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Thursday 19 June 2014

Do Mar Negro

Após o encontro dos Ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos e da Federação Russa em Londres, sem conclusão mas sobrepondo a diplomacia à disposição bélica dos dois, só  resta confirmar o resultado do plebiscito no domingo na Crimeia, região de porto militar russo ainda parte da Ucrânia. A previsão do resultado é fácil: independência da Ucrânia. Ou pela presença militar dos russos, ou pelo aumento desta presença, ou seja mais navios de guerra e tanques, ou pela maioria da população de origem russa, o fato é que nasceu mais um novo país. Agora, outra dúvida que não existe é se a Crimeia independente será ou não vizinha amiga do urso russo. Independente de forma jurídica, país independente ou integrado à Federação Russa, vai fazer parte da aliança político-militar da Rússia.

O novo país não será reconhecido por um bom tempo pelos países da União Européia, nem pela vizinha Ucrânia, da qual se separou sob as miras dos fuzis russos, mas terá a proteção destes mesmos fuzis. E a Rússia vai ser objeto de sanções dos países ocidentais, ao mesmo tempo que também vai aplicar sanções aos ocidentais. Ou seja, ruim para todos enquanto não chegarem à conclusão de que está tudo perdido e tudo ganho. A guerra da Crimeia que, por enquanto não provocou nenhuma morte, ao contrário dos outros eventos históricos na região, mudou o mundo neste início de século de forma que nada mais será igual. E, quanto ao reconhecimento, há o Kosovo, na antiga Iugoslávia, que tem todo o apoio dos Estados Unidos, nenhum da Rússia, e até hoje não é reconhecido pela nem Espanha  e nem Brasil. E está lá, esperando para ser parte da grande Albânia.

A Ucrânia, cujo Primeiro-Ministro teve momentos de glória visitando a Casa Branca, recebeu promessas de recursos, apoio financeiro e tudo o mais do Presidente Obama e da União Européia. Com esta última vai assinar um acordo e agora esperar para ver. Pegue a ficha e espere, está escrito e têm muitos na fila para receber o prometido pelos Estados Unidos e a União Européia.

As lições  desse episódio para Brasil são claras. A primeira é que o país ainda não é ator importante na política internacional. Tudo se passou à margem, ninguém perguntou nada e nenhuma posição clara do governo brasileiro foi dita até agora. Dois, é que  manter fronteiras definidas e sem ameaças externas é um patrimônio  nacional de valor inestimável que os brasileiros ainda não sabem valorizar. Três, que a região em torno de Rússia, onde há muitos investimentos europeus, é de muito risco. No Brasil, não existe risco político para o investidor estrangeiro, portanto isso pode ser um dos pontos a favor para novos investimentos no nosso país. E não por último, o celeiro da Europa, Ucrânia, vai demorar para produzir grãos na quantidade que produzia, o que pode provocar aumento de preços dos produtos agrícolas que Brasil exporta.

Mas, tudo tem que ver com um futuro que de fato ninguém sabe como será.


Stefan B. Salej
14.3.2014.
Do chavismo imaduro

O primeiro aniversário da morte do Comandante Hugo Chavez, ex-Presidente da Venezuela, foi comemorado dentro do melhor estilo de quem não reconhece a grave situação que o país vizinho ao Brasil vive: falta de alimentos nas prateleiras e cozinhas, manifestações que já produziram 16 mortes, centenas de feridos,  ainda sem fim, e um discurso do Presidente Maduro cheio de ataques a todos e todas e, em especial, imaginem a quem: ao Panamá. Em resumo, se o  governo venezuelano acha que o Panamá, que pediu uma reunião especial sobre a crise no país na Organização dos Estados Americanos, é um perigo, temos uma situação de miopia política grave.

A situação e os conflitos venezuelanos estão crescendo e nada indica uma solução a curto prazo. O mundo esta olhando para a Ucrânia que, apesar de não ter o petróleo que a Venezuela possui, é um caso que afeta o equilíbrio mundial. Mas a Venezuela, com seu desequilíbrio, afeta em muito as Américas, o continente onde está o Brasil. Os Estados Unidos ainda recebem muito petróleo de lá e, ao sairem do inverno rigoroso, diminuem a pressão no fornecimento venezuelano. Até recentemente, apesar de toda a retórica, as relações petroleiras entre os dois países não apresentavam problema. Efetivamente, os Estados Unidos não estavam felizes com Chavez, mas também não conseguiram tirar ele de lá.

Com a invasão russa e, dependendo da solução da crise na Crimea, a eventualidade de  intervenção militar ganha novos contornos. A chance de os americanos invadirem Caracas é pequena, mas outras formas de intervenção ganham asas. E a questão mais importante é que Chavismo, chamado oficialmente de Bolivarismo, fracassando onde foi concebido, leva com ele toda a onda de esquerda que se espalhou pela América Latina em várias formas. E se um sistema político não consegue, com os recursos financeiros vindos do petróleo que tinha a Venezuela, manter a estabilidade econômica e o bem-estar social, como será um exemplo para outros? Sem falar nos laços entre Havana e Caracas. Não há duvida alguma de que o controle das forças de inteligência e segurança da Venezuela hoje pertence aos cubanos.

O pior cenário, no país vizinho, é de instabilidade  e piora da situação econômica. Quanto pior, melhor para os opositores do Chavismo, seja em casa ou no exterior. Mas, quanto pior, é muito ruim para Brasil, para quem Caracas deve muito, mas muito dinheiro. E mais, perturba todo o Mercosul, onde a Venezuela entrou empurrada por Brasília. E um mercado razoavelmente bom para produtos brasileiros está desaparecendo. Em acontecimentos do passado, o Brasil soube exercer sua parceria, que deu estabilidade à região. E no ano de Copa, eleições e outras crises, saberá fazer isso?


Stefan B.Salej
6.3 .2014.








   
Da Ucrânia que não é Venezuela

Como, segundo o Ministério da Educação, o nosso sistema de ensino está melhorando muito, as crianças devem saber que Venezuela não é Ucrânia. Ou seja, são dois países situados  geográficamente em continentes diferentes e com historia bem distinta. Mas, os dois estão  hoje em dia em ebulição democrática. Os protestos nas ruas dos dois países são similares em força dos manifestantes e reação dos governos. Na Ucrânia, onde manifestações  apoiadas pelo mundo ocidental, leia-se União Européia e Estados Unidos, levaram à mudança do governo e o teórico distanciamento do poderoso vizinho Rússia, o jogo está na preliminar. O país rico está quebrado e apresentando a conta de sua guinada para o ocidente: 50 bilhões de dólares.

É aí que a situação começa a ser preocupante. Ou a União Européia, quebrada e tentando sair da crise, banca com Washington essa reviravolta, ou então a situação só vai piorar. Um abraço derramado da chefe da diplomacia européia Lady Ashton na ex-primeira ministra ucraniana saindo da prisão foi um abraço de falsidade diplomática. O maior país fora da Rússia no Leste Europeu precisa não de amor, mas de dinheiro para se erguer. E fazer qualquer coisa com os vizinhos russos, que não tome em consideração os interesses do urso, leva a lembrar a conclusão de um dos mais famosos diplomatas americanos, George Kennan, que escreveu que os russos tem só dois tipos de vizinhos: amigos ou inimigos que procuram transformar em amigos. Assim é o jogo lá.

E o jogo na Venezuela, que é nosso vizinho, como é? A crise econômica e social está além do suportável pela população. Falta até papel higiênico. Faltam alimentos nas lojas. As contas externas não são pagas. O discurso que empolgava, as promessas e a veemência da luta contra o imperialismo não transformaram a realidade. O dinheiro que jorra da riqueza incalculável do petróleo se fue! E, como na Ucrânia, sobram os mortos pelas forças de segurança. Jovens, patriotas.

Apesar de termos uma das maiores populações de ucranianos fora da Ucrânia, mais de meio milhão, e uma empresa mista para lançamento de foguetes (um investimento de 500 milhões de reais), é a Venezuela que é vizinha e deve mais de 80 bilhões de reais ao Brasil. Os Estados Unidos sabem que, se cair o regime  bolivariano de socialismo do século XXI, enfraquece-se o regime cubano. É o domino dos regimes de esquerda na América Latina.

Afirmar nada a ver com quem deve tanto, pergunte aos empreiteiros brasileiros, é ignorar a realidade, inclusive porque Venezuela faz parte do Mercosul. Aqui também o jogo está na preliminar e os russos somos nós. Pode ser que não tenhamos um conceito claro da amizade com os vizinhos, mas eles assim mesmo são vizinhos e devem dinheiro.

Stefan B. Salej

27.2.2014.
De Bruxelas a Caracas

Os estadistas se reúnem para avançar nas relações entre os países. Assim foi a reunião dos presidentes dos Estados Unidos e França, novamente a do francês e líder do governo alemão, em conjunto com os ministérios dos dois países, e a reunião dos líderes dos países que compõem o NAFTA, o acordo de livre comércio dos países do Norte das Américas, que faz 20  anos, Estados Unidos, México e Canadá. E sem falar nas reuniões que não decidem nada, mas avançam, que são sobre energia atômica no Irã e conversações sobre paz na Síria em Genebra.

Mas, terminam os jogos olímpicos de inverno, sem maiores acidentes e um desastre esportivo para Rússia, que foi eliminada no esporte rei dos invernos, o hóquei no gelo. E como pano de fundo, a violência continua na Ucrânia, onde se definham os interesses ocidentais no  território  geopolítico russo. E, na nossa vizinhança, irrequieta Venezuela, que deve ao Brasil uns 30 bilhões de dólares. Além das já quase tradicionais disputas africanas como as do Mali, República Centro Africana e Sudão do Sul.

Tudo isso é pano de fundo rosa para a Cúpula Brasil - União Européia, com a reunião empresarial e a presença da Presidente brasileira em Bruxelas, após o encontro com o Papa Francisco. Ao final da Cúpula do ano passado em Brasília, na declaração final dessa parceria estratégica, falou-se de tudo em 47 artigos. E dizem que quando se fala muito, não se diz nada. Este ano, quando haverá eleições européias e os interlocutores como o português Barroso, de direita, vão desaparecer do palco, o foco será o acordo de livre comercio entre o Mercosul e a UE. Os europeus avançaram em muito em negociações com os Estados Unidos e mais: querem fazer um acordo com Cuba, amplo, geral e irrestrito. Os dois acordos afetam profundamente Brasil e, por enquanto, para pior.

O acordo entre o Mercosul, que desde 1995 se tenta negociar com a União Européia, não depende de lista de produtos e sua desoneração, mas de estabilidade política e econômica do próprio bloco sul-americano. E portanto, mesmo que, com cinismo ímpar,  os europeus ameacem de retaliações contra Brasil, devido aos  incentivos da Zona Franca de Manaus, da qual usufruíram e muito, o problema passa a ser a Venezuela, onde a instabilidade democrática do continente está passando dos limites. Como estão unidos os dois, Estados Unidos e União Européia , em mudarem o regime  na Ucrânia, não tenha dúvida de que, em princípio, nenhum dos dois blocos quer a continuidade do fracasso do Chavismo. Derrubado na Venezuela, cai o bolivarismo na América Latina.

A negociação da lista que será facilitada por acordo entre a  Argentina e Espanha, no caso de nacionalização da petroleira Repsol, é marginal mas fundamental do ponto de vista técnico. A estabilidade econômico-financeira e, não no final, democrática dos membros do Mercosul é que vai ter que ser explicada para os europeus que, por outro lado querem tirar, com a fraqueza do bloco, o couro dos latino americanos.

Stefan B. Salej

20.2.2014.
 
Dos jogos e sangue

Enquanto na bucólica Sochi, no Mar Negro, Federação Russa, estão ocorrendo até agora às mil maravilhas os Jogos Olímpicos de Inverno, inclusive com a participação de atletas brasileiros em número nunca antes visto, o mundo continua com seus problemas, seus malogros e suas tristezas. Os críticos que vêem na organização russa dos jogos tudo errado, acharam também que os russos exageraram nos investimentos nos jogos : 120 bilhões de reais. Eles pelo menos são felizes em saber quanto gastaram e como pagaram. Nós até agora não vimos nenhuma contabilidade transparente nem da Copa e nem dos Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro daqui a dois anos!

Mas, a notícia internacional  importante vem de outra parte. Na verdade, vem da avenida que leva os torcedores para o Mineirão, onde está situado o Clube Sírio de Belo Horizonte. Tudo indica que milhares de torcedores na Copa vão passar em frente dessa  casa modesta, sem terem em mente o banho de sangue que esta acontecendo na Síria. Após dois anos de massacre, com mais de dos milhões de pessoas refugiadas, mais de duzentos mil mortos, cidades destruídas, um pequeno comboio das Nações Unidas conseguiu entrar na cidade Síria de Homs, terra de origem de inúmeros brasileiros,  para trazer água, remédio, comida e tirar as crianças de lá.

Uma vitória da impotência, do bem versus o mal. Como um refugiado declarou na televisão: Genebra ( onde estão mantendo as conversações de paz) para cá e para lá, e nós morrendo enquanto isso. A guerra na Síria, onde cada décimo combatente é  europeu e onde cada vez mais combatentes são de outros países islâmicos, já é um conflito internacional há muito tempo. A ele se juntam os conflitos na África, como do Sudão do Sul, República Centro Africana, Mali, e os já tradicionais conflitos no Egito. Sem falar no Iraque e Afeganistão, cujo presidente assistiu à inauguração dos Jogos Olímpicos em Sochi como se no seu país reinasse a paz celestial.

A lista não termina aqui. Na Tailândia, que há alguns anos sofreu um desastre natural, tzunami, de grandes proporções, as ruas gritam por mudanças. O conflito na gelada Ucrânia, onde há semanas os protestos não param, deixa claro que a divisão do mundo entre grandes potências não terminou. E entrou de novo na lista a Bósnia. Aquele país dos Bálcãs, onde começou a Primeira Guerra Mundial, teve combates memoráveis na Segunda Guerra contra nazistas e foi o palco de conflitos sangrentos na divisão da Iugoslávia na década de 90. A Bósnia esta em revolta, algo nada bom.

Parece que temos dinheiro para jogos, mas não para combater a fome (o Haiti ainda existe), para educação e bem estar. Somos uma humanidade, que, mesmo com democracia, preferimos sangue e jogos do que bem estar. E muitos sírios no Brasil dizem : que bom que saí de lá  e estou nesta paz aqui. Ganhando dinheiro.

Stefan B.Salej

12.2.2014.

Dos corruptores gringos


Empresários mineiros que venderam a sua empresa após 40 anos navegando nas águas  turvas do mercado brasileiro a um grupo espanhol orgulhavam-se e achavam que um dos ativos mais importantes da empresa era a sua gestão transparente. Sem propina aos compradores, fiscais, ou seja quem fosse, era um ativo importante para eles. E os espanhóis, com aquela franqueza ibérica glacial, chamaram os mineiros simplesmente de idiotas por não saberem fazer negócios no Brasil, onde você corrompendo, principalmente na área elétrica, pode ganhar mais dinheiro do que em qualquer outro país!

E esta semana, pela primeira vez, a União Européia, oficialmente declarou que, em todos os seus membros, existe corrupção. E que traz prejuízos em mais de 360 bilhões de reais ao ano aos seus contribuintes. Acabou-se o cinismo de dizer que a corrupção, e em especial no setor público, é privilégio dos sub-desenvolvidos. Mas, não acabou de todo porque a imprensa  européia quase não falou desse estudo de 41 páginas e a funcionária da União Européia foi enfática ao declarar que isso é só o inicio e que medidas práticas ainda serão tomadas. A maior parte desse processo corruptor acontece nas áreas de saúde, construção civil e desenvolvimento urbano e na de telecomunicações. Portanto, até nesse ponto os europeus estão se desenvolvendo bem.

E aí lembramos das estórias dos primeiros portugueses chegando ao Brasil, já oferecendo bugigangas aos nativos. E daí em diante, os que vieram trouxeram práticas que, justiça seja feita, também encontraram terra fértil na Brasilea, que foram só sendo aperfeiçoadas. O caso mais recente de duas empresas européias, Alstom e Siemens, é só a ponta do Icebergue da contribuição nessa área que trouxeram para Brasil. É comum achar, como aqueles espanhóis que se implantaram aqui, que no Brasil só se ganha dinheiro com corrupção. Mas se esquece que, sem os corruptores, não há corruptos.É incrível que as empresas cujos governos são mestres em dar lições de moral sobre como o país deve combater a corrupção, exercem práticas que lá são ilegais, com a maior tranqüilidade, no Brasil.

Agora o cinismo só vai aumentar, porque os europeus podem, com  exceção dos alemães que hoje já possuem uma  legislação que proíbe as empresas atuando no exterior de pagar propinas, corromper fora dos seus países. A nova legislação brasileira é um grande avanço quando aplicada direito. Mas, o que de fato falta muito e muito mesmo é, que em vez de termos medo dos corruptos, enfrentemos também os corruptores. E ai, não tem nacionalidade nem origem. Quem sabe com isso em vez dos empresários criticarem que há corrupção, adotem o NÃO em todas as suas formas e conteúdos. Inclusive na política.


Stefan B. Salej
5.2.2014.


 
Dos emergentes em desenvolvimento

Na época da ditadura militar no Brasil, que aliás no mês de março próximo fará 50 anos que começou justamente em Minas Gerais, prendia-se a torto e a direito. Assim, prenderam um advogado que exigia prisão especial. Tinha direito, pela lei também desrespeitada a torto e a direito. O Coronel do exército onde o cidadão estava preso atendeu às reclamações do advogado. Na mesma cela imunda,  cheia de sangue na parede dos torturados, colocou na porta de fora a placa: Prisão especial. E mandou cobrir o preso de porradas para calar a boca.

Era o Brasil em desenvolvimento. Aliás, o Brasil tinha economistas e sociólogos  mundialmente famosos, como Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, com suas teorias sobre o desenvolvimento. Ou nosso sub-desenvolvimento. E aí os banqueiros resolveram trocar, como o coronel, a placa: os emergentes, BRICS. E na última semana durante os dias maravilhosos que a elite econômica mundial passou em Davos, na Suíça, discutindo como melhorar o mundo no qual 85 trilionários, pessoas físicas, para não  termos dúvida,  possuem a riqueza correspondente a três bilhões de outros cidadãos comuns, mudaram a nossa placa de novo: países frágeis. India, Indonésia, Africa do Sul, Turquia  e nós, ex-emergentes. Aí, no meio do solo do discurso brasileiro, tentando convencer esse mundo maravilhoso de investidores estrangeiros de que o Brasil merece crédito porque temos uma administração  econômica maravilhosa, a vizinha Argentina desvaloriza a sua moeda e puxa o gatilho de uma crise nos mercados de câmbios dos ex-países em desenvolvimento, agora emergentes. E no meio dessa crise,  enquanto o  Banco Central turco tomavam  decisão de administrar a sua moeda à meia noite e reagia, os países  latino americanos, reunidos sob a égide da nova organização CELAC,  discutiam em Havana, tudo inclusive como Cuba é linda, com exceção da crise financeira que ainda não acabou.

Os Estados Unidos estão saindo da crise, o banco central norte-americano anunciou menos dinheiro barato para a economia e mais controles  sobre bancos, e a China, que está dando sinais claros de crescimento um pouco menor, continua sólida. A crise da Europa passou para os emergentes e o dinheiro vai fluir para os Estados Unidos, Europa e China, em menor escala. Por isso, por mais que se diga que nada temos a que ver com a  Argentina e a sua crise, o fato é que vai faltar dólar para cobrir as contas no Brasil. Os investimentos estrangeiros, mesmo com toda a conversa existente, estão secando. Veja quanto o setor automobilístico investiu, quanto de benesses recebeu e quanto remeteu. Só as autopeças são deficitárias em dez bilhões de dólares. E tem mais, a nossa fragilidade são as reformas política e fiscal, e a prioridade agora é a Copa, com  estádios. É, trocaram a placa mas o resto continua o mesmo.


Stefan B. Salej
30.1.2014.