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Sunday 24 September 2017

DEFICIT DO PRODUTO MORAL BRUTO



A cada momento estamos ouvindo do déficit fiscal. Bilhões de reais. Déficit de contas públicas e quebradeira das contas dos estados e municípios. E déficit da previdência que requer uma reforma urgente do sistema previdenciário. E mais: a queda de produto bruto, que é a soma de todas atividades econômicas, foi brutal nos últimos três anos, com um acréscimo do desemprego que aumenta a crise social. Em resumo, não faltam indicadores econômicos e sociais para medir o que está acontecendo no país e no mundo.

Em um ambiente globalizado competitivo, ainda há indicadores de felicidade, onde o Brasil, com sua população sempre paciente e esperançosa, parece bem. Tem também indicadores de competitividade, onde claro estamos, por  razões que todos conhecemos, mal. E de inovação, também. Na de transparência, estamos na lanterna mundial. Na lista da FIFA, escorregamos após a fragorosa derrota para a Alemanha no final da Copa no Brasil, mas estamos bem. E ainda há alguns cantores nossos que ganham o Grammy, para a consolar a nossa brasilidade.

Neste incrível mundo de avaliação de desempenho da sociedade, não vamos falar nem na infra-estrutura, educação e saúde, e neste incrível momento de transição que estamos passando, neste momento da Lavas Jato e todos os processos em curso e os que ainda vem, faltam algumas considerações que não são macro, mas que afetam a vida do cidadão comum.

Que a nossa sociedade, que se apresenta como quem está aplicando a justiça neste momento nos casos de corrupção, está profundamente manchada com esses acontecimentos e com lideres que não conseguem apresentar soluções um tanto quanto razoáveis e aceitas pela maioria da população, ninguém tem mais dúvida. De um lado há escândalos de corrupção, de outro lado soluções dadas pelos mesmos que causaram o problema ou participaram omissos ou ativos dele. Insustentável para qualquer pessoa normal.

Por outro lado, nos conflitos de segurança pública, o caso do Rio é o mais visível, inclusive por causa de força da mídia, mas não e único. Muito pelo contrário: o país no item de segurança pública se tornou absolutamente vulnerável. Ninguém quer dizer quem manda e quanto nos tornamos um Medellín ou Cali, cidades dominados por cartéis. Ou uma Colômbia.

Nesse item ainda cabem a contabilidade de mortes violentas, crimes registrados e não registrados e mortes no trânsito, tanto nas cidades como nas estradas. Somos um país dos mais violentos do mundo, dos mais corruptos, e com o melhor sorriso. Nada nos derruba, nada nos destrói (felizmente não temos terremotos e nem furacões).

No fundo parece que o problema maior nosso é moral e ético. Perdemos valores de respeito às pessoas, à sociedade em que vivemos e ao estado que construímos. As instituições que estão caindo na nossa frente (mesmo que  isso não pareça às vezes claro), são resultado de uma brutal queda de produto bruto moral e ético do país. E essa queda tem na sua base a perda ética dos valores do cidadão, de cada um de nós.

Nós aceitamos o jeitinho e a lei de Gerson com a maior naturalidade, e não nos revoltamos através eleições e outros instrumentos democráticos contra isso. O nosso problema reside em que as instituições que são responsáveis por guiar e liderar esse fundamento ético do país, sejam religiosas, políticas ou lideranças civis e empresariais, se acovardaram e passaram a construir para o seu bem próprio e o dos seus dirigentes esse déficit ético e moral. E aí, chegamos ao ponto em que tudo vale para me salvar. Se eles podem, eu também posso.

Déficit moral, realinhamento ético da cidadania em um processo democrático, é o nosso único problema. E aí depende de cada um, e de todos. Outros indicadores são consequência da mudança que deve ser feita por instrumentos políticos democráticos.

Difícil, mas não impossível, porque mesmo com essa desordem que existe, há exemplos e mais exemplos no país que nos lembram de não desistir e lutar. É seguir esses exemplos e não os da Lava Jato e similares.

Monday 18 September 2017

DAS AUTO

“DAS AUTO”

A feira de automóveis de Frankfurt, realizada a cada dois anos, teve neste ano, além da Chanceler alemã Angela Merkel, também a presença da principal executiva da Facebook, Sheryl Sandberg. Bem, que a líder alemã estivesse presente alguns dias antes de eleições parlamentares, está claro. Mas, porque dar tanta importância à Senhora Sanberg? Os prepotentes alemães, que vendem na China um em cada dois automóveis, deram à empresa de Palo Alto, Califórnia, uma importância que coloca bem no nosso nariz a pergunta: o que está acontecendo com “Das Auto”, como os alemães chamam o automóvel.

O fato é que na feira não se falava de potentes máquinas, aquelas que a Lava Jato apreendeu dos nossos malfeitores, mas de carros híbridos, elétricos, de mobilidade urbana e carros autodirigíveis. Automóveis que usam mais e mais eletrônica, inteligência artificial, e integração de várias tecnologias inteligentes. Os produzidos hoje, estão virando carroças com muita rapidez. E neste capítulo inclui-se o uso de automóveis como pelo Uber e todo o sistema de logística, como fazendo entregas que hoje são feitas por motoqueiros.

Além de toda a inovação tecnológica a que estamos assistindo, ainda há a questão do meio ambiente. A indústria alemã fez feio com a falsificação de dados sobre emissões dos seus motores a diesel nos Estados Unidos ( no Brasil ninguém se incomodou com isso) e precisa recuperar a credibilidade.Por isso, usaram a feira de Frankfurt para anunciar que em menos de dez anos vão fabricar mais carros elétricos do que a gasolina e diesel. Analistas apontam que a Alemanha, que fez da indústria automobilística sua força motriz de desenvolvimento ( 13 % do PIB e 18 % das exportações) está em uma encruzilhada tal que se não houver uma mudança de modelo econômico pode chegar a uma crise sem precedentes, inclusive de efeito devastador para a Europa. E tem outros movimentos: a Renault fez da aliança com a Nissan e a Mitsubishi um gigante que deve produzir nos próximos cinco anos mais de 10 milhões de veículos por ano. Em resumo, o setor todo está no meio de mudanças significativas.

No Brasil, decidimos há sessenta anos, na época de JK, fazer da indústria automobilística também o motor do nosso desenvolvimento. E ela continua forte, poderosa e com tantas fábricas com incentivos que já perdemos a conta de sua competitividade a não ser para exportar para a Argentina. Fala-se timidamente de automóveis elétricos, de consolidação e de avanços tecnológicos em nível mundial. E esse debate, que pode estar fervendo no próprio setor, deve ser um debate sobre avanços tecnológicos, meio ambiente, combustíveis,  e mobilidade, ente outros, que interessam à sociedade brasileira como um todo. A não ser que desejemos esperar que a crise nos derrube mais uma vez.

Saturday 2 September 2017

DO LAVA RIOS



Minas Gerais é uma terra de montanhas, rios, planícies e riquezas naturais, começando por suas reservas minerais, e um enorme potencial biológico. A história do estado sempre foi  construída na base de suas riquezas minerais, por bem ou por mal. Através dos tempos, a valorização de seus minerais mudou, das pedras preciosas passou para o nióbio, e agora para o lítio, que está sendo usado em baterias para a nova era eletrônica e digital. Passamos pelo quartzo para uso em telecomunicações, pelos diamantes para a beleza e o uso industrial, pelo minério de ferro da mais alta qualidade e mais dezenas de minerais e minérios extraídos da terra que também produz café, soja, milho, e até o fosfato que alimenta sua agricultura toda em expansão.

Essa identificação na mineraria também  produziu a melhor escola de Engenharia de Minas da América Latina, em Ouro Preto, graças ao pioneirismo do engenheiro Gorceix. E os primeiros fornos de fundição em Ouro Branco, a primeira planta de alumínio feita pelo lendário Américo Rene Gianetti em Ouro Preto e muitos empreendimentos mais. Com o descobrimento de riquezas vieram estrangeiros, ou como exploradores ou como investidores. Nas minas de ouro, de Nova Lima, ou de São João del Rey, eram os ingleses. A Siderúrgica Mineira de Sabará foi vendida em 1928 para os luxemburgueses e virou a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, hoje grupo Mittal, indiano. Em resumo, o nome de Minas Gerais é mineração. Foi fundada na metade do século passado a Companhia Vale do Rio Doce, com sede no Rio de Janeiro, mas com suas minas  em Minas Gerais, em especial Itabira, descritas como nunca pela tristeza do que viraram, pelo eterno poeta Carlos Drummond de Andrade.

Ai, aconteceu o acidente no ano passado na mina da Samarco, de Mariana. Sujou o Rio Doce, destruiu cidades, destruiu vidas, manchou a alma mineira. E até agora, mina fechada, muitas discussões, muitas promessas e nada resolvido. Nem do ponto de vista jurídico, nem politico e nem econômico. Enquanto os fiscais de meio ambiente do estado e das prefeituras ficam caçando pequenos infratores para atender pedidos de vingança política, as questões maiores de meio ambiente no estado ficam paradas e sem solução.

Não se trata tão somente de licenças de funcionamento, mas essencialmente de, através da solução do caso de Mariana, demonstrar  a capacidade  do estado de administrar o meio ambiente e dar-lhe uma solução. A mineração por si só não é nenhum mal, mas deve ser parceira ambientalmente responsável. Minas está perdendo lugar não só para estados do norte, mas também para o Peru e Chile.

Por mais que se tente diversificar a economia mineira, a mineração e a indústria correlata aos agronegócios ainda serão sustentáculos e base de desenvolvimento. Mas, é preciso resolver os caso pendentes e fazer uma política consensual de desenvolvimento.

Tuesday 22 August 2017

DO DESVIO DE FUNÇĀO E DINHEIRO



Nos idos dos anos 40, ou seja, há quase oitenta anos atrás, um grupo de industriais paulistas liderados pelo engenheiro Roberto Simonsen, convenceu o governo Vargas de que a educação profissional era fundamental para o desenvolvimento do país e, consequentemente, de sua base econômica, indústria e comércio. E mais: que a gestão desse programa deveria ser das próprias entidades empresariais, financiado pelo desconto na folha de pagamento. Contribuição social como outras, pura e simples. Recursos controlados pelos órgãos de fiscalização do estado e gestionados pelos empresários. Assim foram criados, com objetivos claros, os serviços de aprendizagem industrial e comercial, como também,  para prestar serviços na área social, a grande preocupação do governo da época e dos próprios empresários, os serviços sociais da indústria e comércio.

Com o passar do tempo, esses serviços se estenderam também para a área de agricultura, transportes, o comércio adicionou serviços, nasceu o serviço para a assistência às pequenas empresas e também para assistir aos exportadores. A evolução da economia e desenvolvimento do país exigiram novos serviços como resposta a novos desafios. Mas, a função básica de educação profissionalizante  do serviço de aprendizagem industrial ou comercial não mudou em momento algum. Nem pela lei e nem por outros meios legais. Ou seja, a sociedade, os empresários e os legisladores continuam afirmando que a contribuição na folha de pagamentos dos trabalhadores é destinada à educação.

E isso tem muita razão de ser. A educação é a mãe de todas as demais atividades e se há recursos bilionários de contribuições dos trabalhadores para isso, os recursos devem ser usados para isso. Claro que os desafios da economia de hoje não são iguais aos desafios de ontem. Educação é um processo, não um momento. Você não educa um profissional da noite para o dia. Portanto, requer muita consistência, visão de futuro e, principalmente, responsabilidade. Esse sistema de aprendizagem é inclusive uma das raras portas que permite mobilidade social aos trabalhadores.

Em termos gerais pode-se dizer que o sistema, em especial na área de agricultura e comércio/serviços, funciona bem. Quanto à indústria, o sistema, em São Paulo e nos estados do Sul, está cumprindo sua missão. Não desviou para a construção megalomaníaca de laboratórios destinados a um pequeno grupo de empresas de seus dirigentes, comprometendo o orçamento de finalidade básica por vinte anos e reduzindo a zero a possibilidade de qualquer expansão ou melhoria de qualidade na sua função básica e legalmente estabelecida, que é a educação. Milhões de desempregados que precisam de requalificação profissional, novos desafios como a indústria 4.0, jovens querendo trabalhar sem qualificação e empresas desesperadas  porque não têm operários qualificados, trocados por interesses mesquinhos, pessoais, financeiros dos que ocupam cargos. E ainda abençoados por empréstimos dos bancos estatais nacionais  de desenvolvimento que aceitam troca de desvio de função legal por desvios ilegais.

Triste o país que troca a educação por falso progresso e o benefícios de alguns pelo futuro de todos. E aí cabe a pergunta, onde estão os que  devem controlar essas ações, como os procuradores de justiça, a polícia, o estado? Há desvio de função e desvio de caráter. E provavelmente mais alguma coisa.

Sunday 13 August 2017

DO PAO DE QUEIJO E DA INOVAÇĀO



Nos mercados globais, Minas Gerais é sinônimo de pão de queijo, café e cachaça. Para produzir um bom pão de queijo, precisa-se de polvilho e queijo. Misturando tudo isso e mais alguma coisa, faltava que esse produto maravilhoso da culinária mineira pudesse ser oferecido fora do cozinha da casa onde era feito. Gostoso é pão de queijo  quentinho com  cafezinho feito na hora. E aí entra na história a professora doutora Ana Maria  e sua equipe da Universidade Federal da Viçosa, que descobre como congelar a massa do pão de queijo. E o projeto foi financiado pelo SEBRAE Minas.

Os resultados estão aí: uma indústria bilionária, cuja cadeia produtiva emprega milhares de pessoas e leva o produto aos quatro cantos do mundo. A professora deve estar aposentada e ninguém mais lembra dela e da equipe (as tais pesquisas acadêmicas), nem ela nem a universidade na época dirigida pelo atual presidente da FAPEMIG, prof. Evandro Villela, receberam um tostão e nem o SEBRAE Minas recebeu compensação financeira pelo que fez. Mas, a economia de Minas, gerando empregos, e as empresas competitivas, sim, existem e estão prosperando.

A cachaça artesanal mineira, outro produto cujos preços estão proibitivos, mas mesmo assim é um produto global, atingiu sua qualidade quando pesquisadores das universidades ajudaram a melhorar a qualidade, introduzindo métodos de produção e controle de qualidade comparáveis à produção do conhaque francês. E ai entrou o marketing, com esforço empresarial, que também levou a mais empregos e mais resultados positivos das empresas. 

Do café arábica Minas, marca reconhecida mundialmente, aos cafés gourmet, o caminho foi longo e persistente. Também neste caso as universidades tiveram um papel fundamental. A aliança de cafeicultores com pesquisadores elevou a qualidade e colocou  no mercado mundial produtos que fogem à especificação comum de café commodity para atingir preços que compensam a qualidade oferecida.

Há outros exemplos, como o nascimento do projeto Cerrado na agricultura, que começou na antiga Escola de Agricultura de Lavras e faz hoje do Brasil uma potência agrícola mundial. A corajosa iniciativa de formar um núcleo de Biotecnologia, a BIOMINAS em Belo Horizonte, a fábrica de chips com cooperação com suíços, e algumas outras iniciativas que hoje têm sua expressão maior em centenas de start up,  que crescem como cogumelos após a chuva pelo estado afora.

Os desafios porém sao maiores, porque a saída da crise brasileira passa pela transformação da sua economia copiadora em uma economia inovadora. E para isso não faltam nem pesquisadores, nem universidades, nem dinheiro. Claro que o sistema acadêmico vive reclamando da falta de recursos, principalmente neste momento, esquecendo que temos 30 milhões de desempregados  e estamos em um processo de reajuste econômico onde todos temos que perder os anéis, principalmente os políticos, para não perder os dedos.

O grande problema nosso é acreditarmos que a inovação é o único caminho para melhorarmos o país. Precisamos ter coragem para criar  alianças que produzam resultados em uma economia digital, de blockchain, de big data, de analytics, de inteligência artificial, de indústria 4.0, de física quântica etc.


Estamos de costas para o futuro, investindo em tecnologias que produzem resultados parcos mas não nos colocam na frente da corrida para a conquista do mundo. Investimentos bilionários que atendem a uns, como laboratórios de alta tensão, centro de tecnologia ex-estatal para atender industrias fora do estado, pesquisas repetidas em dezenas de universidades no estado, nos obrigam a repensar urgentemente a nossa política de inovação, incluindo centenas de start up que produzam resultados palpáveis para a economia do estado.

Sunday 6 August 2017

DO MERCOSUL E DA VENEZUELA



Viver em um estado que não tem nem fronteiras estrangeiras e nem acesso ao mar é uma coisa. Outra coisa  é viver na fronteira e, em especial, hoje, nas fronteiras com a Venezuela, de onde vêm milhares de pessoas fugindo da fome, enfrentando o desespero e a falta de emprego. Sim, os venezuelanos estão fugindo e vindo para Brasil. Os retratos de lutas nas ruas de Caracas e  de falta de alimentos no país todo são a realidade que o social-bolivarismo criou para o seu povo. Estranhar o que esta acontecendo na riquíssima Venezuela em minerais e petróleo é ignorar o que acontecia desde que Hugo Chavez assumiu o poder há 18 anos. O truculento Maduro, que o sucedeu, só pegou o estado venezuelano quebrado porque na época de Chávez o preço do petróleo, único bem exportável do país, estava, como o preço de outras matérias primas, lá nas alturas, e agora não vale nem a metade do que valia daquela época.

O Brasil aproveitou bem a amizade com Chávez e nossas empreiteiras fizeram um verdadeiro bacanal nos negócios por lá. Uma empresa que de construção de siderúrgica só sabia como faturar algumas vezes mais a remoção de terra, quando fez a terraplanagem da Açominas, construiu uma siderúrgica cinco vezes mais cara do que vale na mercado internacional. E assim foi com inúmeras  obras executadas pelas empreiteiras brasileiras. Mas, quem se incomoda, se o credor desse dinheiro não são as empresas, mas nosso BNDES e outros órgãos similares. O Brasil é que não vai receber e, pelos cálculos bem otimistas, os venezuelanos nos devem mais de 45 bilhões de dólares.

É aí que mora o problema do nosso relacionamento com Caracas. Esse governo, além de ter transformado o país em uma ditadura populista e com grande probabilidade de transformar o conflito social e político em guerra civil, e, sem nos esquecermos,  com o apoio dos governos Lula e Dilma, não vai sair de lá por qualquer meio democrático. Além do mais, é preciso perguntar qual é o papel dos Estados Unidos nessa história. Maior importador de petróleo venezuelano, nada tem a receber do Maduro. Ao contrário, se eles fornecem petróleo em dia e com bons preços, tudo está perfeito. Mas, até quando o governo Trump, que conta com um executivo da indústria petroleira, que inclusive teve um enorme conflito com o governo Chávez e conhece o país, vai olhar isso com calma. E se em um momento de mau humor não diz basta, comigo ninguém brinca, e manda resolver tudo na marra, para dar exemplo de que os Estados Unidos continuam a grande potência que manda na América Latina. Governos muito mais racionais do que este invadiram Granada (ninguém mais sabe onde fica) e pegaram a laço Noriega, presidente narcotraficante, no Panamá. E ficou por isso mesmo.

Nessa história, a declaração dos chanceleres dos países de Mercosul (fundado há 25 anos no governo Itamar Franco, em Ouro Preto), Brasil, que preside o bloco agora, Argentina, Paraguai e Uruguai, suspendendo a Venezuela do bloco agora, mas deixando as portas abertas para o dialogo, é um sinal de bom senso e uma procura de uma solução pacifica. A diplomacia brasileira voltou a liderar o processo, difícil, mas único possível para uma solução que evite derramamento de sangue e traga a Venezuela de volta para a comunidade dos países democráticos. Um caminho árduo, porque Maduro, também apoiado pelos chineses que lhe dão suporte financeiro e estão adquirindo suas  reservas petrolíferas, quer ser herói nacional e entrar para a história como defensor de um regime falido que empobreceu o país e o levou para a guerra civil. E nessa historia nem falamos dos militares venezuelanos, hoje treinados pelos cubanos. Em resumo, um futuro bem complexo e ruim para nós, vizinhos daquele país.

Sunday 30 July 2017

DA VOLTA ÀS AULAS E A EDUCAÇÃO




Milhares de alunos do pré-primário à universidade voltam às aulas nesta semana. No meio deles haverá também os calouros, que estão entrando nas faculdades, e também um contingente de milhares que concluíram o curso superior no meio do ano a procurar emprego. E como a prioridade número um dos nossos dirigentes políticos em todos os níveis é a educação, não custa falar, no meio do ano, no ambiente político tão desagradável que estamos vivendo, um pouco de educação.

Alias, poderíamos iniciar esta conversa pela educação básica, que não se adquire nas escolas, mas no convívio familiar e no círculo que se vive. Sempre os idosos acharam que os bons modos das gerações mais novas  eram mal educados. E agora não é diferente. Expressões como Senhor e Senhora, que substituem o formal Vós no original da língua portuguesa, desapareceram. Hoje todos somos “ocê”, acompanhado com um Oi, sendo que o bom dia ou tarde já se foi para a estratosfera. Criou-se uma informalidade, não no linguajar, mas no comportamento, que nos coloca todos num saco só, sem distinção de idade, conhecimento, respeito ou  qualquer esforço de mantermos uma distância hierárquica muitas vezes útil  (ou não) para distinguirmos os mais experientes dos mais incautos. Todos e todas.

É uma enorme ilusão que a escola substitui o que o ambiente familiar pode dar em educação. Alias, a família é a nossa primeira unidade de negócios de que participamos. É nela que começamos a negociar, conviver com um grupo de pessoas que são diferentes da gente e com a qual crescemos e vivemos os dramas e alegrias do dia a dia. Aliás, a ministra da indústria e comércio, mineira de Ponte Nova, Dorothea Werneck, já dizia que a implementação das normas de qualidade nas empresas levava essas normas também para as casas, onde se começava a vislumbrar um comportamento coletivo familiar mais organizado nas finanças, nos projetos de vida e na mobilidade social.

Nesse capítulo vale observar que o brasileiro no exterior, não estou falando dos nossos patrícios de Governador Valadares, que emigraram para poder trabalhar e sobreviver,  é conhecido por falar alto, gritar e se exibir. Só no exterior? Provavelmente não, porque os jovens da nossa elite (veja quanto ...inhos  temos nas redondezas da nossa vida) são os que falam: sabe quem é meu pai? Sabe com que está falando? E abusam no trânsito, nas regras e nas leis.

O sistema de valores das pessoas é uma decisão de educação individual e familiar. As escolas podem ajudar, mas essa elite que domina o nosso dia a dia também foi criada, como se dizia antigamente, nas melhores escolas, mas não resolvem. Na crise que vivemos e ainda vamos viver por muito tempo, urge a procura dos valores individuais e, porque não, da nação brasileira.

E mesmo que Minas só tenha o Mar de Espanha, muitos rios e lagos, o peixe continua fedendo  pela cabeça.