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Friday 28 November 2014

DA BAIXA DO PETRÓLEO

Da baixa do petróleo e minério de ferro

O preço do barril de petróleo está no nível mais baixo dos últimos dez anos, beirando 70 dólares norte-americanos. No início deste ano, estava em torno de 110 dólares. E o cartel dos produtores, reunido em uma organização chamada OPEC, com sede na Áustria, ainda decidiu reduzir a produção atual, o que levou a uma nova baixa do preço do barril. E com o preço do petróleo baixaram, sem correlação direta, também o preço do mineiro de ferro, igualmente em torno de 70 dólares a tonelada, milho, soja, o café esta ainda com preço bom e mais as carnes, sem falar no frango. Em resumo, os preços das matérias primas estão baixando. Até quando e quais níveis vão atingir, ninguém sabe.

Voltando ao petróleo, vale a pena lembrar que os Estados Unidos estão beirando a independência na área de energia. O preço baixo vai acelerar o crescimento norte-americano, vai evitar uma crise maior nos países europeus, em especial durante o inverno, quando o consumo de gás aumenta, mas vai prejudicar em grande escala a Rússia, grande exportadora de petróleo e gás, os países árabes e a nossa querida Venezuela. A entrada menor de divisas oriundas de petróleo  vai afetar os investimentos  em todos esses países. Na vizinha Venezuela, tecnicamente quebrada já com o preço do barril a 120 dólares, o desastre não tem hora para acontecer, porque já aconteceu. E esses países de petrodólares, que eram bons clientes para os produtos brasileiros, vão ter dificuldades em aumentar as compras e pagar as contas. Esse é também o caso de Bolívia, onde o preço do gás não trará mais a abonança dos últimos anos.

Com o preço do petróleo mais  baixo, o preço de gasolina baixa. Aliás, isto já está acontecendo nos Estados Unidos e na Europa. Como nós fazemos parte deste mundo desenvolvido e somos produtores de jabuticaba, aqui as coisas são diferentes. Os valores de nossos negócios com petróleo, do qual o Brasil, é  exportador, vão realmente sofrer viés de baixa. Vamos pagar menos pelas importações e receber menos pelas exportações. Mas, como vão ficar os nossos investimentos para a exploração de petróleo em águas profundas ou no pré-sal? Todos os cálculos de investimentos foram feitos com o barril acima de 100 dólares ou até muito mais. Com a tendência de baixa do preço do petróleo, os investimentos não vão cobrir os custos.

E aí sobrou de novo para o consumidor. Como sobraram os altos custos dos demais investimentos na área no Brasil, a eles se adiciona  a conjuntura do preço baixo, e temos  mais uma razão para o aumento da gasolina e derivados no Brasil.Ou seja, estamos presos a um modelo de negócio na área econômica onde as decisões na área energética e a dependência de exportações de matérias primas nos levam sim, a um beco sem saída. E aí que podemos falar de crise que vem de fora, mas que a administração interna não sabe gerir. A baixa do petróleo, que nos deveria beneficiar, parece mais uma corda no pescoço do que o lenço da salvação.

Stefan Salej
27.11.2014.

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