DOS ACORDOS E DO MERCADO BRASILEIRO
Os Estados Unidos e mais 10 países que beiram o Oceano Pacifico, aquele de outro lado do nosso Atlântico, concluíram um acordo comercial, tecnológico, de serviços e facilidades de cooperação que vai mudar o fluxo do comércio mundial. Mesmo se a China não está incluída, isso não diminui nem em importância e nem em alcance o bloco comercial que se formou. Para a gente entender mais fácil o que aconteceu, podemos dizer que foi feita a ALCA, que reunia 33 países da América Latina e Caribe, e que não prosperou, do outro lado do mundo. Aliás, se juntarmos esse bloco comercial com o bloco norte americano, que reúne Estados Unidos, Canadá e México, temos de repente dois blocos que dominam uma boa parte do comércio internacional.
Mas, enquanto nós discutimos e não chegamos a nenhum acordo com a União Europeia através do MERCOSUL, os próprios Estados Unidos estão negociando um acordo com os europeus. E para piorar a situação, três países da América Latina fazem parte desse acordo chamado Transpacífico: Chile, Peru e México. Ou seja, lá estão três dos nossos parceiros comerciais importantes. Em quanto esse acordo vai reduzir nossas oportunidades de negócios ainda é uma incógnita, apesar que alguns estudos apontarem redução de 30 bilhões de dólares de exportação. Também a verdade é que ainda vai demorar até que o acordo, que precisa ser aprovado pelos parlamentos dos respectivos países, entre em vigor. E a maior dificuldade será nos Estados Unidos.
Esse acordo nos coloca diante de algumas perguntas, como qual o papel da Organização Mundial do Comércio, que não consegue fechar nenhum acordo significativo para promover o comércio mundial. Virou, com o brasileiro Roberto Azevedo na direção, um tribunal de disputas e nada mais. Clube de conversar. A outra pergunta continua sendo: o que o Brasil vai fazer. Creio que esta tem resposta ainda menos clara do que a primeira.
Mas, onde estará o mercado para as empresas brasileiras e em especial para as menores? Continua sendo nas vizinhanças difíceis, e para essas empresas menores, no descobrimento de mercados nos seus próprios Estados e no Brasil. Nas épocas de crise, as empresas precisam, na procura de novos mercados, mudar suas estratégias de produtos e de marketing. É com certa alegria que vemos a publicidade de leite Cemil no desastroso jogo contra o Chile. Ou a do pão de queijo Forno de Minas nos cinemas dos Estados Unidos. Mas, isso não é suficiente para gerar emprego. Ainda há um mercado interno a explorar e externo, a conhecer.
STEFAN SALEJ
9.10.2015.
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