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Sunday 20 January 2019

DA CHINA AMIGA, INIMIGA E PARCEIRA


DA CHINA AMIGA, INIMIGA E PARCEIRA

Não vamos brincar com a China. Eles sabem o que querem, quando e como. Podem ser impacientes num momento, mas não são a longo prazo. E não improvisam. Tudo é estudado, planejado e organizado.

Por isso, a viagem dos incautos futuros parlamentares do partido do Presidente da República, a convite e, pelo que consta, com despesas pagas, da maior empresa  mundial de tecnologia de telecomunicações, Huawei, nada tem de improvisado, a não ser os parceiros brasileiros. Os chineses meteram a faca no coração da política brasileira, no segundo maior partido no Congresso Nacional. Criaram, como os próprios deputados gritando de Beijing disseram, um grupo de China no seio do partido que governa o Brasil. E voltaram, após os ataques que receberam, maiores amigos do regime, da tecnologia e da empresa, no Brasil. E os chineses rindo à toa, porque tudo isso custou alguns centenas de milhares de dólares, muito mais barato do que qualquer propina que estariam dispostos a pagar. Ganhos políticos incomensuráveis, além de comerciais. Jogada de mestre jamais vista por qualquer outro país.

Nesse meio tempo, a China também anunciou que vai comprar mais soja nos Estados Unidos, para aliviar o conflito comercial, e menos no Brasil. Aliás, a pergunta é, onde nos encaixamos no crescimento da China, que está saindo de potência emergente para potência que forma com os Estados Unidos o mundo bipolar? Haverá espaço na nossa política para contemporização com os dois lados, enquanto cada um vai exigir, para obtermos reciprocidade, a fidelidade?

Nós achamos que entendemos bem os Estados Unidos, onde há 18 centros de estudos sobre Brasil, sendo que no Brasil tem um sobre os Estados Unidos.

E de China? Está claro nas nossas políticas até quando a China vai precisar de nossas matérias primas e de nossos produtos  agrícolas? E, como a China vive de exportação, está claro que só vamos vender se permitirmos sem restrições a entrada e saída de capitais chineses e entendermos que os tempos da Feira do Paraguai, que vendia produtos chineses de má qualidade, acabou? Os chineses são hoje lideres em tecnologia, inteligência artificial, internet, telecomunicações, automatização industrial. É esse o mercado que eles querem e de que precisam para comprar soja e minério de ferro.

E aí entra de novo a viagem dos incautos. Huawei é líder no segmento de 5 G, tecnologia mais avançada em telecomunicações. E líder em sistemas de segurança, como vigilância e ciber-segurança. Implementaram isso na Venezuela e no Equador. E estão tendo limitações para operar em vários países. E aí, no Brasil, nos vamos adotar a tecnologia deles apesar dos protestos dos Estados Unidos?

A China representa um modelo político que é diferente do modelo dos Estados Unidos. Onde esses dois modelos conflitam na liderança mundial e onde ficamos nós com pragmatismo comercial, tentando salvar a pele, é outra questão. Sem dúvida, se não tivermos claros os nossos objetivos, seremos simplesmente peão no jogo de xadrez, agora de novas disputas.

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