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Monday 24 October 2016

DO RACISMO E INTERNET

Entrou na sua loja um comprador que seu vendedor, sua segurança e seu gerente, acharam suspeito. Ao final das contas, o dever deles é cuidar bem da loja. Pelo menos eles acharam isso quando segurança puxou o cidadão e pediu para sair. Ai veio empurra –empurra,  bate boca, e as palavras são que nem pasta de dente: não voltam mais para dentro.

Cena seguinte é que o cidadão colocou na Facebook a sua descrição do episódio. Humilhado por ser negro, reagiu e recomendou que ninguém comprasse mais naquela loja que trata mal seus clientes. Em horas, o assunto teve mais de 7000 cliques e milhares de comentários sugerindo não só não comprar mais naquelas loja, mas contando episódios similares em outros estabelecimentos  da cidade. E a grande maioria recomendando que processasse  a empresa, que com certeza ganharia na justiça.

O episódio terminou aparentemente com bom senso do dono da empresa, que emprega milhares de funcionários tipicamente brasileiros, de várias raças, cores e religiões, sem distinção, que telefonou para o cliente mal atendido, pediu desculpas e tomou uma série de providencias, como código de conduta, melhor treinamento de funcionários, compromisso de todos na empresa com diversidade racial e cultural além de gênero, não só para que  o caso não se repetisse, mas para dizer que a empresa, seus sócios, entendem, assimilaram e respeitam as mudanças que aconteceram  e as leis que as acompanham.

A sociedade brasileira, apesar de muitos atrasos, mudou muito. Este episódio mostra claramente que, mesmo que nos orgulhemos da diversidade que domina a sociedade, há muito a fazer no sentido de que essa diversidade seja aceita. As empresas, e em especial comerciais, que têm contato direto com o comprador, desprezam isso lá na ponta, ou seja os vendedores não são treinados para entenderem isso. Em geral, são treinados para escolher bem o cliente que entra na loja, bem vestido, bem cuidado, que acham que tem dinheiro para comprar. Se não for este estereótipo, atendem mal e desprezam, quando não se tornam agressivos.

Com novas leis, e com a velocidade que a reclamação adquire via internet, o cenário mudou. Um episódio como o descrito no início pode acabar com o negócio, sem o dono sequer perceber. E foi até o pessoal da loja, não o dono, que agiu de forma errada, mas também não foi instruído de forma certa.

O mundo mudou e é bom prestar atenção, porque se não acompanhar as mudanças sociais e tecnológicas, o orgulho de achar estar certo, e pode até estar, não vai ajudar a manter o negócio .

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