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Monday 26 November 2018

DE MINAS UNIDA ou MINAS.....


DE MINAS UNIDA ou MINAS.....

Com a eleição inédita de um governador do Estado de Minas com mais de 70 % dos votos populares, estamos vivendo uma situação inesperada e ao mesmo tempo auspiciosa e perigosa.

Simples, o Estado tem agora um líder, um maestro ungido nas urnas, que tem imenso apoio popular e a responsabilidade também excepcional de cumprir aquilo para o que foi eleito. E a essa realidade, a classe política de Minas, sempre mais preocupada ou com o regionalismo microcósmico ou com interesses próprios, mais do que com os do estado, deve simplesmente se submeter, porque isso é do seu melhor interesse. 

A calamitosa situação de Minas, com dívida de 90 bilhões de reais e déficit corrente no orçamento de 5.9 bilhões de reais, foi brutalmente condenada, junto com os que ajudaram a chegar a essa situação, nas urnas. E agora, para sairmos dela, ou vamos quebrar aquela máxima do nosso querido escritor Otto Lara de Rezende, de que mineiro só é solidário no câncer (e olha lá), ou vamos retroceder em termos econômicos e sociais 50 anos. 

O novo governo não tem maioria de deputados estaduais, não tem maioria de deputados federais. Mas, tem maioria de votos da população e um objetivo crítico a realizar: colocar Minas em ordem para ter ordem.

Então, só com a união de todas, absolutamente todas as forças nesse tsunami de desgraça que está nos matando, e que, na falta de pagamento do salários do funcionalismo e transferências para as prefeituras tem a sua cara mais visível, pode-se sair da crise. Se os políticos, inclusive do atual governo, não entenderem isso e continuarem como estão fazendo durante a transição, com uma oposição irresponsável, é que porque lhes interessa mais a guarita da sua ideologia  do que os interesses de Minas. Hoje os erros do passado não devem servir para construir uma acusação, mas uma construção de soluções e lições que nos ajudem a sair da crise.

Essa adesão à vontade popular de mudança deve valer também para os empresários, incluindo os fazendeiros. Não é hora de reivindicações, reclamações e pedidos de benefícios, é hora de colaboração, cooperação, projetos conjuntos.

O mesmo vale para os sindicatos e agremiações dos trabalhadores. Que a corda está arrebentando do lado mais fraco, não há dúvida. E que se pode ficar sem corda e cair no precipito se não reforçar a corda, também é verdade. Preocupações críticas com a calça jeans do novo governador e sua maneira de ser são mesquinhas, idiotas e demonstram que seus críticos insistem em não enxergar a essência dos problemas .

Os intelectuais, universidades e também fornecedores do estado, alguns por ele  generosamente compensados nas concessões e negócios, em especial na área de construção,  terão que rever seu modo de agir porque, se não tem para a maioria, não pode ter para a minoria.

Não no final, sobrou se devemos ter ou não nesse processo de recuperação, de reviver de Minas, ajuda de fora. Toda ajuda para reverter o processo é bem vinda. Tem que primeiro sim aproveitar os valores que existem no estado, mas os de fora podem trazer visão mais ampla, sem arrestas e com novas perspectivas.

Maestro nos temos. Agora falta a partitura, um plano consensual  que possa resolver a crise e iniciar a fase de mais emprego, desenvolvimento social e econômico sustentável e respeitando as melhores tradições mineiras.

Wednesday 21 November 2018

DO ORIENTE MÉDIO


DO ORIENTE MÉDIO 

O Brasil é provavelmente o país fora da Europa com maior população de origem dos países do Oriente Médio no mundo. Em especial,  população de origem árabe. Temos um Líbano inteiro aqui e o atual presidente do país é filho dos pais libaneses e primeira geração de sua família nascida no Brasil.  A Síria tem em Belo Horizonte um dos mais antigos consulados  honorários, sempre dirigido pela lendária  família Cadar. Em São Paulo tem uma belíssima Catedral ortodoxa síria. Ministros, governadores e em especial empresários, como Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, são de origem árabe. A Câmara do comercio árabe brasileira é sem dúvida das mais ativas promotoras do comércio entre esse bloco de 33 países e o Brasil.

Este ano a comunidade judaica está celebrando 70 anos da fundação da Confederação Israelita Brasileira, a CONIB, aliás a ser celebrada com palestra do filosofo francês judeu Bernard-Henry Levy. Bem ao estilo do povo do livro. No Brasil há mais de 100 mil judeus  espalhados pelos quatro cantos e que tiveram papel fundamental no desenvolvimento não só da Amazônia, mas da indústria, educação e serviços no Brasil. Lendário presidente da Federação do Comércio de São Paulo é Abrão Sczaiman cujos trabalhos no SESC são marca cultural brasileira.

Essas comunidades dão uma contribuição, como também outras, fundamental para  o crescimento do país . Veja os dois principais hospitais de São Paulo: Einstein e Sírio Libanês. Um da comunidade judaica, outro da comunidade árabe. E todos convivem como primos, brigando e brincando, mas todos brasileiros.

Os problemas que o Oriente Médio enfrenta, guerras de facções, pelo poder, disputas de grandes potências, guerra pelo petróleo e tantos outros conflitos, estão longe, a não ser quando afetam famílias e negócios. O assassinato de um jornalista saudita em Istambul é para nós um filme de horror visto ao vivo. A briga do Irã com os Estados Unidos, apesar de haver importante presença de iranianos em Minas, é briga deles, que impede de vendamos mais para o Irã. Os massacres no Iêmen, só na CNN, para quem assiste. 

A lendária presença da Mendes Jr. no Iraque e Mauritânia já foi esquecida. O sucesso da Andrade Gutierrez na Líbia acabou fazendo parte da decadência da construtora, como do próprio país.

A recente batalha entre Israel e facção belicista dos palestinos em Gaza, Hamas, que  quase virou guerra, foi posta do lado pelas repetidas declarações do novo governo de que a capital de Israel é Jerusalém e não Tel Aviv. E a ameaça dos países árabes de que vão deixar de comprar nossa carne, o Brasil é o maior produtor mundial de carne com corte exigida pelas leis islâmicas, Halal, quase se realiza, com o cancelamento de visita do Chanceler brasileiro ao Cairo.

Estamos longe dos conflitos, mas foi o Chanceler brasileiro Oswaldo Aranha que presidiu em 1948 a Assembleia Geral da ONU que declarou a fundação do Estado de Israel. Nem tão longe estamos que nada nos interessa, como uma guerra  sem fim e com consequências trágicas, como a da Síria. Estamos longe, mas fazemos parte sim desse Oriente Médio difícil de entender e compreender . De um jeito ou outro, mexer naquele tabuleiro sempre é um problema.

Tuesday 13 November 2018

DAS GUERRAS, KRISTALNACHT E PAZ


DAS GUERRAS, KRISTALNACHT E PAZ

Na semana passada, o mundo lembrou das duas grandes tragédias maiores do Século XX, entre tantas que experimentamos. Tragédias das quais o Brasil não foi protagonista, mas que também afetaram o país no bem e no mal.

Em 11/11/1918, às 11 horas do dia 11 do mês 11 de 1918, foi assinado um armistício do que a história moderna chama de A Grande Guerra. Quatro anos de batalhas que mataram mais de 14  milhões de pessoas, 9 milhões de soldados, 28 países participando. Uso de armas novas, como tanques e aviões, terrível uso de armas químicas, como gás mostarda, batalhas como da Somme, na França, entre forças de Entente (França, Inglaterra, Rússia) versus a Tríplice Aliança da Austro-Hungria, Alemanha e Itália, onde um milhão de soldados morreram. Batalhas do rio Isonzo, entre a Itália e a Eslovênia, cujas águas cristalinas se tornaram vermelhas de sangue dos mortos. Um horror que mudou a face do mundo, quando terminou.

Acabou o Império Austro-Húngaro, começou o Império Soviético, terminou o Império Otomano, reduziu-se a Alemanha, nasceram novos países como a Tchecoslováquia e a Iugoslávia e ampliou suas garras coloniais o Império Britânico. Embaralhou-se o mapa mundial de tal modo que até hoje não está tudo resolvido. Em especial, lá onde partiu o tiro de início da tragédia, os Balcãs. 

O Brasil beneficiou-se muito como fornecedor de matérias primas, em especial borracha, para as partes em conflito. Com os alemães torpedeando navios brasileiros em abril de 2017, afundando um no Canal de Mancha, o Brasil não teve nenhuma outra saída senão entrar em guerra em 26/10/1917. Mandou alguns suprimentos, batalhões e ajuda médica. 

Outro evento que aconteceu na Alemanha na mesma data há 80 anos atrás foi a Kristalnacht, a noite dos cristais. Foi durante aqueles dias que as tropas paramilitares do governo nazista de Hitler atacaram os judeus. Destruíram 267 sinagogas, 7000 estabelecimentos comerciais que pertenciam a judeus, levaram muitos deles para campos de concentração e começou a era de perseguição que culminou com 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas.

A reação do governo Vargas, que namorava com os integralistas brasileiros, ao nazismo, foi proibir a entrada de judeus no país. Semita não. Aliás, o recente filme Meu Querido Embaixador, sobre o diplomata brasileiro Souza Dantas, mostra muito bem como seu comportou o governo brasileiro na época.

Nos dois episódios longínquos da vida cotidiana brasileira, a terra abençoada por deus, o povo brasileiro não sofreu aqueles horrores (e nem os da Segunda Guerra Mundial), como aconteceu em grande parte do mundo. Mas, apesar dos governos de cada época, o país foi sim generoso com os imigrantes fugidos das atrocidades que infligiam ao mundo. A maioria que veio par Brasil, veio fugindo de conflitos, guerras, terror, para procurar principalmente uma oportunidade de viver e quiçá construir um futuro.

Até que ponto os brasileiros de outras gerações sabem apreciar esse valor, tão raro no mundo? Veja ainda hoje os conflitos na África, Afeganistão, Iêmen e outros . Veja também nossos conflitos: de pobreza, de miséria, de crimes que matam mais do que a guerra no Afeganistão, de desastres provocados por má gestão pública.

Não é fácil, mas a guerra é o pior de todos.

Wednesday 7 November 2018

DO EMPRESÁRIO E GOVERNADOR


DO EMPRESÁRIO E GOVERNADOR

Empresário é empresário e governo é governo.

A gestão de uma empresa de qualquer natureza é diferente da gestão pública. Por isso existem até cursos universitários diferentes. Administração de empresas e administração pública. Nas duas carreiras há pontos em comum, estudos comuns, matérias comuns, mas tem uma diferença fundamental: a empresa tem que apresentar resultados, lucros, balanço social, mas essencialmente retorno de capital.

O governo representa toda a  população do estado. Na sua mais expressiva diversidades antropológica, social e econômica. E os resultados que tem que apresentar são o bem estar, em todos os aspectos, da população.   

Então empresa não é governo, e governo não administra empresa. Os métodos de gestão podem ser até similares na parte operacional. E tem mais umas diferença brutal: os funcionários públicos têm regime diferente de trabalho do regime CLT dos trabalhadores nas empresas. Nos dois casos, são mais bem sucedidos os gestores que são mais líderes e menos ditagestores (manda quem pode e obedece quem deve). Na área pública ainda há variáveis políticas e legais, que são bem mais complexas do que na área empresarial.

Mas por que tanta explicação sobre o óbvio e conhecido.

Porque vamos ter pela primeira vez nas últimas décadas um governador do Estado eleito com uma proporção de votos jamais vista em Minas, sem nenhuma experiência política anterior, e empresário. Então, está trazendo ao Palácio da  Liberdade conceitos empresariais, sua experiência pessoal para uma gestão pública. Isso só pode ser positivo se for feito dentro de parâmetros estratégicos de melhorar o bem-estar da população. Governador não é chefe de 400 mil funcionários públicos, ele é líder do segundo maior estado do país. E quanto aos funcionários, eles são o menor problema na gestão do estado, desde que os métodos de gestão passem a ser melhorados. Além do mais, a distribuição de renda do funcionalismo público mineiro mostra claramente que menos de 5 % dos funcionários (em especial do judiciário, assembleia legislativa, tribunal de contas e similares)  são responsáveis pela maior parte de folha de pagamentos do Estado. Nisso se incluem as aposentadorias dos policias militares e as de mais alguns privilegiados. A absoluta maioria ganhas pouco e trabalha bem.

Também será interessante ver a relação entre as entidades empresariais mineiras e o novo governo. O governador eleito nunca participou dos clãs que dominam essa área. E as entidades com as quais conversa em privado, como é o caso da FIEMG, não têm nenhum projeto a ser apresentado de interesse de Minas como um todo. Tem sim reivindicações classistas que  aumentam o buraco fiscal, mas não aumentam nem emprego, nem renda e nem índices de qualidade  de vida. A construção de uma agenda comum estratégica será fundamental para o sucesso de um governo dirigido por uma empresário.

Não no final, cabe dizer que JK foi um político popular, modesto, simpático e eficiente. Teve projetos, teve ideias, teve humildade, mas jamais deixou de ser Governador ou Presidente. O cargo de governador de Minas é importante, e as mais recentes esculhambações  que aconteceram não justificam que se continue a desvalorizar o cargo pelo próprio ocupante. Simplesmente porque o cargo não lhe pertence, ele é do povo. E povo  quer  dignidade no Palácio da Liberdade.