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Sunday 16 September 2018

DO BRASIL E DOS CANDIDATOS QUE EU (NĀO) QUERO


DO BRASIL E DOS CANDIDATOS QUE EU (NĀO) QUERO

Para definir os candidatos que quero ou não, que vão me representar na liderança do meu Brasil, preciso definir que Brasil eu quero para mim, para meus co-cidadãos e, como se diz no popular, para meus filhos e netos . Que sonho tenho ou temos para este país, gigante adormecido?

Um Brasil democrático e uma economia de mercado, que oferece oportunidades para todos, com justiça social, é quase um consenso da sociedade. Desenvolvido para todos, com direitos para todos.

E como chegar lá, após um buraco profundo que temos na economia e na sociedade? Se não conseguir consertar essas mazelas centenárias, seja nas relações raciais, seja nas diferenças sociais e econômicas ou na absoluta quebra financeira do estado e nas relações federativas e mais e mais, nunca se vai chegar ao progresso, ou crescimento do país como um todo e, com isso, de cada cidadão.

No seu íntimo, na sua família e seus amigos , você tem que definir o que quer para este Brasil. Informações e análises não faltam, falta discernimento individual para as definições . Parte dessa decisão é emocional, mas as consequências não são emocionais, são racionalmente boas ou más para cada cidadão.

algumas características de candidatos que são comuns para todos. Uma é a vida pregressa, seja pessoal seja pública. Não existe essa de nada fez no passado, mas agora vai fazer. Todos nos temos uma história, e quando votamos temos que examinar bem os atos, opiniões e fatos dos candidatos. Provavelmente você já enfrentou situação simples de pequeno roubo no seu ambiente de negócios ou da família e pensou assim: se fez desta vez, vai fazer na próxima. Ou se não trabalha bem agora, não vai trabalhar no futuro. E mais: como vou saber se trabalha bem. Tem acesso a ele, há transparência?

Com os políticos toleramos tudo o que não toleramos na nossa vida privada ou profissional. Você contrataria alguém para o cargo de direção de sua empresa se ele tivesse um grave problema de caráter ou se tivesse feito coisas ilegais? Ou no emprego anterior, nada tivesse feito a não ser enrolar todo mundo? Jamais, porque você sabe que isso é um problema com certeza .

Mas, nas suas escolhas políticas você age de forma totalmente diferente. A onda de emoção leva-o a uma análise superficial, que lhe traz em seguida um resultado por alguns anos desastrado e acaba com tudo o que você fez a vida inteira.

Democracia é mais do que votar, é, principalmente para quem teve o privilegio de poder estudar e ser empresário, obrigação de votar de forma racional e acompanhar os políticos e suas políticas durante o mandato. O voto é um ato instantâneo, mas suas consequências duram a vida inteira.


Sunday 9 September 2018

DA REFORMA DAS REFORMAS


DA REFORMA DAS REFORMAS


Provavelmente a maioria dos nossos leitores não anda de ônibus ou metro, seus filhos estão na escola privada, não usam SUS e nem vão ao INSS, ou usam qualquer serviço público à disposição do cidadão. Talvez o famigerado DETRAN, mas mesmo assim mais através de despachante. Aliás, o que seria dos ricos no Brasil sem despachante. Ou sem o “sabe com que esta falando?” Sempre temos um colega ou parente no serviço público que ajuda a resolver e quebrar galho. Bem, tem serviço público na área de fiscalizações, impostos e similares que o empresário, e aí no lugar do despachante entra o advogado, sente na pele e sabe onde fica.

Em resumo, serviço ao público ou serviço público na sua maior dimensão é mais perceptível  para certas classes sociais do que para outras. Sendo que temos ainda outra dimensão do nosso serviço público que é a multidão de terceirizados . Quem inventou isso deveria ser canonizado. Deve ser para não aumentar o número de funcionários públicos. Aí se contratam empresas privadas que vendem mão de obra por preço mais baixo, mas sem  treinamento e a supervisão necessária. E justamente na maioria dos casos este é o pessoal que representa a autarquia no seu relacionamento com o cidadão. Aliás, serviço público é serviço ao cidadão.

Não nos esqueçamos dos concursos, porque somos um país democrático e a oportunidade para entrar no serviço público é igual para todos. Aí, depois de dez concursos em áreas mais difíceis, o cidadão conseguiu passar num, mas quando entra, depois de muita espera, não há recursos para treinamento. Ou entra numa função que nada tem a ver com seu perfil psicológico ou a sua vontade de trabalhar. Queria ser delegado de polícia mas virou recepcionista do INSS porque foi lá que passou no concurso.

Não vamos falar dos equipamentos usados nas área públicas. Carros sem gasolina, hidrantes sem água, computadores do século passado.

Os candidatos falam e falam o que vão fazer, discutem os salários do funcionalismo, mas ninguém mesmo disse qual é o projeto de reforma de gestão do estado. Alias, o mesmo vale para os candidatos a governadores e prefeitos, que estão no cargo e não fazem nada. Sem essa reforma, que deve incluir o poder legislativo e judiciário, o cidadão brasileiro continuará em condição de miséria no seu  atendimento pelo estado. E tem mais: mesmo com alguns avanços no uso de tecnologia, estamos longe de aproveitar todo o potencial. A reforma deve ser essencialmente reforma de gestão administrativa e dar oportunidade de atualização aos funcionários.

Muita coisa boa existe. Inclusive pela Escola Nacional  de Administração Pública. Muitos serviços funcionam bem, mas longe do que o país precisa para melhorar a vida do cidadão e a sua competitvidade como um todo.


Sunday 2 September 2018

DO BRASIL, JABUTICABAL NO MUNDO


DO BRASIL, JABUTICABAL NO MUNDO 

Sem dúvida alguma, as nossas preocupações com a campanha eleitoral são legítimas. Dizem os especialistas que campanha é campanha, e governar é  governar. E que na campanha o que importa é ganhar voto. E assim a nossa campanha nos leva ver a oitava economia do mundo, com previsão de vir a ser a quarta em vinte anos, limitada aos nossos enormes problemas, mas totalmente distante do que esta acontecendo no resto do planeta. Somos um país jabuticaba, fora do contexto mundial, para os candidatos à presidência. Será que nada do que acontece no mundo nos afeta e nada disso precisa ser discutido porque somos um povo de eleitores ignorantes, que não se interessam pelo que acontece lá fora? Não, mentira. 

Somos um país integrado ao mundo, considerado importante, e o mundo no qual vivemos é importante para nós. E mais, o que acontece no mundo nos afeta muito mais do que se pensa ou quer aceitar.

A bonança do primeiro governo Lula deu-se em função de altos preços globais de matérias primas, que encheram os cofres do governo, que então podia se dar ao luxo de distribuir parte desses recursos. E o fracasso do segundo governo Lula e, consequentemente, dos governos Dilma, deu-se em parte devido à crise financeira internacional em 2008, que Lula chamou de “marolinha” e disse que o Brasil estava imune. Tão imune estava que a má administração do fenômeno tem consequências até hoje.

Comércio exterior, aumento de nossa competitividade e mudanças tecnológicas mal são mencionados nos discursos dos candidatos. A guerra comercial provocada pelo atual governo dos Estados Unidos, que nos afeta em grande escala, não existe. A abstração dos conflitos no Oriente Médio, deixando de lado as irresponsáveis declarações populistas de alguns candidatos evangélicos, só confirma o nosso papel de anão diplomático. A saída do Reino Unido da União Europeia e falta de um acordo do MERCOSUL com a União Europeia, que aumentaria os nossos negócios, não são considerados assuntos que poderiam afetar a nossa economia.

O único item na área externa é a Venezuela, que nos deve 50 bilhões de dólares, e que tratamos mais como um resíduo da política lulo-petista do que como uma questão de política externa do maior país da América Latina, que é o  Brasil. E se não fosse a invasão dos imigrantes em Roraima, que para a população do Sul também não existe, nem essa questão seria debatida.

O câmbio só interessa discutir porque vai encarecer as viagens internacionais, a gasolina e as remessas de lucros, além do pagamento de nossas dívidas no exterior. Ninguém discute a política de comércio exterior, o fluxo do capital estrangeiro e nem a eventual crise financeira no mundo. 

Bem, se os candidatos não discutem por alegar que o eleitorado não está interessado, ainda pode ser compreendido, apesar de não ser verdadeiro. Mas que os economistas dos candidatos prefiram evitar essa discussão, é preocupante.

Se vier uma nova crise financeira, se o conflito comercial entre os Estados Unidos e China se prolongar, se o terrorismo ganhar mais  espaço e aumentar a insegurança no mundo, e se e se que não acaba mais, vamos dizer que Brasil é imune mais uma vez e que tudo não passa de “marolinha”?

A ilusão de que temos reservas cambiais para estarmos imunes às crises é inversamente proporcional à que está acontecendo no nosso vizinho  Argentina, da qual também ninguém fala. Efeito vodca: amanhã eu serei você.

Oh! jabuticaba gostosa e enganosa.


Sunday 26 August 2018

DA MINHA IGNORÂNCIA E DA DE MAIS ALGUÉM SOBRE AS ELEIÇÕES


DA MINHA IGNORÂNCIA E DA DE MAIS ALGUÉM SOBRE AS ELEIÇÕES

Tive o raro privilégio de estudar no Colégio de Aplicação, de ter professores de direito no curso de administração como o posteriormente nomeado Ministro do STF e seu Presidente, Carlos Mario Velloso, de estudar no famoso e respeitado DCP (Departamento de Ciência Política) da UFMG e mais uma série de estudos e convivências que tornaram minha vida interessante e estudiosa. A minha primeira experiência política foi assistir a um comício do Jânio Quadros com o Governador Magalhaes Pinto, da antiga UDN, no Bairro Pompeia em Belo Horizonte em junho de 1960. Daí para a frente acompanhei a política mineira e nacional com afinco e sempre com crença firme nos valores  democráticos para um Brasil justo e com desenvolvido para todos.

Nesta eleição estou totalmente confuso. Sinto-me um total ignorante, sem saber por onde anda a nossa democracia, se democracia é sequer o queremos como pilar de nosso desenvolvimento social e econômico. A quantidade de partidos políticos sem nenhum viés ideológico, mas crescente viés fisiológico, é tão prejudicial à democracia brasileira como ter um partido só. E isso porque nem o judiciário e nem o Congresso resolvem por ordem nesta nossa democracia e dizer com clareza qual é a regra.

Já que estamos na área do judiciário, não consigo entender como uma pessoa presa, independentemente de seus méritos históricos como ator importante da política nacional, comanda toda uma campanha de sua cela em Curitiba. Por que ele pode e por exemplo Sérgio Cabral ou Fernandinho Beira Mar não podem sequer conversar com outros presos, muito menos serem atores importantes nas eleições. Que lei é esta que dá privilégios a um criminoso (o Código penal assim qualifica o condenado) e nega a outros 800 mil. E tem mais: como o judiciário não resolve isso e como permite essa agonia processual que deixa que o processo nunca termine para um, deixando dúvidas sobre a condenação (análises as mais tortas possíveis pelo mundo afora) e por outro lado declara que tem 40 %  dos presos no Brasil sem julgamento.

São situações que em nada ajudam o Brasil e o seu cidadão a consolidarem sua democracia e criam uma confusão eleitoral cujos resultados são absolutamente imprevisíveis, inclusive na governabilidade do país. Está difícil entender isso e acreditar que após as eleições vamos ter estabilidade política. Parece que há uma parcela dominante da política brasileira que quer levar o país a um caos institucional na base do quanto pior melhor. As indefinições de estruturas políticas que atuam no cenário eleitoral, inclusive a fisiológica distribuição de fundos eleitorais, mais um item na falsa transparência da democracia brasileira, gerando corrupção legal, levam a uma fragilidade cujas consequências são imprevisíveis. E essa fragilidade claro leva a benefícios a grupos políticos e econômicos nacionais e estrangeiros, a um prejuízo da nação como um todo.

Haja fé e esperança e compreensão neste cenário para o nosso Brasil.


Sunday 19 August 2018

DE MINAS INDEPENDENTE, UNIDA E BRASILEIRA


DE MINAS  INDEPENDENTE, UNIDA E BRASILEIRA

Há trinta anos houve um grande movimento para separar o Triângulo Mineiro de Minas Gerais e formar um estado próprio. O movimento contra a divisão de Minas foi liderado por entidades empresariais, notadamente pela centenária e respeitada Associação Comercial de Minas, na época dirigida por Lúcio Assumpção. A divisão territorial de Minas não vingou. As más línguas dizem que também no Triangulo não chegaram à conclusão sobre onde seria a capital do novo estado. A tradicional rivalidade entre Uberaba e Uberlândia levava a capital para Araguari, o que também ninguém queria. Mas, o fato histórico mesmo foi o receio de divisão de outros estados, como o Pará, onde o distrito mineral de Carajás queria se separar, e assim o Congresso Nacional votou contra. A unidade de Minas foi salva. Foi mesmo?

Hoje continua a divisão. O Triângulo continua a mais próspera das regiões de Minas e permanece distante do egocentrismo da capital. Até os vôos para São Paulo, de Uberlândia, têm muita, mas muito mais frequência, do que os  para Belo Horizonte. A qualidade de vida e a pujança econômica da região em todos os sentidos fazem o Triângulo ser a locomotiva de Minas e não o contrário. O Triângulo também é a capital internacional, não só de genética de gado, em Uberaba, como também a sede da empresa de telecomunicações mineira, Algar. E mais e mais histórias de sucesso, além de um padrão de vida superior ao resto de Minas. E tem em suas empresas  de logística o elo de integração nacional.

Minas unida é Minas mais forte. Mas, Minas precisa ser também integrada. Talvez a idéia pouco convencional  do Presidente da CODEMIG de integrar Minas através de ligação aérea seja ousada demais para os mineiros de hoje, mas o fato é  que a economia mineira não é integrada. O nosso polo de integração e desenvolvimento se chama São Paulo, que detém inclusive mais de 75 % do comando da economia mineira. Uma dúzia de empresas bem sucedidas mineiras não são suficientes para desenvolver a economia do Estado. E a nossa aliança com a economia paulista precisa ser mais do que intenção, precisamos ter políticas comuns de desenvolvimento.

Mas, a independência e a integração de Minas ao Brasil também passam pela área politica. Os políticos, especialmente nordestinos, temem Minas forte e, como foi no caso recente da candidatura de Márcio Lacerda, intervêm de forma abusada na política de Minas. Aí sim que a nossa interdependência de unidade federativa fica ameaçada. Se os políticos de Minas têm que se submeter a decisões corporativas regionais do Nordeste e interesses ideológicos de partidos políticos adversos aos interesses de Minas, temos um problema de identidade de Minas e de seu futuro. Minas não se humilha, não se curva, e Minas só pode ser parte integrante do Brasil. Então a lição do Triângulo fica não para a história, mas para o futuro.


Friday 10 August 2018

DA DEMOCRACIA VIVA, FERIDA OU MORTA


DA DEMOCRACIA VIVA, FERIDA OU MORTA

Nesta época de eleições, fala-se muito de democracia, dos seus valores e da sua importância fundamental para a construção de uma sociedade justa para todos os cidadãos. Mas, cada candidato tem sua visão de democracia, interpretação de nossa constituição cidadã  de 1988 e dos valores democráticos. Em resumo, a cada um convém uma interpretação da democracia que leve ao seu objetivo de exercício do poder democrático e absoluto em um regime presidencialista. E então que democracia quer a maioria dos brasileiros, sendo que vale a pena perguntar se a nossa democracia estará viva ou mortalmente ferida após as eleições.
Aliás, as eleições por si só são um dos elementos que  compõem o sistema democrático. Eleições transparentes, limpas, com sistema eleitoral que permite a aceitação dos resultados por todos. Neste item, o  Brasil tem se saído bem, apesar de recentes dúvidas quanto ao uso da urna eletrônica, que provêm mais de oportunismo eleitoral do que de fato comprovado de uso inadequado do sistema.

Mas, a democracia também é composta por partidos políticos. Aí a diversidade que está dominando o cenário político brasileiro confunde, porque não só não estão claros os vieses ideológicos, como falta esse próprio viés. E mais: há falta de projeto consistente para o país, que não corresponda só aos desafios atuais, ou só a respostas às atividades governamentais atuais ou dos governos mais recentes, mas a uma visão exequível do que será o Brasil nos próximos anos. Parte importante desse cenário são os movimentos sociais e sindicais.  Mas fundamental é entender que democracia só funciona bem com uma oposição estruturada e consistente, com um equilíbrio de forças políticas que se opõem mas que se complementam no exercício da construção democrática do país.

Outro elemento fundamental é o judiciário. Sem sua independência dos poderes legislativo e executivo, a democracia fica capenga e não funciona. E muito menos funciona sem liberdade de expressão, ou seja, com imprensa livre e independente.

Ou seja, deve ser um sistema sempre em construção, em função das próprias necessidades de desenvolvimento social, econômico e tecnológico dos seus partícipes, ou seja, cidadãos. E por isso é preciso prestar muita atenção nestas eleições, se os candidatos à presidência pretendem reforçar, ferir ou matar a nossa democracia. Ou a democracia que o eleitor quer.

Em recente debate com o Professor Steven Levitsky, da Universidade de Harvard, autor do atualíssimo livro Como Morrem as Democracias, no Instituto FHC, inclusive com a presença de dois grandes líderes empresariais mineiros, Salim Matar da Localiza e Rubens Menin da MRV, levantou-se a questão do futuro da nossa democracia. O professor disse com todas as letras que a justificativa do apoio de empresários, feita pelo Presidente da CNI, ao candidato Bolsonaro, cria um alerta com relação ao futuro do nosso sistema democrático, porque o viés das propostas do candidato engana o eleitor com a manipulação de preceitos da democracia. Segundo a avaliação da equipe de Levistky, que conta com pesquisadores brasileiros, Bolsonaro é o único candidato autoritário, que representa real ameaça à democracia. E insistiu que  o processo de construção e manutenção da democracia  requer também responsabilidade das elites empresariais.

Assistimos a um debate que, com a veemência de discursos eleitorais, passa à margem da discussão básica sobre a sobrevivência da democracia. A eleição às vezes traz ao poder assassinos da democracia, autocratas e ditadores, e nem sempre construtores de valores democráticos.

Sunday 5 August 2018

DOS PROGRAMAS ELEITOREIROS E ELEITORAIS


DOS PROGRAMAS ELEITOREIROS E ELEITORAIS


Ouvir e ver  não é suficiente para entender. Faz parte do processo de análise, mas é preciso mais: há que analisar e distinguir o que os ilustres candidatos dizem para atingir nossa sensibilidade emocional (ele é tão simpático, mas ela é firme) ou nossa capacidade analítica e racional. E tratando-se de empresário, essencialmente um ser racional com algumas gramas de inteligência emocional, a distinção tem que ser clara e a análise profunda e  séria . Não no final, nosso problema de relacionamento com o estado não são as empresas estatais mas a influência direta do estado em todos os níveis nos negócios e na vida das empresas. Não é à toa que o cargo mais bem pago nas empresas é o de diretor de relações institucionais ou o dos advogados que nos protegem das mazelas governamentais.

Nas empresas deve-se proceder a uma análise fria, racional, do que os candidatos fizeram na vida pública, do que prometem para se eleger (afinal das contas são os votos da maioria não empresarial que elegem os políticos) e o que serão capazes de realizar quando eleitos.  E como isso vai afetar seu negócio, sua empresa, sua comunidade, seus funcionários no futuro. Um bom debate nessa área é sobre a abertura de economia. Se vamos abrir mais, sem dar  condições de competitividade às empresas existentes ou não. Ou, por exemplo, quais as políticas de mobilidade e transportes. A última greve dos caminhoneiros chamou a atenção pela falta de ferrovias e a dependência do transporte rodoviário.

A fase seguinte é levar essas conclusões às entidades de classe para um debate maior. É absolutamente inaceitável dizer que entidades empresariais devem ser apolíticas e que não devem apoiar um ou outro candidato. Elas têm que exprimir a opinião dos seus associados, cuidar para que os programas eleitorais e os compromissos dos candidatos estejam de acordo com os interesses do empresariado. E apoiar os candidatos que possuem uma agenda que atenda o empresariado.

E por que assim? Porque todos os atores políticos fazem assim. Sindicatos de trabalhadores, congregações religiosas, segmentos profissionais, como por  exemplo a bancada da  bala, e assim adiante.

Os empresários precisam ter idéias e projetos claros para negociar com os candidatos e obter deles compromissos de execução. A agenda é longa e parte dela foi discutida nos recentes debates na TV entre um grupo de jornalistas e candidatos à presidência. Aliás, debates que na sua maioria, com raras exceções, mostraram mais as mazelas  dos candidatos do que seus programas e seus compromissos com a nação.

Se não se colocar o guiso no gato agora, ou seja, exigir clareza de propósitos e compromissos, não adianta depois da eleição cobrar o que não foi proposto e aceito antes. 

E na democracia não é aético e nem imoral o empresariado ter proposições claras a favor do seu desenvolvimento e o da sociedade. As propostas que forem benéficas só aos empresários não terão respaldo na sociedade, e aí nenhum politico eleito por maioria pode aceitar. Essa aliança de propostas  faz parte da democracia, cuja construção firme é responsabilidade de todos. 

Na hora da eleição precisa-se de muita visão e raciocínio frio para construir o futuro e distinguir bem o eleitoreiro do eleitoral.