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Friday 27 June 2014

DAS COPAS E O MUNDO PERTURBADO

Das Copas e o mundo perturbado Olhando o mapa do mundo nos dias de hoje, há sem dúvida dois focos preocupantes e que saltam à vista: Oriente Médio e Ucrânia. No conflito do Oriente Médio, que se espalha entre a Líbia, Síria e novamente o Iraque, sem falar no "ajuste" egípcio, com condenação à morte de militantes da Irmandade Muçulmana e a condenação de três jornalistas da rede Al Jazeera à prisão, a situação é grave e pouco percebida no Brasil como uma mudança do mapa geo-político da região. E os acontecimentos no vizinho da Rússia, Ucrânia, também mexem com o mapa. O conflito não acalma e, após a tomada da Crimeia pela Rússia, os combates continuam e não há previsão de término, apesar de muitas declarações ao contrário. Os Estados Unidos segundo, a sua própria imprensa, foram surpreendidos com o surgimento da rebelião dos xiitas no Iraque. Como, após 11 anos de total domínio do país, quando derrubaram Sadam Hussein, podem estar surpreendidos ? Simples: saíram do Iraque, desmontaram todo o sistema de inteligência (que era de total controle de todas as atividades e comunicações), encaixotaram tudo e colocaram no depósito. O Iraque já era, vamos esquecer a aventura e nos dedicar a outros pontos de atrito. E mais: entregaram o governo a amigos que não eram bem amigos de todos no Iraque. Aí, nas barbas deles surgiram, bem organizados, altamente sofisticados e alimentados por princípios religiosos, grupos rebeldes sunitas que dividiram o pais, refizeram fronteiras e mudaram o mapa do Oriente Médio desenhado pelos franceses e britânicos. Uma nova realidade. Um mundo novo. E soa como piada, porque os serviços de inteligência americanos, que consomem mais de cem bilhões de reais por ano, não identificaram o que está acontecendo. Porque os rebeldes não usam meios eletrônicos de comunicação. Usam bode-correio que as sofisticadas tecnologias não detectam! E há conflito entre a Rússia e a Ucrânia, onde os americanos também estão perdendo o jogo. Mas, o jogo é interessante porque é nessas duas regiões que teremos as próximas Copas. Na Rússia em 2018 e no Qatar em 2022. Da Copa na Rússia, fora da eliminação vexaminosa do país, pouco se fala. Mas, sem dúvida, quando terminar a Copa no Brasil, as baterias serão viradas para lá. Mas do Qatar já se fala muito, em especial sobre a corrupção e condições de semi-escravidão dos trabalhadores. O Qatar, um país de dois milhões de habitantes, com a renda mais alta do mundo, vai organizar tecnicamente bem o evento. Mas o país é hoje também centro do conservadorismo islâmico e o maior apoiador do terrorismo na região. É lá que é a sede da ala radical palestina Hamas, que recentemente seqüestrou três jovens em Israel. É de lá que vem o apoio à guerra na Síria, na Líbia, na África do Norte, à Irmandade Muçulmana. Bem, 2022 está longe e até lá muita coisa pode mudar, mas o que não está mudando lamentavelmente é essa guerra santa que os radicais islâmicos estão conduzindo contra o resto do mundo. E o Mundial lá vai ser bem interessante! com saudade do Brasil, apesar de todas as críticas! Stefan B.Salej 27.6.2014.

Monday 23 June 2014

DA ARGENTINA FORA DO CAMPO

Da Argentina fora do campo e da Colômbia goleando

A analogia com o futebol, no final de contas Belo Horizonte conviveu bem neste início da Copa com os colombianos e os argentinos, na política e na economia, tem tudo a ver. No meio de um conflito no Iraque que está refazendo o mapa do Oriente Médio, a Colômbia promove o segundo turno das eleições presidências e, com certa tranqüilidade, reelege o atual Presidente Santos, com a promessa de conseguir após 50 anos de conflito sangrento uma paz com a guerrilha traficante pseudo marxista FARC. No gramado, liderada por um técnico argentino, aliás único técnico judeu da Copa, a Colômbia também não faz feio.

A Argentina, por outro lado está, no campo financeiro, prisioneira de sua história populista de políticas econômicas irresponsáveis. Neste momento, foi condenada pela justiça dos Estados Unidos a pagar 1.5 bilhão de dólares a um fundo de investimentos. A história é longa e começa há nove anos, quando o país vizinho declarou default, ou seja incapacidade de pagar a sua dívida externa. Com a renegociação posterior e a ameaça aos investidores de que é melhor negociar do que não receber nada, 92 % dos credores concordaram com as condições draconianas de reduzir o valor. E estão recebendo em dia esses valores. Mas alguns entraram na justiça para receber o valor pleno dos títulos. E ganharam.

Acontece que os argentinos não tem dinheiro suficiente para pagar aos fundos e mais os credores com os quais negociaram. Suas reservas minguaram com o pagamento dos credores do Clube de Paris, que representam os países, e o pagamento da nacionalização da petrolífera espanhola. E as exportações tem decrescido. Ou seja, independentemente da gritaria, não há dinheiro para pagar. A reação do governo argentino, através do discurso da sua Presidente foi, como sempre, emocional. Xingar banqueiro e juiz norte-americano nunca deu certo. Tanto assim que o juiz nova-iorquino declarou, em seguida, que o discurso só confirmou que Argentina não leva a sério as decisões da justiça.

Tudo isso é trágico para Brasil, que tem boa parte de exportações destinadas ao nosso maior parceiro do Mercosul. As duas economias estão entrelaçadas e dependentes de uma forma tal que um episódio dessa natureza derruba a economia brasileira. Na semana passada, foi feito um acordo sobre comércio e produção bilateral dos automóveis. O governo brasileiro anunciou que vai dar garantia de crédito para os exportadores nacionais nos negócios com a Argentina. Nós temos investimentos pesados naquele país, que já estão sofrendo com a crise cambial, a qual agora só pode se agravar.

Nesta hora, o nacionalismo exacerbado dos argentinos, que é igual na política ou no futebol, tem que dar espaço à racionalidade. Lamentavelmente, a atitude argentina pode contaminar o mundo  financeiro e nós, especialmente. E onde está Fundo Monetário internacional, FMI, que emprestou muitos bilhões a Ucrânia e não consegue ver onde fica Buenos Aires? Quem sabe o Messi ajuda!


Stefan B. Salej
19.6.2014.


Thursday 19 June 2014

Do choro e visão curta

Definitivamente, é mais agradável culpar  todas as esferas dos governos por tudo o que acontece na empresa do que inverter a situação e sair vitorioso. Não é que não exista um certo caos fiscal no país e que as ações governamentais não mereçam críticas justificadas. A realidade é que mesmo uma ação empresarial bem coordenada para melhorar a ação governamental tem levado a resultados pífios. E mais: o quadro político lembra as palavras do sábio Ulisses Guimarães na narrativa do ex-senador Ronan Tito, que comentou sobre a qualidade do Congresso na época  e a resposta foi : espere para ver o próximo.

Impressionante é que uma boa parte dos empresários não vê nessa crise uma oportunidade para crescer. Quando se pergunta a eles quantos, em especial pequenos e médios, conhecem o Piauí, descobre-se que muitos deles já foram fazer compras em Miami, mas não conhecem as oportunidades dos mercados nem em Minas e nem no próprio Brasil. Em resumo, chorar e criticar se faz com alegria, mas procurar mercados na esquina, não.Um outro aspecto é de cooperação entre pequenas empresas. Não é só as grandes que tem que juntar esforços, mas também as pequenas. É impressionante como preferem a concorrência letal entre si em vez cooperação.

Nos municípios onde prevalecem grandes empresas, os prefeitos preferem a arrecadação aos planos de desenvolvimento conjunto. Na área de mineração, inclusive com novas mineradoras vindo para Minas, é incrível como elas trazem tudo em vez de desenvolver a classe empresarial mineira. Aliás, este questionamento também vale para as grandes estatais de Minas, que preferem só o lucro em vez de de multiplicarem esse lucro com parcerias com empresas locais. E quando vem o investimento trazido com incentivos do Estado pelo INDI ou BDMG, há pouca preocupação como efeito multiplicador.

Enquanto outros estados da federação procuram mercados no exterior, o aproveitamento das facilidades que oferece a agencia estadual de promoção de exportações,  ExportaMinas, pelos empresários, é pífia. E dos serviços que oferece Itamaraty, com sua rede de apoio ao exportador, ainda menor. E da APEX, que tem muitos recursos, ainda abaixo do nível desejado. Na crise ou não, as empresas, para se desenvolverem a logo prazo, terão que estar presentes no exterior. Assim ficam mais fortes e competitivas. O mercado é o mundo onde Brasil e sua indústria são apreciados por qualidade e seriedade. Veja o caso das cachaça mineira. Por onde for, tem a nossa cachaça.

Também  é impressionante como o empresário aproveita pouco as vantagens que  os governos oferecem. É  verdade que o governo toma muito, mas também se pode receber mais do governo se se procurar. Há um variedade de benefícios enorme mal aproveitados!

Basta de reclamação e choro! Mudemos de visão e de estratégia, da defesa ao ataque !

Stefan  B. Salej
5. de junho 2014.


Dos dois mundos

A posse de novo Primeiro ministro da Índia, verdadeira oposição à dinastia Nehru-Gandhi que, através do Partido do Congresso, dominou por décadas a política do nosso sócio no grupo BRICS, foi só um dos acontecimentos internacionais dignos de nota. A Ucrânia revoltada elegeu o Rei do Chocolate novo Presidente, na esperança vã de que isso vai acalmar os ânimos e colocar o país na rota da paz e do crescimento. E a primavera árabe decantada em prosa e verso pelo mundo ocidental, conseguiu eleger um general que já fez acordo com os russos para fornecimento de armas, de nome Sissi, Presidente do Egito. E a roda de eleições não parou: na vizinha Colômbia haverá segundo turno entre o atual Presidente Santos e seu opositor. E tudo isso, na sombra da guerrilha esquerdo-narco-traficante FARC, com a qual Santos quer fazer acordo de paz!

Não se pode negar importância a esses eventos e mais à tranqüilidade com o qual o mundo democrático recebeu a notícia do golpe militar na Tailândia. Mas, são dois outros acontecimentos que afetam diretamente o Brasil: o resultado das eleições para o Parlamento europeu e o pronunciamento do Presidente dos  Estados Unidos na centenária Academia Militar de West Point sobre política externa do seu governo.

A extrema direita, aquela que é em geral contra a União Européia, contra os imigrantes e mais outros contras, ganhou 20 % das cadeiras no Parlamento Europeu. Realmente, não tem a maioria, mas remexeu com políticas nacionais em vários países europeus notadamente na França e no Reino Unido. A briga para a escolha de novos dirigentes da União Européia, onde o  Parlamento quer escolher e os chefes dos governos não deixam, é só um dos problemas neste cenário. O maior problema é que os governos no poder, com raras exceções, como o da Itália,  onde o jovem primeiro ministro Renzi foi consagrado nas urnas com seus candidatos, foram vigorosamente derrotados. A direita radical teve mais votos do que em qualquer eleição até agora na Europa e de uma forma horizontal. O recado das urnas é que o cidadão europeu quer uma UE diferente mas também quer seu país diferente.

Do outro lado do oceano Atlântico, o Presidente Obama declarou com todas as letras que  os Estados Unidos querem ser o país líder do mundo e que suas forças armadas podem intervir de forma não permanente onde essa liderança econômica e política for contestada, de forma a prejudicar os interesses norte-americanos. E que os últimos soldados aliados sairão do Afeganistão em 2016. Portanto, são número um, país líder do mundo livre e, no caso considerado, do outro mundo, também.

Os dois blocos são nossos parceiros fundamentais tanto nas relações econômicas como políticas. A nossa aliança no bloco BRICS, que se reunirá em Fortaleza após a Copa, não substitui ainda a relação com esses blocos. É bom prestar muita atenção ao que está acontecendo por lá, para não ficarmos ainda mais à margem do mundo.

Stefan B. Salej
30 de maio de 2014.  

 
Dos negócios e  da política externa

Nos últimos movimentos no xadrez mundial, vale a pena lembrar o legendário mestre internacional em xadrez, o russo Boris Spasky, cujo conterrâneo Putin fez uma jogada digna de um jogador de xadrez de classe mundial. O jogo simultâneo que se joga nesse tabuleiro, com vários tabuleiros e jogadores no campo, mas às vezes jogando todos com um só jogador, é para jogadores talentosos, frios, profissionais. Enquanto os peões da Ucrânia eram jogados contra a rainha russa que os eliminava do jogo, o rei do tabuleiro russo jogava outro jogo: com a China, onde aceitava empatar, mas ganhando os dois.

O contrato de fornecimento de gás russo para a República Popular da China, no valor de um trilhão de reais, por 30 anos, tem outros valores mais significativos do que o valor monetário. As duas maiores potências dos BRICS, grupo de países ao qual pertence o Brasil, se unem num projeto de desenvolvimento que mudará a economia e a política mundiais. Em primeiro lugar, a Federação Russa deu preferência à sua política asiática. Em segundo, o fornecimento de gás fortalece a China, oferecendo uma base energética forte para o seu desenvolvimento. Em terceiro lugar, enfraquece a relação russa com a Europa e inclusive pode, no futuro, reduzir o fornecimento de gás. E talvez não o último item,  que ninguém sabe se existe, é como os dois países, vizinhos, vão juntar tecnologias no campo militar e civil.

A União Européia, que está realizando eleições parlamentares nesta semana, ficou, devido à sua política expansionista para Leste Europeu, sem a Ucrânia e sem a Rússia. E o acordo comercial que está promovendo com os  Estados Unidos deixa-a numa posição defensiva, no momento em que a economia norte-americana está em expansão e a eurpéia ainda ensaia tímidos passos de saída da sua maior crise.

E esse jogo do lado europeu tem outros lances. O nome é patriotismo econômico, ou seja, quando uma empresa norte-americana quer comprar uma empresa Européia, há gritaria. Os casos mais gritantes são a intenção da compra pelo centenário conglomerado industrial norte-americano, General Electric, da empresa francesa (neste momento mal afamada no Brasil)  Alstom. Nada feito porque entrou no jogo a alemã Siemens ( também com escândalos no Brasil) e vai ser muito difícil que os americanos fiquem com a empresa francesa. O mesmo está acontecendo no setor farmacêutico, onde os americanos não conseguem comprar a britânica Astra Zeneca, por um valor de 300 bilhões de reais que, comparado com o orçamento do Estado de Minas, é algumas vezes maior.

Mas, os chineses compraram parte da Citroen e o maior distribuidor de alimentos, imagine onde, em Israel. O provérbio chinês, onde brigam dois, o lucro é de terceiro, está funcionando bem para eles. E nos continuamos na periferia das decisões, à mercê das jogadas dos especuladores financeiros, que ganham com as pesquisas eleitorais. Imoral?É, mas esta é a regra do jogo.

Stefan B. Salej
23.5.2014.
Das eleições e do patriotismo  europeu

Depois que as urnas fecharam na Índia, a maior democracia do mundo, com mais de 500 milhões de eleitores, e a oposição ganhou as eleições, após 67 anos, na semana vindoura estarão abertas as urnas para a escolha dos membros do Parlamento dos 28 países da União Européia. Os eleitores europeus, devem ser aproximadamente 300 milhões, vão às urnas de forma voluntária. Isso em português claro quer dizer, vai quem quer e vota quem quer. E os eleitores vão se estiverem motivados ou pelo mau tempo, quando o tempo é bom poucos perdem oportunidade de passear, no lugar do votar, e as motivações são poucas. São vinte e cinco milhões de desempregados e, mesmo com reações positivas  da economia européia, a maioria dos europeus culpa seus políticos atuais pela crise econômica que quase acabou com União Europeia e a sua moeda, o Euro.

O fato é que o cidadão comum viu poucos benefícios nessa união de países europeus na sua vida. Se fugiram de um conflito armado, o que, para o velho continente, não é pouca coisa, os políticos europeus conseguiram produzir uma das maiores crises econômicas que o continente já viu. E os deputados europeus fazem, junto com os burocratas da Comissão Europeia, o executivo da União Europeia, parte integrante dessa  incompetência e falta da utilidade para o cidadão comum. Há uma tendência clara nas eleições a  votar nos candidatos que se opõem à União Europeia e que são na maioria oriundos dos partidos de direita. E nessas eleições ainda há um elemento novo: as três facções políticas, a esquerda, centro e direita, estão desde já apresentando seus candidatos à Presidência da Comissão, hoje exercida pelo prepotente e inoperante português Barroso, em parceria com o belga Van Rumpay.

O fato é que  essas eleições, independentemente do resultado, não estão servindo para uma análise mais profunda da crise que o continente está passando e suas possíveis soluções. Claro que elas vão servir para medir o clima eleitoral em cada país, mas não vão alterar em nada o funcionamento da União Europeia. E nem do Parlamento, que funciona hoje em dois lugares distintos, Bruxelas na Bélgica e Estrasburgo na França, a um custo elevadíssimo. A  constituição Européia dá enormes poderes à burocracia, que também é cara, não tem legitimidade democrática e tem poderes acima do que o cidadão pode aceitar a longo prazo. E  não é só a economia que é o calcanhar de Aquiles dessa aglomeração de europeus, a política também. Veja o que fizeram na Ucrânia, onde cutucaram, com um acordo pretensioso, a onça com vara curta.

Agora é melhor esperar a nova equipe em Bruxelas, antes de correr para fechar o acordo entre o Mercosul e a UE. Deixa as urnas falarem, já que os burocratas falam  demais.

Stefan B. Salej
16.5.2014.


Das eleições na África do Sul

As eleições gerais no S (África do Sul) dos BRICS, no meio da semana que passou, apesar de tranqüilas, são mais importantes do que parecem. As notícias da Ucrânia, e o seqüestro de 200 meninas na Nigéria, que na mesma semana hospedava a edição africana de Fórum  Econômico Mundial, com a presença do ex-presidente Lula, ofuscaram na imprensa mundial a eleição sul-africana. Foi a quinta eleição após o término do período de segregação racial, apartheid, na qual votaram primeira vez, dentro do total de 25 milhões de eleitores, os que nasceram livres após 1994. Ou seja, os que nasceram no mesmo país em que seus pais, mas sem serem segregados por causa da cor da pele, raça ou religião. Algo difícil de ser entendido pelo brasileiro, que passou essa fase da história há mais de cem anos. Mas, essa é a realidade daquele país no continente africano.

O resultado da eleição, na qual se escolhem deputados federais e estaduais, que em seguida elegerão o Presidente da República e os Primeiros-Ministros dos Estados, equivalentes a nossos Governadores, foram surpreendentes, porque toda eleição tem surpresas. O Congresso Nacional Africano, que foi fundado há cem anos e é símbolo da luta contra a segregação, ganhou, com seu presidente, Jacob Zuma, a quinta eleição. Perdeu alguns assentos no Parlamento, que tem sede na Cidade de Cabo, sendo que a sede do governo é em Pretória, mas ainda tem, com mais de 60 % dos votos folgada maioria para reeleger Zuma e formar o governo.

A oposição ganhou de novo o governo do Estado do Cabo Ocidental, cuja capital é a Cidade do Cabo, e recebeu significativos votos a mais do que na última eleição. A combativa líder da Aliança Democrática, Helena Zille continua sendo a principal figura de oposição. Mas, enquanto os pequenos partidos perderam votos, entre eles a surpreendente derrota total da legendária combatente contra o apartheid, Mamphela Ramphele,  com seu partido Agang, quem ganhou 20 assentos no Parlamento foi o recém criado partido de liberdades econômicas do combativo Julius Malena, ex-presidente da seção da juventude do Congresso Nacional Africano. Este sim vai dar trabalho ao Zuma e seu governo. Eles serão a verdadeira oposição populista,  que pode mudar o cenário político sul-africano a longo prazo.

Na verdade, pouco vai mudar com o segundo mandato de Zuma, mas já começa a luta para o período pós-Zuma. Os líderes que combateram contra a ditadura racial estão desaparecendo e as novas lideranças têm novos liderados, com demandas diferentes. E este governo ficará na história não só pela consolidação da democracia política, nem pelo seus sucesso econômico, mas principalmente se souber como integrar 25 % da população, que continua desempregada, ao mercado de trabalho. A África do Sul é o bastião da democracia e paz em um continente sempre em ebulição. Portanto, é fundamental para o mundo que assim continue.

Stefan B. Salej
9.5.2014.