o mundo tem de bom para melhorar a vida das pessoas”, você fica maravilhado. Uma empresa com 51 milhões de clientes, 3500 lojas físicas, 137 milhões de itens à disposição dos clientes, 55 bilhões de faturamento anual, 731 milhões de lucro líquido em 2021 e 44 mil colaboradores. Além dos famosos investidores 3 G, Lemann, Sicupira e Telles, há mais 600 fundos de investimentos, inclusive fundos de pensão, que investem na empresa. E o relatório, que dedica a maior parte às ações da empresa na sua responsabilidade ambiental, social e governança, ESG, suas estratégias de desenvolvimento, é um caso exemplar onde diz tudo mas esconde o principal: as tais inconsistências contábeis que provocaram esse rombo de 40 bilhões de reais.


A pergunta que não cala é como um time tão qualificado não sabia o que estava acontecendo. Ou sabia e se beneficiava com o modelo implementado. A dúvida que mata! Aliás, o 3 G já teve um caso similar na sua empresa nos Estados Unidos, Heinz. E ninguém pode dizer que essa inconsistências não são praticadas também em outros negócios do grupo que inclui cervejarias, alimentação etc.


Nos negócios, quando um perde, outro ganha. O ajuste de uma empresa desse tamanho será brutal. E os primeiros a pagar a conta serão pequenos acionistas, funcionários e fornecedores. E os bancos que emprestaram dinheiro. Entre eles, um dos menos prejudicados é, por incrível que pareça, o Banco do Brasil. Estatal, cuidadoso e tradicional. Quanto aos funcionários desprotegidos, porque os sindicatos foram trucidados, mal preparados para requalificação a ( a empresa se orgulha de dizer que investe 11 horas em treinamento por funcionário por ano), vão encontrar emprego onde? 3 G é conhecida no mundo inteiro por suas relações com capital humano, como empresa de ações com sangue frio e calculista. Então, em um  episódio assim, pode-se imaginar o que se espera na reestruturação. Os anúncios de que os acionistas preferenciais, os donos do negócio, vão capitalizar a empresa com bilhões, lembram o  ditado chinês que diz que rico não come vidro e nem rasga dinheiro.


O efeito dominó desse episódio, inclusive questionando o modelo de negócios do varejo brasileiro, o modelo de investimentos dos fundos, os controles contábeis e papel dos órgãos reguladores e mais e mais, ainda será medido. Provavelmente, o governo Lula, com seus magos econômicos ainda preocupados com o vandalismo no Planalto, ainda não se deu  conta desse evento chamado na literatura econômica de fraude. Suas consequências econômicas e sociais abalam a estrutura do mercado financeiro e do mercado de trabalho e ameaçam eventualmente o crescimento do país.


Aliás, o problema de fraudes empresariais, e o evento das Americanas pode se enquadrar nesta categoria, muito bem descrita em um artigo recente do Prof.Alexander Dyck da Universidade de Toronto Canadá (How pervasive is corporate fraud?)

Ele explica que 40 % das empresas cotadas na bolsa de valores nos Estados Unidos cometem fraudes e que isso destrói enormemente o valor das empresas. No caso das Americanas, após o anúncio de discrepâncias, o valor da  empresa, além do rombo de 40 bilhões, caiu 80 %. Nos EUA há neste momento três casos bilionários de fraudes, o mais famoso no passado foi o da Enron, que são  os de criptomoedas TRX, de caminhões elétricos Nikola e da  start up Theranos. 


Quantos casos há no Brasil, lembramos de EIke Batista, ninguém sabe. Como disse um advogado, se escrever um livro sobre isso, será de tomos infindáveis.


A responsabilidade empresarial nessa história vai no caminho de reduzir prejuízos. Qual será papel do estado e seus agentes, será um teste para  o governo Lula. Algumas ações já foram tomadas pelo judiciário e o  Ministério público, mas o tamanho do desastre requer também uma ação coordenada e liderada pelo  governo. Uma espécie de comitê de crise. Lembro o caso de uma montadora que dispensou da noite para o dia 12 mil funcionários para fazer bonito para os acionistas e, questionada se alguém do governo os questionou, era governo FHC, responderam: nos cuidamos do lucro, do problema social o governo que cuida.


Apertem os cintos que o céu não será de brigadeiro.


BVMF:AMER3









Tuesday 10 January 2023

CHARGES E HUMOR DA VIDA REAL, BRASILIA 8. De janeiro 2023.

Kika Castro, jornalista mineira de primeira, publicou no seu blog, charges sobre eventos de último domingo em  Brasilia.  Vale a pena ver como os  chargistas, lembra de Pasquim, veem os acontecimentos nos dias de hoje


http://kikacastro.com.br/2023/01/10/charges-bolsonaristas-golpistas