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Saturday 3 October 2015

DO PRESTÍGIO EXTERNO E DA POLÍTICA INTERNA

DO PRESTÍGIO EXTERNO E  DA POLÍTICA INTERNA
É sem duvida uma maravilha andar pelo mundo, receber títulos de doutor
honoris causa, tapete vermelho, falar dos problemas que estão longe de cada
minuto da política nacional, fazer brindes, nem que seja com suco de
laranja, e insistir com a imprensa brasileira  para  deixá-lo em paz. Deixem
os problemas do Brasil no Brasil, aqui estamos tratando de política
internacional!
Daí a imprensa nacional levanta a bola, elogia como o mundo gosta do Brasil
e de como somos importantes  neste planeta e diz que a política externa
brasileira reforça a política interna. Em outras palavras, os índices de
popularidade presidencial vão subir porque fizemos um bom papel no exterior.
Me engane, que eu gosto. A política externa brasileira, que de fato afeta a
vida de cada cidadão, é totalmente dissociada do ritmo da política ou
politicagem interna. Ainda bem, porque, caso contrário, nos teríamos mais um
problema a enfrentar. A política externa brasileira está em mãos dos
diplomatas do Itamaraty que são funcionários do Estado e que seguem a
orientação da Presidência da República. Ninguém em bom estado de saúde
acredita que as ações de polícia externa vão salvar alguns casos notórios de
erros na política interna.
Toda moeda tem dois lados. Sem dúvida alguma, para ajudar a resolver os
problemas internos, em especial na área econômica e financeira, precisamos
entender bem o que acontece no mundo e participar ativamente. Sermos atores
e não coadjuvantes. Para começar, saber exatamente o que os movimentos
financeiros significam para a nossa economia. Seja as desvalorizações de
moedas, seja o crescimento  ou não dos nosso principais parceiros, seja o
fluxo de investimentos e em especial  o comércio internacional.
Mas, nada disso que afeta profundamente a nossa vida e o crescimento do
pais, interessa aos nossos políticos. Interessa só para dizer que os
cenários internacionais prejudicam o Brasil e são culpados pelas crises
internas. Nem na ultima eleição  os  temas de política externa foram sequer
citados e muito menos debatidos. Aos nosso deputados só interessa ter
passaporte vermelho para terem privilégios para fazer compras em Nova
Iorque.
Então a conclusão está clara: boas relações internacionais podem ajudar na
solução dos problemas internos, mas não os resolvem.

Thursday 24 September 2015

DA DESONESTIDADE AUTOMOBILISTICA

DA DESONESTIDADE AUTOMOBILÍSTICA
As notícias  importantes no cenário internacional para os políticos e economistas  são a visita do Papa  Francisco a Cuba e aos Estados Unidos, também a visita do Presidente da China Xi a Washington e o início  de trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde a Presidente brasileira, por tradição, é a primeira a falar. Todos esses atos e mais a crise migratória na Europa, com combates na Síria, Afeganistão e o terrorismo do Estado Islâmico, não afetam você como  o que aconteceu nos Estados Unidos com os testes de utilitários Volkswagen a diesel.
Peço perdão por escrever sobre esse  assunto, tendo o jornal como colunista um dos maiores especialistas na área, Boris Feldman. Mas, os escândalos que estão se sucedendo na indústria automobilística e cujo coroamento agora foi o desastre alemão ultrapassam os limites automobilísticos. Os defeitos da GM provocaram mortes, os carros da Fiat foram hackeados, pararam de funcionar por controle remoto com problemas eletrônicos, os da Toyota tiveram problemas na aceleração e provocaram também mortes, e a lista continua e continua, praticamente atingindo todos os fabricantes. Aplicam-se multas, pedem-se desculpas, mas o escândalo de modificação do funcionamento dos motores a diesel da VW nos Estados Unidos ultrapassou os limites. Quebrou-se a confiança em alguém que é o número um mundial e que fabrica mais de 11 milhões de veículos ao ano com seus 280 mil colaboradores.
Falharam os controles das autoridades europeias e os das americanas. Falhou qualquer aplicação de ética dentro da empresa, como nos casos anteriores . As empresas têm um discurso de ética, de sustentabilidade, e ações das mais perversas. Enquanto estamos preocupados com o sistema bancário e suas malversações, estamos diante de pergunta sem resposta: como anda o domínio dos interesses das empresas automobilísticas  contra os consumidores  e  a sociedade. Aliás, a resposta, com novas revelações de irresponsabilidades, é  assustadora.
Compramos automóveis de quem está nos enganando. Desculpe, enganaram nos Estados Unidos. Por aqui nada disso, além dos recalls que não funcionam, acontece. Porque aqui as leis, regulamentos e controles são rígidos. Os bobos estão na Europa e Estados Unidos!
Stefan SALEJ
24.9.2015.

Tuesday 22 September 2015

DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Numa segunda feira de calor infernal, mais de 300 pessoas ficaram na cidade de Passos discutindo desenvolvimento regional.  O evento ocorreu nas instalações do Parque de Exposições  da cidade, muito parecido com o de Belo  Horizonte que servia para as feiras e reuniões antes de se construir o EXPOMINAS. O evento, muito bem organizado, prestigiado por deputados, vários prefeitos da região do Oeste de Minas, que  compreende 39 municípios, foi organizado pelo jornal local, Folha de Manhã. Esta é parte a surpreendente do evento: depois de dois fóruns organizados pelo governo do estado, é uma entidade de comunicação, com apoio de entidades empresariais, que organiza o debate.

Mas, quais são as lições que ficaram do fórum. Ou melhor, quais serão as ações que ficarão após o fórum. A primeira lição seria que as pessoas querem debater o desenvolvimento. A conjuntura política e econômica está obrigando as pessoas e, consequentemente, as entidades públicas e privadas,  a repensar a sua sobrevivência, a sua existência e o seu futuro. As pessoas querem contribuir, participar e trabalhar para que haja mudança.

O segundo ponto é a distância  que está formada entre os centros do poder político, seja Brasília ou Belo Horizonte, e a realidade que cerca cidades e  municípios. Assim,  a Escola do Governo de Minas, que forma quadros excelentes e regiamente mais bem pagos do que outros funcionários de carreira do estado, só fornece seus formandos para a Cidade Administrativa na Capital. Só 5 % deles que vão para interior. Outro exemplo: inúmeros prefeitos nem sabem que o INDI, que está  encarregado de trazer investimentos para o estado, existe ou sequer o que ele faz ou pode fazer.

Não no final da lista, existe de uma lado enorme vontade de desenvolver, e de outro lado desconhecimento, como desenvolver. É  impressionante isso em um estado em que, na sua Faculdade de Ciências Econômicas da 4ª melhor universidade do país, a UFMG, fundou-se o Centro de Desenvolvimento Regional que, pelo jeito, deu oportunidade aos seus integrantes para galgarem posições ministeriais e até de governador do estado, ou seja uma escola de carreira política, mas na realidade não mudou a subdesenvolvida Minas.
O fórum de Passos, que se junta a outras iniciativas, como a de Varginha e o projeto de líderes do SEBRAE - Minas mostra  claramente que quem quer se desenvolver tem que começar a trabalhar no seu próprio município. O caminho começa lá e não em Brasília ou Belo Horizonte.

Friday 18 September 2015

DOS NOSSOS VIZINHO MUITO QUERIDOS

DOS NOSSOS VIZINHOS QUERIDOS

O Brasil é um país feliz, pelo menos no que se refere aos seus vizinhos. Imagine nesta crise migratória européia, quando centenas de milhares de refugiados estão invadindo a Europa, um país vizinho, como a Hungria, que faz parte da União Européia, fechar as suas fronteiras, bater nos imigrantes, e deixá-los na sua porta. A pergunta é: fizeram a União Européia e agora nessa situação é cada um por si e dane-se o vizinho? É quase isso. DOS NOSSOS VIZINHOS QUERIDOS, sendo que a vizinhança na área política é sempre um problema.

Quanto à união de países, nos somos sócios de várias delas, sendo que a  MERCOSUL em nada tem nos ajudado a prosperar. O Brasil toma muitas das decisões de política externa para fortalecer o MERCOSUL, enquanto os demais sócios, notadamente a Argentina e mais recentemente a Venezuela, tomam todas as posições para enfraquecer a aliança e, com isso, o Brasil. Especificamente, a Venezuela tornou-se um passivo não só dentro do MERCOSUL, mas também nas nossas relações externas, de tal tamanho e forma que é sentar e esperar que a situação se resolva. A última do governo de Caracas, que conversa com passarinho para saber o que vai acontecer, é a condenação de Leopoldo Lopes, líder da oposição, a 14 anos de prisão. Um julgamento que qualquer ditadura militar do passado latino-americano teria orgulho de fazer, de tão anti-democrático, ilegal e tendencioso que foi. E no Brasil, onde se protesta de tudo contra todos, nada se fala, nada se diz, nem no governo e nem no Congresso. E sabe porquê? Para não melindrar o governo caraquenho, porque podem reagir mal e não pagar o que nos devem. E olha que devem algo como 30 bilhões de dólares, e realmente, se não pagarem, muitas empresas, como a Andrade Gutierrez e outras  da mesma classe, vão entrar em colapso.

Trocar a coerência de princípios éticos e morais na política externa não é nenhuma novidade na história. Mas, tem que se estabelecer critérios e limites, caso se deseje estar entre os países líderes do mundo. Onde os interesses econômicos prevalecem sobre os direitos humanos e outros interesses estratégicos?  E o que defender no palco internacional, além do  seu próprio bolso? Acho que  isso não está muito claro para a sociedade brasileira, da qual uma parte está mais preocupada em se resguardar da  volatilidade da política econômica do que de pensar que com coerência de princípios pode ter até  mais ganhos do que com a sua falta. Seja no plano interno ou externo.

Thursday 10 September 2015

DO GUARDA-CHUVA NO DIA DE SOL

DO GUARDA-CHUVA NO DIA DE SOL

Existia um antigo provérbio, pouco lembrado hoje em dia, que dizia que o banco só dá guarda-chuva no dia de sol. No dia de chuva de granizo e trovoadas, você esta sozinho. Sozinho está o município onde você mora, e sozinho está você ou no seu emprego ou na sua empresa.  Em resumo, a pergunta "com quem  se pode  contar nos  dias de granizo" tem muitas discussões e uma só resposta.

No nível do município e das regiões, está  cada vez mais comprovado que os que fizeram  um plano de desenvolvimento com início, meio e fim, consensual, tiveram sucesso e se saíram melhor. Ou seja, os prefeitos são líderes políticos naturais que devem, para o bem da comunidade que representam, fazer para o município que lideram seu planos de desenvolvimento. As promessas eleitorais e conjunturas políticas podem se enquadrar  perfeitamente dentro desses planos. Mas, os planos não devem ter centenas de páginas de economês ou língua dos planificadores urbanos que, de um lado ninguém entende, e de outro lado não querem dizer nada a ninguém. São planos para para encher linguiça intragável e enganar os eleitores e habitantes do município.

Planos têm que ser simples, com objetivos claros e têm que ser compreendidos por todos para serem aplicados. Têm que ter sonho e visão do município, e têm que congregar a todos. Seus instrumentos de gestão, como o orçamento municipal, não podem ser algo que só atende à legislação e eventualmente aos legisladores locais, mas devem atender à população como um todo. E  com os resultados anunciados, têm que ter resultados medidos. Um planejamento desses não é simples, mas também não é tão complexo que não possa ser feito. E os municípios que o fizeram, e existem no Brasil, melhoraram em muito o nível da vida dos seus cidadãos.

O fato é que a chuva de granizo, caindo quase todo dia com a crise política e econômica, requer mudança de paradigma da gestão das empresas e dos gestores públicos. Quem se antecipou a isso, não será sobrevivente, mas sim o vencedor.

Agora, você decide a que classe pertence você, sua empresa, seu município. E o que depende de você. Só de você, porque os guardas chuvas acabaram.

DA ZONA DE REBAIXAMENTO

DA ZONA DE REBAIXAMENTO

Precisando de uma boa notícia na área econômica internacional, o rebaixamento  para zona de valor não confiável, ou  junk, da economia brasileira, feita pela agência de avaliação de risco S&P, caiu feito luva para o Ministro da Fazenda brasileiro. A avaliação, que foi feia, põe o dedo na ferida e diz tudo o que precisava ser dito para que os políticos, e em especial o Congresso, tomem jeito e votem o ajuste fiscal como proposto pelo governo.

E como toda moeda tem dois lado, esse é um lado. O outro é  que a mídia nacional só faltou repetir a americana CNN quando anuncia com fanfarra o início de algum ataque norte-americano pelo mundo. Brasil rebaixado! Que vergonha. Estamos em companhia da Hungria, membro da União Europeia, Rússia e Indonésia, aquela que tem pena de morte para os narcotraficantes. Não é que a imprensa do mundo inteiro tenha deixado de noticiar o fato. Muito pelo contrário, todos noticiaram e analisaram. E como diria Dada Peito de Aço, vem mais chumbo por aí.
As  outras duas agências, Fitch e Moody, também vão fazer as suas  avaliações. E não devem ser muito diferentes da que foi feita pela Standard and Poor. E daí vêm avaliações de governos estaduais e municipais, das empresas, bancos  e provavelmente todos vamos para a zona de rebaixamento.

Mas vale a pena lembrar que nada disso é novo e qualquer analista sério já esperava esse rebaixamento. As agências, que são empresas privadas porém independentes, já foram condenadas nos Estados Unidos e muito criticadas pelo mundo afora, pelas suas avaliações erradas e tendenciosas. Pode não ser esse o caso do Brasil, mas o fato é que uma avaliação dessas agências mexe muito com o mercado, aumenta os juros nos empréstimos e todas as outras operações do Brasil no exterior. O Brasil, por essas análises, torna-se um risco que, mesmo tendo uma reserva cambial de 376 bilhões de dólares, e que representa dez vezes o endividamento externo, continua indesejável para os investidores. Em resumo o rebaixamento não é coisa boa e a esperança é que pare por aí e o país resolva seus problemas e volte a crescer.

Para o povo que suando ganha seu dinheirinho, isso quer dizer eventual aumento de custos,  dificuldades ainda para arranjar emprego e a eterna lembrança  de um ano atrás de perder para  a Alemanha de 7:1.Isso sim que foi rebaixamento que todo mundo entende. Qualquer semelhança entre os dois é mera coincidência.

Friday 4 September 2015

DA CRISE TUPINIQUIM MUNDIAL

DA CRISE TUPINIQUIM MUNDIAL

Um hábito absolutamente comum pelo mundo afora, e em especial em países emergentes, é achar o culpado fora das suas fronteiras, para a sua inépcia gerencial das contas públicas e dos negócios do estado. Há casos clássicos, como a inimizade do regime chavista versus os Estados Unidos, seu maior cliente de petróleo. Ou até, mais recentemente, de Cuba, também contra os Estados Unidos. Aliás, o imperialismo norte-americano é o preferido no mundo inteiro para ser culpado, o que não quer dizer que não tenha culpa nenhuma pelas mazelas do mundo. E, nesse rol de culpados, entram às vezes grupos religiosos, étnicos ou econômicos que atrapalham as economias e os governos. Nesse capítulo, os preferidos são os bancos.

A situação mundial está nestes tempos de fato destruindo a economia brasileira? A resposta não é linear. O Brasil, como oitava economia do mundo, está obviamente inserido nos fluxos comerciais, financeiros, econômicos  e nas variáveis políticas globais. Não há como dizer que o Brasil está fora do que acontece no mundo. Muito pelo contrário, o Brasil é um ator político e econômico importante no cenário internacional. Pode não ser o decisivo, mas é sem dúvida alguma importante. E no contexto das situações que o mundo vive, como conflitos armados na Ucrânia, Oriente Médio, Estado Islâmico, Afeganistão, Iraque, conflitos nos países  africanos, escaramuças entre China e Japão, e outros, a pergunta é: quanto eles afetam o Brasil? Ou a crise humanitária que hoje vivem a Europa e os países africanos?

Essas situações influenciam, mas não são decisivas no desempenho do estado brasileiro. As situações que mais nos afetam são as da nossa vizinhança, como a Argentina e a Venezuela, que deve muito ao Brasil e não se sabe como vai pagar, a inadimplência dos países africanos e suas políticas, como a sucessão presidencial em Angola, onde as empresas brasileiras privilegiadas sempre jogam as conta (aliás parece ser o caso de muitos países na América Latina) para Tesouro Nacional. Ou seja, o intercâmbio comercial é que nos afeta.

A valorização do dólar e a queda dos preços das matérias primas e produtos agrícolas são de fato uma desgraça para a nossa economia. Mas, todos os estudos mostram que eles afetam menos a economia nacional do que fatores internos.

Pode ser interessante para governantes jogarem toda a culpa nos gringos pelas nossas mazelas, mas a sua verdadeira raiz não está só fora , está dentro do país. Vale a pena conferir.