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Wednesday 13 March 2013

BRICS E NEGOCIOS



BRICS É  BUSINESS

A quinta reunião do Brasil, Rússia, India, China e a anfitriã África do Sul terá que consolidar, além de objetivos macro-políticos e estratégicos da cooperação de um bloco cada vez menos imaginário chamado BRICS, os laços econômicos, financeiros e de comércio. A primeira letra do acrônimo é B, de Business. A próxima semana, em Durban, onde vão se reunir o velho-novo Presidente da Rússia, os novos dirigentes chineses, a presidente brasileira em campanha para reeleição, o sul-africano Zuma, reafirmado líder local, com certeza de re-eleição, e o indiano Singh, enfrentando oposição e novas eleições, será a ocasião de reunir 40 % da população mundial , 18 % do PIB e 16 % do comércio mundial. Por enquanto, porque esses países, mesmo com os pibinhos do Brasil e da África do Sul, têm mais estabilidade econômica e possibilidades de crescimento do que a União Européia e os Estados Unidos. Não são  o oásis da economia mundial, mas são campo fértil de safras certas.

Esse grupo,  distante geograficamente, diferente culturalmente e politicamente, pois dois deles fazem parte do Conselho de segurança da ONU, mas todos do G 20, aumentou o comércio entre si nos últimos dez anos em 11 vezes, atingindo 310 bilhões de dólares, com perspectiva de atingir daqui a dois anos 500 bilhões.

Mesmo assim, nenhum país do grupo é o principal parceiro comercial de outro.  O Brasil está no 15º lugar das exportações chinesas e indianas, e no 25º lugar das sul-africanas e no honroso 35º lugar dos russos. Nas importações estamos no 9º da lugar na China, 17º na África do Sul, e pioramos bem com a Índia, com o 30º lugar e com a Rússia, no 49º lugar. Portanto, com todo o discurso e com a Europa em crise, esses mercados representam muitas oportunidades. E mais: não adianta discurso político, se continuarem as barreiras aos nossos produtos, como a atitude chinesa com a logística da Vale, a russa com a carne,  e a sul-africana, barrando carne e frango.

Os países BRICS têm muito espaço para cooperação. Todos eles estão, com exceção da China, que esta no 27º lugar, acima do 50º lugar na escala de competitividade. A cooperação na área tecnológica e de inovação está submetida à cooperação acadêmica, mas novamente não na área de projetos de pesquisa conjunta. Aliás, mesmo sendo esses países motores de desenvolvimento, há poucos projetos comuns para atuar em terceiros mercados, transformando concorrência em cooperação. O banco de desenvolvimento dos BRICS é um projeto temeroso, com tantas instituições já em funcionamento, e com o capital de que necessita. Se não houver foco, especialização e organização lean and clean, a contribuição de10 bilhões de dólares beneficiará a terceiros.

E há um item na  pauta da reunião, que são os 5 R ( real, rublo, rúpia, ramambi, rand), as moedas dos BRICS, fazendo, como a chinesa, parte da guerra cambial. Os empresários, e não seus burocratas, devem de um lado ajudar os diplomatas a costurar acordos viáveis com propostas realistas e ampliar as suas alianças, inclusive com a pergunta: em que avançamos desde a última reunião? O governo faz política, empresários, negócios.

MALVINAS,FALKLANDS,ARRUBA,BERMUDA.....COLONIAS



Das Malvinas

O referendum nas Ilhas Malvinas, ou Falklands, como as chamam os britânicos, com a pergunta se você quer que as ilhas continuam britânicas, é uma das boas anedotas políticas deste ano. Perguntar aos 1800 eleitores dos 3 mil habitantes de uma ilha de 12 mil km2 com a maior renda per capita da América do Sul, três vezes superior à brasileira, sendo que nenhum deles é argentino, mas todos são súditos britânicos, se preferem receber dinheiro de Londres ou de Buenos Aires, é redundância política. Todos sabiam que mesmo fazendo frio e tendo que cuidar de quase um milhão de ovelhas na ilha, ninguém é suficientemente bêbado para votar a favor das ilhas serem Malvinas em vez de Falklands. E ninguém esqueceu a fracassada invasão Argentina de 1982, que custou a vida a muita gente dos dois lados.

Mas, a questão está longe de ser resolvida. Os  argentinos, que aprendem desde criança que "las Malvinas son argentinas", não vão desistir de querer as ilhas de volta após  quase três séculos de dominação de terceiros. Como e quando será resolvido esse impasse, ninguém sabe. Num artigo recente publicado pela Bloomberg, foi demonstrado que os britânicos deixaram suas colônias, como a Índia, por exemplo, quando o trade off não fechava. Ou seja, quanto o custo de manter o território não era mais suportado pelo tesouro britânico, que gastava mais do que a colônia contribuía. E a descoberta de  petróleo nas proximidades das ilhas pode ser um fator que pese.

As Malvinas não são o único território europeu na América Latina. A maior fronteira da França é com o Brasil, a Guiana Francesa. Também lá a renda per capita é maior do a que brasileira, mas muito abaixo da francesa. Dos 60 mil trabalhadores, 70 % trabalham diretamente para o governo. Certamente você se lembra do filme Le Papillon, com Dustin Hofmann, sobre as prisões na Guayana Francesa. Ou o acidente com o foguete espacial Arianne lançado de lá, importante base espacial francesa.

Os holandeses têm, cara a cara com a Venezuela, as Antilhas holandesas com Arruba, os britânicos ainda têm algumas outras ilhas no Caribe e as lindas e organizadas ilhas Bermuda. Sem falarmos da Antárctica e da Groenlândia, que pertence com seu urânio à Dinamarca.Portanto, muito mais do que qualquer outro continente, é a America Latina que ainda é colonizada. No momento não há movimentos de libertação nesses territórios, mas há movimentos de insatisfação porque, com  muita ajuda, o nível de vida pode ser superior nos padrões latino americanos, mas está longe de estar perto de padrões europeus. Colônia é colônia, e o retrato das Américas ainda não esta terminado.