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Thursday 19 June 2014

Do "socialismo o muerte"

O ministério da felicidade do povo venezuelano que o Presidente Maduro criou não vai mudar a dura realidade da falta de alimentos e produtos essenciais, em um dos países mais ricos do planeta: a Venezuela. Os discursos inflamados contra a oposição, cujo líder, Capriles, foi recebido pelo Papa Francisco (que nomeou o ex-Núncio Apostólico em Caracas para o posto mais importante do Vaticano e portanto sabe o que acontece por lá ) não repõem as prateleiras dos supermercados. O país, grande exportador de petróleo para os Estados Unidos, também vive uma crise cambial. Os dólares no câmbio negro valem 30 vezes mais do que no câmbio oficial. E não há dólares no câmbio oficial para pagar as contas. As empresas devem no exterior, o governo não  lhes fornece  dólares, e o calote está na porta de muita gente. Mesmo as empresas dos países amigos, como o Brasil, não recebem. E os atrasos já estão ultrapassando alguns bilhões de dólares.

A crise venezuelana não tem origem no Chavismo. As origens montam à má gestão de recursos públicos há décadas. Uma corrupção endêmica e a falta de políticas sociais e de desenvolvimento levaram à quebra do Estado venezuelano há muito tempo. A chegada do  populista Chavez, a quem efetivamente o Brasil ajudou a assumir e a manter-se no  governo, foi só um episódio a mais na história quase trágica desse vizinho ao norte do Brasil. Chavez, ao seu modo e à sua maneira, quis dar uma resposta aos graves problemas sociais do rico país, mas de um lado ficou isolado enfrentando uma forte oposição dos Estados Unidos e de outro lado fez alianças que não lhe deram a sustentabilidade  no seu modelo de gestão do estado. E com um populismo sem par, aproveitou o preço alto do petróleo e simplesmente gastou o dinheiro. Nem desenvolveu o país, nem estruturou as finanças públicas, e destruiu a economia. O projeto de socialismo do século vinte, "Socialismo o Muerte", como cumprimentava a guarda presidencial os visitantes estrangeiros, virou, com o seu sucessor, lamentavelmente, " muerte del socialismo".

O Brasil, que empurrou a Venezuela para dentro do Mercosul e gerou uma crise da associação ainda não resolvida, tem no problema venezuelano um problema ainda maior. Em primeiro lugar, os não-pagamentos e a redução de mercado para as nossas exportações, afetam em muito as contas públicas brasileiras, sem falar da fragilidade das empresas. E o nó górdico da  situação política e econômica vai exigir muita, mas muita habilidade e parceria com outros países. Oxalá a crise não termine em banho de sangue.

Stefan B. Salej
6.11.2013.  

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