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Wednesday 30 January 2013

BASTA DE ASSASINATOS DE JOVENS.



Do Brasil irresponsável

As mortes trágicas dos jovens em Santa Maria repercutiram no mundo inteiro. Não houve um único veículo de comunicação que não acompanhasse a tragédia. Até os acontecimentos na Síria, Afeganistão e Iraque perderam nestes dias destaque. Os desastres naturais que têm castigado o mundo ficaram em segundo plano. A tragédia de Santa Maria vai marcar a história do Brasil para sempre. É uma tarja preta colocada na linha de tempo do país.

Por que tamanha repercussão? Não foram só as mortes que assustaram, o que já bastaria por si só. O que assustou e chocou o mundo foi que o país que vai sediar  a Copa das Confederações, Copa do Mundo e as Olimpíadas, tem um sistema frágil de proteção à vida. A vida é que não vale nada no Brasil. Não precisa haver conflito armado para que se percam vidas no Brasil. Vão-se no trânsito, nas estradas, na violência do dia a dia, nos acidentes de trabalho, principalmente na construção civil, e também em desastres naturais. São bueiros, bocas de lobo cobertas pelo lixo não recolhido que transbordam os riachos e derrubam as casas. Belo Horizonte tem mais assassinatos  num mês do que há mortos no Iraque.

Agora começa a caça aos culpados. As leis é que são frouxas, a legislação é que permite abusos, a fiscalização é que não é exercida de acordo com a lei, são os fiscais e os bombeiros que não têm meios de fiscalizar, é a corrupção e a irresponsabilidade dos empresários e outros envolvidos. Em resumo, a lista é longa, o jogo de empurra enorme, mas as vidas não voltam e o Brasil está perdendo seus jovens. Criou-se o medo de ser jovem e exercer a juventude. Criou-se o medo de se divertir no Brasil.

A tragédia há dez anos em espaço de shows em Belo Horizonte não gerou correções. Nada apreendemos com as tragédias. Os políticos colocam filhos inexperientes para dirigir programas de responsabilidade como a organização da Copa, os controles continuam frouxos, a corrupção solta e ninguém fez nada para, com rigor e responsabilidade, garantir que não haverá novas Santas Marias ou Belo Horizontes.

Os empresários precisam fazer uma auto-avaliação de tudo o que se  refere a responsabilidade nesses casos. Essa tragédia mostrou que somos um país de irresponsáveis, relapsos e  despreparados para oferecermos segurança à população e  quiças aos visitantes. Quem garante que o poder público, empresários e outros envolvidos na organização de eventos e na vida quotidiana em Minas diferem dos que provocaram a tragédia no Sul? Pelo comportamento de hoje, o que os está salvando é a sorte, mas não um esforço racional de dar valor à vida. Ainda há tempo de agir antes de perdermos toda a credibilidade e mais vidas.

Stefan B. Salej
30.1.2013.       

Tuesday 22 January 2013

ESTAMOS EM GUERRA.COMERCIAL



Levantou, apanhou. A guerra comercial.

O fato de não estarmos envolvidos diretamente em conflitos armados não quer dizer que não estamos em guerra. Enquanto o país luta para aumentar as suas exportações, o que não é fácil, os nossos concorrentes reagem. Não há dia em que, em algum lugar do mundo, não barrem produtos ou empresas brasileiras. Temos o caso mais recente da carne bovina, barrada em seis países, o do frango e os mais antigos de aviões, de suco de laranja, de soja, de algodão, das barreiras na Argentina e até os casos de barragem de entrada de brasileiros na Espanha. E mais, milhares de pequenos casos que as empresas administram sozinhas, longe dos holofotes da imprensa e da política. Exportar é lutar.

A preparação para essas batalhas começa nas empresas produtoras e exportadoras. Aliás antes, nas faculdades de comércio exterior e de direito, onde temos que preparar melhor  os nossos profissionais. E a base de tudo é a estratégia empresarial. Começa pela inovação, ou seja ser competitivo pelo produto e não só pelo preço. Essa competitividade tem que ser de todos, inclusive do setor público. E claro, tem o seu ponto de partida na escolha de mercados com menor nível de resistência e de barreiras, sejam técnicas ou políticas.

O recente caso da carne bovina mostrou que também outros atores, governamentais ou não, devem estar preparados para essas batalhas, começando por evitar que aconteçam problemas. O episódio mostrou enorme falta de responsabilidade, diria até de atenção, dos envolvidos. As entidades de classe e agências promotoras de exportações devem estimular a estratégia de não-conflito em vez de empurrar a solução para o jeitinho brasileiro com a simpatia de malandro. Inclusive porque a maioria das empresas têm ações na bolsa de valores e têm responsabilidades com os diversos stakeholders.

Quando ocorre a proibição de importação do produto brasileiro provocada por deslizes de um exportador, todas as exportações brasileiras são afetadas. Estamos bem amparados através de nossa diplomacia nos fóruns internacionais como a OMC. A rede diplomática reage bem, mas ela e o governo não podem ser usados para cobrir os erros empresariais ou constranger a presidência da nação porque o dever de casa não foi feito.

A  exportação e ampliação da presença econômica brasileira é política de  Estado. Portanto, ele é o primeiro que deve se equipar para dar condições ao setor produtivo para poder exercer o seu papel. O caso da proibição de carne mais recente mostrou que  o Estado brasileiro esta em certos setores despreparado para exercer seu papel de controle. A ambição de atingir em dez anos 500 bilhões de dólares de exportações vai exigir posturas diferentes também no setor público, adequando a gritante falta de infra-estrutura.

Ou seja,  a defesa comercial é só uma parte da moeda. Na verdade temos que atacar os mercados sem perder a capacidade de defesa. E temos bons exemplos que se sobrepõem aos fracassos e maus exemplos de alguns. Mas essa tática deve também provocar a mudança de atitude de entidades empresariais, principalmente de agricultura e indústria. A primeira, não  pode resolver  tudo através de bancada no congresso e pressão política. E a segunda não deve se esconder atras da competência da FIESP, o caso típico foi o contencioso com a Argentina, e participar só das festas com o governo através de suas lideranças. Precisa de esforço competente para resultados.

Quanto mais exportarmos, mais problemas vamos enfrentar meu caro Watson. E cada problema que enfrentamos não é só menos lucro para as empresas, menos dólares, mas também menos empregos e mais problemas sociais. Estamos em um mundo em guerra comercial permanente. E temos que estar prontos para isso.


Stefan B. Salej
14.1.2013.