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Sunday 22 September 2024

O REI ESTÁ NU: UE

 DA EUROPA ENVELHECIDA, ENVAIDECIDA E SEM RUMO

 

As chuvas torrenciais, após as queimadas de verão em boa parte da Europa em férias merecidas de julho e agosto, e total atenção com as eleições americanas, nos fizeram esquecer das eleições parlamentares na União Europeia e a formação do seu braço executivo, a Comissão Europeia. No fundoficamos com Europa charmosa nas nossas mentesevocada com os Jogos Olímpicos na França trazendo alguma novidade, histórica e linda até para emigrar para lá.

Acabou verão, acabaram os Jogos, e no meio da formação da nova gestão da UE,liderada de novo pela alemã Von den Lauren, que tera  40 %  de mulheres na equipe, com conflito na Ucrânia sem perspectiva de terminar, foi apresentado pelo ex-Presidente do Banco Central Europeu, o italiano Mário Draghi , um relatório bomba sobre o estado atual e o futuro da economia europeia.

O relatório simplesmente diz como na peça teatral: o rei está nú. Ou seja, ou aEuropa investe mais de um trilhão de reais por ano para levantar a sua produtividade e ser mais competitiva, ou não vai para lugar algum. Aliás, já não foi, porque, desde 2000, a renda per capita dos europeus cresceu 50 % menos do que dos americanos. Europa não tem gigantes tecnológicos, como os que mudaram a economia americana, e a sua indústria automobilística, que era força motriz de desenvolvimento, está sendo arrasada pelos chineses. E na área de educação, enquanto nos Estados Unidos as universidades produzem ciência e tecnologia, os europeus produzem ciência, paper e pouca tecnologia. Enquanto 42 % dos europeus são analfabetos digitais, nos EUApor um milhão de habitantes,há 1100 que tem conhecimento alto de matemática. Na Europa este número cai para 850. Na área tecnológica, os europeus dominam só na área de eólicas, hidrogênio e energia hídrica. As demais tecnologias são dominadas pelos norte-americanos e asiáticos.

É um continente envelhecido não só pela população, que não renova a mão de obra e rejeita os emigrantes, envelhecido no seu modelo de desenvolvimento e, mesmo com bem estar social, terá que mudar. Já na década de 70francês Jean Jacques Servan-Schreiber avisou sobre desafio e predominância americana. Com União Europeia burocratizada, divisão política sem coordenação entre os paísesconflito com a Russia e a falta de matérias primas, sem falar da descoordenação na área de defesa, a Europa tem que se reinventar. E para se reinventar tem que tertambém alianças como acordo com Mercosul. Sem arrogância, mas com realismo, alianças de cooperação para sair do buraco onde, segundo Mário Draghi, se meteu. É hoje um aliado importante mas que ficou muito, mas muito mesmo para trás. Muda Europa.

O relatório é assustador e pouco comentado pelos especialistas na Europa. Ele fala muito de tecnologia, descarbonização e energia (eletricidade na UE é três vezes mais cara e o gás, cinco vezes, do que nos Estados Unidos) e da segurança, seja amilitar, seja a dependência de materiais primas. Mas fala pouco de dependência agrícola ou de políticas migratórias. A falta de mão de obra qualificada é ligada também à educação e parece que reforma chamada de Bologna também não produziu os resultados desejados.

A invasão russa da Crimeia não acordou os europeus para a dependência que tinham da Rússia em termos de energia. Foram obrigados se reorganizar na área energética. Rever toda a sua fragilidade em relação à Russia na área econômica e na defesa. Aumentou a sua dependência dos Estados Unidos, que já era grande. Europa não fez alianças tecnológicas com empresas americanas que, como no caso da Google, agora terá que pagar adicionais quatorze bilhões de euros de impostos, ao invés de ser parceira do desenvolvimento tecnológico europeu.

 

Europa também terá que rever todo suprimento nas mudanças que necessita de matérias primas. E neste capítulo a América Latina entra não como ator coadjuvante, mas como parceiro de igual para igual. Novos acordos terão que ser feitos, mas com certeza a Europa depende mais da AL do que o contrário.

 

O estudo do Draghi aponta uma outra fragilidade, que é o mercado comum que não existe e não funciona. Isso nos remete ao Brasil, que é um mercado grande e ao Mercosul que não funciona.

E mais, como faz falta um estudo como esse no Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

Friday 13 September 2024

DA VENEZUELA DE NOVO E DE SEMPRE

 DA VENEZUELA DE NOVO E DE SEMPRE

 

De todos os conflitos, do ataque terrorista do Hamas a Israel, que vai fazer um ano, da invasão russa à Ucrânia, que está fazendo dois anos e meio, dos conflitos na África, com milhares de mortos e refugiados, é a situação na Venezuela que mais afeta o Brasil. Temos uma fronteira extensa, mal protegida. Mais de um milhão de refugiados venezuelanos procuraram o Brasil para começar uma vida nova. E diariamente estão chegando a Roraima centenas deles. E  porque Venezuela deve ao Brasil alguns bilhões de dólares. E também porque é da Venezuela que vem energia elétrica para extremo norte do Brasil.

Um vizinho dos mais ricos em recursos naturais, está há 23 anos sob um regime populista pseudo socialista estabelecido por seu líder da época, Hugo Chaves, chamado bolivarianismo, que depois virou chavismo, e que tem em Maduro seu líder e presidente do país. E Maduro, que manipulou as últimas eleições e quebrou todos os acordos que foram feitos para que as eleições fossem transparentes e honestas, se permite sem cerimônia desfazer do Presidente do Brasil com palavras nunca antes vistas na diplomacia. Humilhante, como foi também humilhadora a posição da venezuelana ao pressionar o Brasil no que diz respeito a cuidar dosinteresses da Argentina em Caracas.

Maduro perdeu as eleições de cartas marcadas e Brasil, que apoiou o chavismo desde o início, se vê agora às voltas com um governo que colocou Brasil face ao mundo numa situação constrangedora. Não reconheceu a vitória da oposição, tão clara como sol do meio-dia, como fizeram inúmeros países. PT declarou com todas as letras que Maduro ganhou. E Maduro, que prendeu milhares de opositores,além das dezenas de mortos em protestos, conseguiu, com ajuda da Espanha,exilar o suposto vitorioso das eleições. Os espanhóis, que estão cheios de declarações sobre democracia, salvaram Maduro, deram a ele um mandado de seis anos com apoio da União Europeia e salvaram seus investimentos. Acabou o jogo.Maduro ganhou.

O governo brasileiro, grande amigo de Maduro, perdeu. Nós vamos continuar vizinhos de um país governado por um autocrata que ainda tem pretensões sobre a região de Esquibo e Guaiana, onde há um novo boom petroleiro, dominado pelos chineses, russos, cubanos e iranianos, todos amigos do governo do Brasil, mas todos inimigos do mundo ocidentalContinua se consolidando um regime em total desacordo com tudo o que Brasil representa como país democrático. A opinião pública brasileira há muito não aceita esse apoio a um regime como o que está lá. E pior, esse regime contraria todos os interesses do Brasil. Lamentávelmente o cenário futuro apresenta uma convivência conflituosa difícil de se resolver.


Em continuidade, Maduro, com conhecimento ou não do governo brasileiro, aliás a dúvida que mata, se aliou ao MST que ficará de desenvolver em milhares de hectares de terras a agricultura na Venezuela. 


Venezuela também será tema dos Brics, já que há proposta para que junto com Venezuela seja aceita Nicarágua, outra desafeta de democracia.


Maduro com seu regime autoritário é tão popular que foi único país latino americano mencionado no debate presidencial americano pelo Trump. Claro que com uma frase lapidar: caiu o crime na Venezuela, porque os criminosos de lá vieram para Estados Unidos, onde crime aumentou.


Acho que Trump esqueceu que criminoso chefe ficou por mais seis anos para cuidar de petroleiras americanas por lá.Alias, é incrível que Estados Unidos não tem embaixada lá. 


Artigo publicado no Diário do Comércio, 13.9.2024.

 

Sunday 8 September 2024

ÁFRICA E CHINA, versão francesa

NA EDIÇÃO DE HOJE O JORNAL FRANCÊS LÊ MONDE PÚBLICA UMA EXCELENTE ENTREVISTA SOBRE AS RELAÇÕES DA ÁFRICA COM CHINA, QUE COROBORA O MEU TEXTO DE SEMANA PASSADA PUBLICADO POR DIÁRIO 


https://www.lemonde.fr/afrique/article/2024/09/06/entre-la-chine-et-l-afrique-la-lune-de-miel-est-un-peu-finie_6305791_3212.html


Xavier Aurégan est maître de conférences à l’Université catholique de Lille, spécialiste des relations entre la Chine et l’Afrique. Il a publié, en juin, Chine, puissance africaine. Géopolitique des relations sino-africaines (Armand Colin, 272 pages, 23,90 euros). Alors que le Forum sur la coopération sino-africaine (Focac) s’est tenu à Pékin du 4 au 6 septembre, le spécialiste analyse la relation asymétrique qui s’est développée entre la Chine et le continent africain.

Lire aussi |  Article réservé à nos abonnés  Au sommet de la coopération sino-africaine, Xi Jinping se pose en défenseur du Sud global

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Selon vous, le continent africain a été un laboratoire pour l’ascension chinoise sur la scène internationale. Dans quelle mesure ?

J’utilise le terme « laboratoire » puisque la Chine, sous Mao Zedong, Deng Xiaoping, Jiang Zemin et Hu Jintao, a testé en Afrique différentes modalités d’intervention à l’international. Dans les années 1960, la Chine a d’abord expérimenté la diplomatie sanitaire, en envoyant des missions médicales, la première en Algérie, à Saïda, en 1962 [six mois après son indépendance]. Elle a ensuite testé la coopération agricole en important le modèle de fermes d’Etat – qui fut un échec, faute d’investissements. Puis, en matière de défense, Pékin a apporté son soutien à des mouvements de libération nationale africains en Tanzanie, en Angola, en Guinée, au Niger…


Après la mort de Mao en 1976, Deng Xiaoping a rationalisé la politique étrangère chinoise. Il a opté pour une démarche plus mercantile, en lançant de petites industries comme des fabriques d’allumettes. Dans les années 1990, après les grandes réformes de l’économie chinoise, le continent africain a constitué un laboratoire pour l’octroi de lignes de financement à des Etats partenaires, tandis que les grandes entreprises publiques chinoises sont parties à la conquête des marchés internationaux. Là encore, ces méthodes ont d’abord été testées en Afrique.

Comment définiriez-vous ces relations aujourd’hui ?

Après l’euphorie des années 2010, qui a accompagné le déploiement du projet de Xi Jinping des « nouvelles routes de la soie », une problématique financière s’impose à la Chine. Elle se montre réticente à prêter de l’argent à des Etats africains qui peinent à la rembourser compte tenu de leurs propres difficultés, qu’elles soient financières, économiques post-Covid ou sécuritaires. D’autant que certains projets, mal pensés et pas optimisés, remettent en question leur légitimité.

Pour les acteurs chinois, à la fois le gouvernement et les entrepreneurs, le mot-clé est devenu « risque » et ils réfléchissent à deux fois avant de se lancer à l’international, notamment en Afrique. Par ailleurs, les investissements directs chinois en Afrique restent faibles, ne permettant pas une évolution notable de l’industrialisation. Politiquement, il n’y a pas de retour en arrière, mais économiquement on constate une sorte de prudence.

Lire l’enquête (2022) :  Article réservé à nos abonnés  « Nouvelles routes de la soie » : comment le chantier du siècle de la Chine s’est enlisé

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Cette relation fait-elle l’objet d’une réévaluation par les Etats africains ?

La lune de miel est un peu finie, et ce, depuis plusieurs années. Certains dirigeants africains ont critiqué les pouvoirs chinois, comme le gouvernement zambien, notamment sur la dette. Les populations, elles, prêtent plus attention à la présence chinoise et à ce qu’elle peut apporter au développement de leur pays. D’autres partenaires sont présents sur le continent, tels que les Emirats arabes unis, les pays occidentaux, mais aussi la Turquie, ou encore le Brésil, après le retour au pouvoir, en 2023, de Luiz Inacio Lula, et l’Inde. L’offre s’est diversifiée.

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« Sauveur », une affiche à la gloire du président Mao datant de 1968. Elle représente un groupe d’Africains, vénérant un portrait de Mao Zedong, accompagné, à gauche, d’un « médecin au pieds nus » chinois. Ce modèle – des agriculteurs formés à la médecine pour pallier l’absence de soin dans les campagnes chinoises – conçu par Mao au début des années 1960 a ensuite été exporté en Afrique, pour la première fois en Algérie, en 1962.  INTERNATIONAL INSTITUTE OF SOCIAL HISTORY (AMSTERDAM)

Des projets chinois sont-ils remis en cause ?

Certains d’entre eux apparaissent disproportionnés. C’est le cas de ports qui coûtent des centaines de millions de dollars, comme celui de Lamu, au Kenya, ou encore le projet de port à Bagamoyo, en Tanzanie, signé par le gouvernement tanzanien en 2013 avant d’être suspendu en 2019, car jugé trop cher, à 10 milliards de dollars [9 milliards d’euros]. En Guinée, la réfection du port de Conakry avait été attribuée à un groupe chinois en 2016, mais a été finalement confiée à un groupe turc en 2018 par décret présidentiel.

Cela affecte-t-il la qualité des relations diplomatiques ?

On perçoit dans le discours officiel chinois la volonté de mettre en avant le facteur diplomatique et politique, la rhétorique de la solidarité Sud-Sud, de la force du groupe des BRICS [Brésil, Russie, Inde, Chine et Afrique du Sud]… Et un peu moins le côté économique.

Ce renforcement du discours idéologique intervient aussi à un moment où la Chine affirme sa volonté d’en finir avec la domination occidentale. Quelle est la réalité de la cohésion idéologique avec les pays africains ?

Une notion qui revient dans le discours chinois depuis Mao est celle de « souveraineté ». Pékin a depuis longtemps intégré l’importance de choisir les bons termes pour s’adresser aux élites africaines, afin que celles-ci puissent se reconnaître dans ces propos. Mais les diplomaties africaines se caractérisent aussi par un certain opportunisme : elles vont prendre à gauche et à droite, auprès des Chinois mais aussi des Français, du Club de Paris, des Indiens ou des Turcs. Les élites africaines vont-elles finir pas être déçues à force d’entendre cette phraséologie chinoise ? C’est une vraie question.

Lire aussi l’entretien :  Article réservé à nos abonnés  « En Afrique, les Indiens se présentent comme une alternative aux Chinois »

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Ces relations avec la Chine n’ont pas réellement permis aux Etats africains d’accélérer leur industrialisation. Est-ce une source de frustration ?

C’est un semi-échec dans cette relation sino-africaine. Les prestations de services bénéficient aux groupes chinois, souvent publics, alors que les investissements directs faibles ne permettent pas de développer l’industrie. La situation n’est pas si « gagnant-gagnant » : elle l’est davantage pour la Chine, même si les prêts chinois pour construire des infrastructures sont bénéfiques pour les pays concernés. Mais il n’y a pas d’investissements directs chinois majeurs de nature à développer des territoires et l’économie locale. Il n’y en a pas non plus de la part des Occidentaux. C’est un problème majeur, dont on ne voit pas comment il pourrait être réglé par les Chinois.

Lire aussi :  Article réservé à nos abonnés  Le nouveau visage de la « Chinafrique » marqué par une baisse spectaculaire des prêts au continent

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La Chine a pris le leadership dans la production de batteries et autres technologies de la transition énergétique, ce qui accentue son besoin en minerais stratégiques et a pour conséquence de renforcer sa présence dans les mines africaines. Cela profite-t-il au continent africain ?

La politique de sécurisation des matières premières est une priorité pour la Chine, qui en a besoin pour ses lignes de production. Au fil du temps, ses entreprises deviennent des acteurs géopolitiques confrontés à des contextes sécuritaires tendus, pesant sur leur capacité de prélèvement et d’exportation des ressources.

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Les autorités chinoises connaissent ces mêmes réalités. Au Niger, quand la junte a pris le pouvoir [en juillet 2023], Pékin a continué d’avoir besoin de matières premières et s’est donc trouvé engagé dans la crise. Au Soudan du Sud, il a envoyé des casques bleus, en 2015, pour sécuriser les populations et les infrastructures sous mandat des Nations unies, mais aussi pour protéger les puits de pétrole des groupes chinois. Cette présence sécuritaire se traduit aussi par le recours à des sociétés militaires privées, chinoises ou locales, pour garder les sites exploités par ces entreprises.

Le recul de l’influence française dans le Sahel profite-t-il à la Chine ?

Je ne pense pas qu’il y ait une stratégie de Pékin de déstabilisation de pays ou, par la même occasion, de la présence française. Indirectement, toutefois, l’expulsion manu militari de partenaires historiques peut profiter à des groupes chinois. En revanche, au Mali, la junte a demandé le départ des casques bleus, donc des Chinois.

Comment la Chine est-elle perçue en Afrique ?

Son image est globalement positive. Mais, dans le détail, selon les pays africains, les perceptions sont très différentes. Plus l’acteur chinois est impliqué dans les hautes sphères, dans la diplomatie, avec de grands groupes, mieux il est perçu. Quand la Chine paraît contribuer au développement, elle est bien vue. Les entrepreneurs privés chinois le sont beaucoup moins, puisqu’ils sont en concurrence avec d’autres acteurs économiques, comme la communauté syro-libanaise en Afrique de l’Ouest, ou les commerçants africains évidemment.

Les produits chinois, à très bas coût mais de faible qualité, ne sont pas nécessairement bien vus, bien qu’ils participent à l’augmentation du pouvoir d’achat sur les objets de la vie courante. Et que, paradoxalement, ils peuvent créer de l’emploi local. Les avis divergent, mais en comparaison avec d’anciennes puissances coloniales, dont la France, ou avec les Etats-Unis, la Chine bénéficie d’une meilleure image, même si des manifestations antichinoises ont eu lieu, par exemple en Zambie.

Xi Jinping est allé en Afrique cinq fois depuis qu’il est président, le ministre des affaires étrangères lui réserve son premier déplacement de l’année. Cette régularité aide-t-elle la Chine à peser sur le continent ?

Cette politique est maintenue de longue date par Pékin. Son engagement auprès des pays africains a fortement joué dans sa capacité à obtenir, en 1971, le siège à l’ONU, jusqu’alors détenu par Taipei. Aujourd’hui encore, le soutien africain dans les instances internationales compte beaucoup pour la Chine, pour diminuer les pressions occidentales sur les questions relatives à la région du Xinjiang et des Ouïgours, au Tibet, à Hongkong, à Taïwan. Il y a une sorte de constance dans la politique chinoise, dont chaque domaine – affaires étrangères, militaire, santé, éducation – est partenaire du continent.

Pékin sait aussi recevoir des dirigeants de petits pays avec de grands honneurs. En tire-t-il un bénéfice ?

Il y a un vrai savoir-faire en la matière. La Chine a cette capacité de créer ces grands rendez-vous, tel le Forum sur la coopération sino-africaine [Focac], qui offrent l’occasion de traiter chaque relation bilatérale, même avec de petits pays, et, derrière les grands discours, de développer tel ou tel secteur.

L’Afrique est un ensemble de pays aux intérêts divergents. Il lui est difficile de parler d’une seule voix face à la Chine…

La relation est asymétrique, mais la Chine n’est pas la seule puissance dans ce cas. L’intérêt des pays africains est de pouvoir tirer parti de cette relation, y compris lors de sommets tels que le Focac, où ils peuvent négocier avec les plus hauts responsables. La grande diversité des régimes africains les empêche d’avoir une position commune. C’est là que le bât blesse, le continent africain n’a jamais réussi à se doter d’une stratégie chinoise. C’est une carence majeure pour rééquilibrer la relation.

Retrouvez l’intégralité de nos dossiers géopolitiques ici.

Harold Thibault (Pékin, correspondant)

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