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Sunday 4 June 2017

DOS INVESTIMENTOS EM TEMPOS DE CRISE

DOS INVESTIMENTOS EM TEMPOS DE CRISE


Na semana passada, foi  realizado em São Paulo, capital econômica do Brasil, um Fórum de Investimentos, com enorme presença de investidores do mundo inteiro. E mais, abençoado por políticos comandados pelo próprio Presidente da República e seus ministros, além  dos Presidentes da Câmara e do Senado e, claro, o Governador de São Paulo e o mais novo candidato à presidência do país, o Prefeito de São Paulo. Se isso se chama show, então foi um show de primeira que, em dois dias, deu razoável impressão sobre o interesse em investir no Brasil. Ou seja, a visão para além do dia de hoje, dias e semanas de tensão política, de um país cujas realidades geográficas e econômicas podem ser vistas além do mar de lama no qual estamos nadando.

Os investidores, pelo menos os maiores, tiveram uma conversa particular com o Presidente Temer. A pergunta que ficou após o Fórum foi se os políticos e governantes  convenceram os investidores de que  a crise política na qual estamos mergulhados vai atrapalhar as reformas e quanto tempo vai durar. Aliás, quanto tempo vai durar o governo que se expôs no Fórum e repetiu a ladainha mais antiga, de que o Brasil é maior do que a crise. A impressão que ficou é que cada um dos participantes se fechou em copas com seu pensamento, esperando os fatos confirmarem ou desmentirem os entusiásticos discursos dos ministros e políticos presentes.

O investidor, independentemente da sua origem nacional ou tamanho, espera que a ordem jurídica seja reconhecida, que haja estabilidade de regras para os investimentos e que haja a remuneração para o seu capital. Na semana anterior ao fórum, o BNDES mudou regras de financiamento e mudou o seu presidente. Na semana do Fórum, Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro votou uma lei que obriga os bares e restaurantes fluminenses a oferecerem obrigatoriamente cachaça  produzida no estado. Exemplo do trumpismo carioca, obrigando o consumidor a beber cachaça de pior qualidade. E na semana posterior ao Fórum, a Assembleia Legislativa de Minas vota, ao mesmo tempo que um Refis, um aumento de impostos para a gasolina e o  álcool e a compra  de produtos via internet e a isenção de impostos na compra de aeronaves e equipamentos que beneficiem alguns industriais que apoiaram o aumento dos impostos dos outros e mantêm posições institucionais.

Em resumo, o clima de incerteza não é só no nível federal; também  nos estados as regras mudam para os investidores. Oferece-se muito no início e tira-se mais depois. E sempre se dá mais para quem  vem de fora, desprezando-se  quem já está instalado. O Brasil está barato e hora de investir é na crise, mas quanto tempo esta crise vai demorar? Também fica cada vez mais patente que o Brasil não aceita mais investimentos tecnologicamente atrasados. Os investimentos têm que representar a ponta de tecnologia e não trazer atraso ao consumidor.

A batida frase, que crise é oportunidade, pode valer para este momento, mas os esforços devem ser menos para promover um Brasil barato, e mais para fazer as mudanças em todos os níveis do governo, para que as empresas possam  ser competitivas em escala mundial. Este esforço, e não vamos nos iludir com algumas reformas, deve ir muito além, para trazer investidores que criem mais empregos e empresas mais eficazes.

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